[Nota do site: Documentário feito em 2016, mas que mostra o presente e o futuro da nossa geração e das futuras, denunciando nossa irresponsabilidade e negligência em nome de uma praticidade momentânea e estúpida. Mudar? Este é o anúncio à nossa inércia.]
Os 99% do plástico que deveriam estar flutuando nos oceanos desapareceram. Mesmo levando-se em conta aquele que se coleta das praias ou o que está entremeado no gelo ártico, são milhões de toneladas que simplesmente sumiram.
Como a maioria desta resina nunca se decompõe, simplesmente fragmenta-se em partículas cada vez menores que são imperceptíveis ao olho humano. Mas, o que sucede com este plástico do oceano que falta é um mistério. Em suas investigações, os cientistas se direcionam então na busca dos microplásticos. Pequenos, quase invisíveis e tóxicos, são o lar de um novo ecossistema: a plastisfera. Mas, onde estão? Ingeridos por organismos? Enterrados no mais fundo dos oceanos? Degradados pelas bactérias? E qual seu impacto na cadeia alimentar?
Oito milhões de toneladas de resíduos plásticos são lançados ao mar, chegando a formar novos ecossistemas. Alguns são quase imperceptíveis para os humanos. O documentário abaixo trata de resolver onde acabam estas partículas que resultam ser tóxicas.
O documentário “Océans, le mystère plastique” de Vicent Pérazio, do ano de 2016, ilustra o que está acontecendo com o plástico que se encontra nos oceanos do mundo. Para isso conta com uma equipe de pesquisadores internacionais que, há quatro anos, estudam a contaminação produzida pelo plástico ao mesmo tempo que buscam soluções para essa problemática.
O plástico é um material incrível pois ter características de leveza, impermeabilidade, maleabilidade, entre outras, sendo utilizado de maneira integral na atual sociedade de consumo que vivemos. No entanto, quando este material é descartamos torna-se um problema, pois muito dele pode terminar no mar, integrando-se aos ecossistemas oceânicos. Paradoxalmente é aí que se observa uma ínfima parte daquele que foi descartado, gerando o questionamento de onde ele estaria.
Na verdade, está por toda parte, dos polos aos trópicos, mas a maior quantidade não se pode perceber pois medem menos do que 5 mm. Mais da metade se acumula nos ‘giros oceânicos’: dois no Pacífico, dois no Atlântico e um no Índico, também conhecidos como continentes de plástico. Até a pouco se acreditava que ele aumentava nestes pontos, mas se dá o contrário, observa-se que a quantidade dele é estável e se mantém o mesmo com o tempo.
Segundo as investigações demonstradas no documentário, no mar só se pode evidenciar 1% do que foi descartado. Em 1950 se produzia 1,5 milhões de toneladas de plástico, hoje a produção está em torno dos 300 milhões de toneladas. E nos mares se estima que só estão flutuando 236 mil toneladas.
A engenheira Jenna Jambeck investigou por três anos as linhas costeiras de 192 países num perímetro de 50 km desde o qual poderiam estar os resíduos nos oceanos. Logo estimou a percentagem de plástico que foi mal gerido e quantificando, estimou que, em 2010, terminaram, nos mares, 8 milhões de toneladas de plástico. Dos 275 milhões de toneladas de resíduos plásticos, quase 32 milhões estão mal administrados (nem enterrados, reciclados ou incinerados) e 8 desses 32 milhões, acabam nos mares. Segundo Jambeck, se não se fizer algo hoje, em 2025 a quantidade será 10 vezes maior.
As zonas de acumulação que existem nos oceanos não são os pontos finais do plástico existem bastante zonas de fuga, portanto, qualquer partícula pode acabar em quaisquer partes do mundo. O plástico vai se fragmentando, tornando-se microplásticos menores que as aberturas das malhas das redes dos cientistas, o que se torna muito mais difícil de medir, capturar e controlar.
Em 2014 descobriu-se partículas de plástico no gelo do Ártico. Se este gelo se derretesse, poder-se-ia liberar um bilhão de partículas em um prazo de 10 anos. Torna-se assim, um dos maiores depósitos de resíduos plásticos existentes. Outro lugar onde encontraram microplásticos, foi nos corpos de animais marinhos, sobretudo os das zonas abissais. Em 2015, os cientistas descreveram 560 espécies que haviam visto serem afetadas pelo plástico. Esta cifra se multiplicou por 2 em 20 anos.
A pesquisadora Chelsea Rochman comenta que o plástico é como um coquetel de substâncias químicas que ao entrar no mar e interagir com outras partículas as atrai, acumulando e aumentando a toxicidade. Ao entrar em contacto com os animais armazena-se em seus tecidos e órgãos. A passagem dos microplásticos pelo corpo humano pelo consumo de animais marinhos está latente, mas seus efeitos nocivos ainda são desconhecidos.
Segundo os oceanógrafos possivelmente os plásticos também se comportem como dispersores de especies potencialmente perigosas para a biodiversidade marinha. Sua capacidade de dispersão é infinita. Ademais, sua lentidão de deslocamento dá tempo às espécies de se adaptarem.
As partículas de plástico convertem-se em habitats para os microrganismos e bactérias com potencial nocivo para animais e mesmo seres humanos. Ao mesmo tempo algumas destas bactérias aceleram o processo de descomposição do plástico ao metabolizá-los e consumi-los. Possivelmente estas bactérias hajam degradado os 99% do plástico que não se encontrou nos mares.
Concluindo, os dados não são conclusivos e o problema do plástico não desaparecerá magicamente. A natureza não sintetizará todos os resíduos que produz o consumo humano. A única forma de solucionar esta problemática é ser mais inteligente tanto na forma de produzir como utilizar e descartar o plástico.
Referencias
Arte France / Via Découvertes Production (Productor). (2016). Océans, le mystère plastique [Youtube].