Caras amigas e caros amigos.
Desde a década de oitenta, havia afastado minhas mãos e todo meu ser, da intimidade da terra. Não estava com o poder de conexão, no dia a dia, com toda a vida que lhe pertence. As atividades eram urbanas e, mesmo estando imerso em assuntos e com pessoas que sempre estivessem envolvidos com as práticas e ações ecológicas, ainda assim as mãos não estavam tocando fisicamente as coisas da terra.
Depois de ter me aposentado, há quatro anos, e vindo para perto do mar,ainda estava longe da ‘terra’. Novamente assuntos e temas me levavam para longe dela, até que, há uns dez meses, resolvi retornar à ela, antes mesmo do meu corpo.
E então de forma discreta, tímida e com uma certa cerimônia, fui recolocando meus dedos e minhas mãos, meus joelhos e meus pés, meu olhar e meu coração, neste diálogo, mais de perguntas do que de respostas, com os seres, os habitantes, de todos os estratos e níveis, que estão e são do chão e do ar, da água e do fogo. Voltava a ser íntimo e me misturei com o seio da Terra. E plantei, com parcimônia como quem bate à porta, respeitoso, intrigado, mas alegre, sem saber se seria acolhido e reconhecido como aquele que retorna à casa.
E a partir de abril/maio, mas apropriado desta reconexão e inclusão, começo a realinhar esta relação e aí estão algumas fotos que mostram o tamanho da minha alegria.
Sim, é possível! Sim, a relação ‘dialógica’ é verdadeira, prazerosa e a colheita é concreta e inquestionável. Mesmo sem o ritmo, típico e reconhecido, do profissional da agricultura, daquele que gera cultura no campo, pude, a partir dos 70 anos, colocar-me a serviço do tempo e do espaço e balbuciar palavras e ações que geram forma e produção.
Sim, é possível! Todo tempo é o tempo para retornar. Eu estou sendo a prova de mim mesmo.
E este é o convite. Quem quiser, puder e sentir, retorne. Além de encantador e prazeirozo, é o reencontro com a saúde do teu corpo, do corpo da Terra e das almas de todos os seres, incluindo a ti mesmo. Ser agente de seu próprio alimento, torna-nos autônomos e livres para confirmar que estamos além de toda a parafernália da artificialidade, da contaminação e da devastação.
Abraços e gratidão, Luiz Jacques, Vargem do Braço, Sto.Amaro da Imperatriz, Santa Catarina.