O que o BPA pode fazer com nossos corpos – e como limitar sua exposição

Investigando a exposição ao bisfenol A (BPA) no risco de câncer de próstata.

https://www.nationalgeographic.com/science/article/what-bpa-can-do-to-our-bodiesand-how-to-limit-your-exposure

CARRIE ARNOLD

20 DE JUNHO DE 2023

O produto químico usado para fabricar plásticos é mais prevalente do que nunca e permanece não regulamentado nos EUA, apesar de milhares de estudos mostrarem “evidências esmagadoras de danos”.

O BPA não é regulamentado nos EUA, então você não o encontrará nos rótulos (nt.: aqui mostra como os órgãos públicos que deveriam servir o público que lhes mantém através dos impostos, estarem servindo, através de seus funcionários venais, às indústrias que lhes devem dar subornos para não regulamentarem esses venenos. Segundo consta, a indústria que tem a patente dessa molécula movimenta algo como 2 bilhões de dólares/ano). É indetectável sem testes químicos. E é quase impossível evitá-lo.

Bisfenil A (BPA) é usado para fazer plásticos e pode entrar em nossos corpos através da ingestão, inalação ou toque (nt.: IMPORTANTÍSSIMO ESSE ‘DETALHE’: basta tocarmos em algo que tem esse plastificante para a ‘gordura’ do nosso dedo ou pele, atrair e absorver esse veneno). Embora a pesquisa mostre que o BPA é principalmente decomposto e eliminado por nossos corpos em questão de horas, pode ser potencialmente prejudicial, especialmente ao longo de anos de exposição (nt.: como um disruptor endócrino, ou seja, agride o sistema imunológico, não importa quanto tempo fica no corpo dos seres vivos. No momento em que sua molécula atinge uma das glândulas endócrinas, já está atuando mesmo em baixíssimas doses porque atua como hormônio: em doses infinitesimais).

Identificado como um disruptor endócrino, o BPA tem sido associado ao câncer de mama e ovário, bem como a problemas imunológicostireoidianos e metabólicos. 

O Centro de Saúde Ambiental (CEH/Center of Environmental Health), um grupo de vigilância ambiental com sede na Califórnia, descobriu recentemente o que dizem ser quantidades prejudiciais de BPA em centenas de marcas de meias, leggings, sutiãs esportivos e shorts (nt.: destaque em negrito feito pela tradução para que os leitores se deem conta de que isso ocorre porque as fibras dessas roupas são DE RESINAS SINTÉTICAS). Faz sentido, já que a maioria dos nossos tecidos agora (incluindo poliéster, acrílico e náilon) são feitos de plástico.

As empresas de vestuário repreenderam o estudo da CEH, dizendo que suas alegações “não têm mérito”. Essas empresas têm muito apoio: a indústria química e outros fabricantes continuam a afirmar que o BPA é seguro, uma posição repetida pela FDA. O Conselho Americano de Química (nt.: American Chemical Council) escreve que “o BPA tem pouco potencial para causar efeitos na saúde, mesmo quando as pessoas são expostas ao BPA ao longo de suas vidas”. 

Na sopa de letrinhas moderna de toxinas e poluentes como PFAS, PCBs e PBDEs, é fácil esquecer os compostos que não estão nas manchetes. Apesar do aumento da conscientização sobre o BPA e os há 15 anos (nt.: aqui há um equívoco em relação ao tempo. Essa realidade é conhecida no mundo desde o final dos anos 80, ficando definido em 1991 e tornado público mundialmente através do livro ‘Our Stolen Future’, em 1995. Foi lançado no Brasil em 1997, através da LPM, como título ‘O futuro roubado’), o problema permanece, diz Joyce Ohm, pesquisadora de câncer e epigenética do Roswell Park Cancer Institute em Buffalo, Nova York.

“Ainda é um desafio [para] evitar [BPA] em nossa existência diária normal”, diz Ohm. “Você não pode evitar os plásticos. É impossível.” 

O que o BPA faz com nossos corpos?

Embora o BPA tenha sido identificado pela primeira vez em 1891, ele só se tornou popular quando a florescente indústria de plásticos descobriu que o BPA poderia tornar certos tipos de plásticos (nt.: aqui está o policarbonato que surge de uma reação química entre a arma de guerra fosgênio com o BPA. Deram-se conta de que é um gás de guerra com um hormônio sintético que se faz esse plástico?), epóxis (nt.: aqui estão todas a tintas epóxi, coberturas de materiais ferrosos, etc.) e resinas mais duras e duráveis. 

Na década de 2000, o BPA podia ser encontrado em tudo, desde garrafas de água a resinas dentárias (nt.: as tais da obturações brancas. Imagina-se estar com essa ‘coisa’ na boca liberando lentamente todo santo dia e toda santa noite. Durante toda a existência de nossos filhos!) e embalagens e rótulos de alimentos em supermercados (nt.: aqui está em todas as emblagens plásticas numeradas como 7, dentro do triângulo de reciclável e embaixo está PC ou outros/others). A Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição de 2003-2004 (NHANES III), conduzida pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), encontrou níveis mensuráveis ​​de BPA em 93% das 2.517 amostras de urina coletadas de americanos com seis anos de idade ou mais. 

Os pesquisadores acreditam que a maior parte do BPA que acaba em nossos corpos vem dos alimentos, quando o BPA sai de embalagens e recipientes de armazenamento de plástico. Grande parte do BPA em nossos corpos é metabolizado pelo fígado e sai pela urina (nt.: ou seja: sai sim de nossos corpos, mas vai para onde? Para todas as águas planetárias retornando para nós ad infinitum!!!) . A maioria dos estudos indica que o BPA é decomposto rapidamente, geralmente em questão de horas.

Enquanto o BPA está no corpo, no entanto, ele age como um disruptor endócrino, alterando a delicada coreografia molecular que usamos para enviar sinais por meio de hormônios e outras substâncias químicas. A exposição fetal e durante a puberdade parecem ser as janelas de maior risco, mas não há uma maneira ética real de fazer esses estudos em humanos (nt.: e como imitam o comportamento dos hormônios femininos, com isso alteram, desde o embrião até o final da gestação de todos os seres XY, ou seja, os machos, sua capacidade de produzirem testosterona endógena e passarem, fisiologicamente, de seres fêmeas para seres machos. Segundo alguns cientistas não há mais no planeta, desde os anos 70, nenhum macho completo, estando todos ‘feminizados’, o que quer dizer que nenhum teve testosterona suficiente para serem machos como eram antes da presença massiva destes disruptores endócrinos).

O BPA causa problemas devido à sua semelhança molecular com vários estrogênios. Na década de 1930, pesquisas em ratos mostraram que o BPA poderia estimular o sistema reprodutivo feminino como o hormônio sexual estrona. Trabalhos posteriores mostraram que o BPA se liga aos receptores de estrogênio nas células e pode tanto amplificar os efeitos do estrogênio quanto bloquear a ação desse hormônio ao não permitir que ele se ligue aos receptores. Ele mostra efeitos divergentes semelhantes quando se liga a receptores de hormônios tireoidianos (nt.: ver o documentário no link, quando se entenderá perfeitamente o que significa essa afirmativa), dando ao BPA a capacidade de aumentar ou reduzir os efeitos desses hormônios. Os cientistas ainda estão trabalhando para descobrirem quais dos efeitos do BPA vêm de seus efeitos sobre o estrogênio e quais são causados ​​por outras vias.

Pequenas quantidades de BPA também podem ser absorvidas pela pele. Embora o BPA seja encontrado em papéis térmicos frequentemente usados ​​como recibos de compras, a maioria das pessoas não entra em contato com o papel com frequência e tempo suficientes para que seja considerado um dos principais contribuintes para a carga geral de BPA de alguém, diz Heather Patisaul, neuroendocrinologista do desenvolvimento. na Universidade Estadual da Carolina do Norte.

BPA continua sem regulamentação

Apesar de milhares de estudos mostrando “evidências esmagadoras de danos” do BPA, a Agência de Proteção Ambiental dos EUA/EPA e a Food and Drug Administration ainda não tomaram medidas para regulamentar o BPA. A Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar proibiu o BPA em garrafas plásticas e alimentos para bebês e crianças menores de 3 anos em setembro de 2018 e reduziu a ingestão diária tolerável de BPA para 20.000 vezes menos que os níveis anteriores em abril de 2023. No entanto, mais BPA é produzido agora ( um número estimado de 7.023,87 quilotons em 2022, de acordo com a Mordor Intelligence) do que nunca, diz Patisaul, e os funcionários do governo dos EUA não sabem como ele é usado.

“Os reguladores nem sabem onde todo esse material é usado”, diz Patisaul. 

Parte do desafio de determinar os danos do BPA e de outros produtos químicos tem a ver com a forma como os cientistas historicamente mediram os danos. Inicialmente, os cientistas estavam preocupados com doenças graves que ocorriam logo após uma exposição química, ou condições que raramente são vistas sem exposição química, como mesotelioma e amianto.

Mas o BPA e outros disruptores endócrinos podem agir ao longo de anos, até mesmo décadas. Além do mais, eles parecem aumentar o risco de muitas condições comuns que têm uma infinidade de causas, tornando difícil determinar o impacto do BPA na saúde. 

A falta de regras sobre BPA e outros produtos químicos significa que os fabricantes não precisam divulgar os produtos químicos usados ​​para fabricar itens do dia a dia. Como muitos de nossos itens do dia a dia agora são feitos de plástico, o BPA pode estar em qualquer lugar, incluindo roupas.

“Pode parecer muito estranho, mas a maioria das nossas roupas agora é de plástico. Qualquer coisa feita de poliéster é um material sintético e todos esses materiais sintéticos são basicamente plásticos”, diz Patisaul.

Embora as roupas devam conter etiquetas que revelem os tipos de fibras usadas no tecido, os fabricantes de roupas não precisam compartilhar os produtos químicos usados ​​para fabricar as fibras ou tratar o tecido resultante. É por isso que o CEH não tinha como saber se muitos itens de vestuário populares continham BPA até que começassem os testes.

O que você pode fazer para limitar a exposição ao BPA

Na ausência de regulamentação governamental, diz Ohm, cabe aos consumidores se protegerem (nt.: destaque em negrito dado pela tradução). A onipresença do BPA significa que é quase impossível evitá-lo completamente. Ainda assim, para reduzir sua exposição ao BPA, você pode tentar o seguinte:

  • Evite os plásticos. Ohm trocou sua garrafa plástica de água e caneca de viagem por alternativas de vidro e metal sem forro (nt.: IMPORTANTÍSSIMO se ter a noção de que todas as latas de qualquer ordem tem um forro que normalmente é de policarbonato ou epóxi, ou seja, os dois com BPA), nenhuma das duas conteria assim BPA. 
  • Não coloque alimentos no micro-ondas em recipientes de plástico. Recipientes de armazenamento de alimentos de plástico são baratos, convenientes e difíceis de evitar. Se você optar pelo plástico, Ohm recomenda reaquecer o conteúdo em um prato, o que ajudará a reduzir a quantidade de sugadores de BPA na comida.
  • Troque suas roupas de ginástica o mais rápido possível. Especialmente ao treinar em clima quente, camisas, shorts e outros itens de mistura de poliéster/elastano podem ser uma necessidade. O ex-jogador Lucas Leiva recomenda trocar o seu equipamento de treino suado o mais rápido possível para minimizar o tempo que fica em contato com a pele.
  • A regra da avó. Ohm se pergunta: esse material existia quando minha avó estava crescendo? Se não (pense nos plásticos), ela iria encontrar algo menos provável que lhe contaminasse.

Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, junho de 2023.