• Pular para navegação primária
  • Skip to main content
  • Pular para sidebar primária

Nosso Futuro Roubado

  • Inicial
  • Quem Somos
  • Conexões
  • Contato

O que nos espera após o fiasco da Rio+20?

28 de junho de 2012 by Luiz Jacques

Print Friendly, PDF & Email

“Barulho fizemos e até bastante. Mostramos, sobretudo no Aterro do Flamengo, a vibrante e até alegre diversidade que caracteriza os povos abrigados pelo Planeta Terra. Mas, é necessário reconhecer, faltou gente e nos faltou força para criar uma real densidade política democrática capaz de inverter o jogo ou, ao menos, ameaçar. Também, não conseguimos superar a nossa fragmentação”, avalia Cândido Grzybowski, sociólogo e diretor do Ibase, em comentário publicado no sítio do Ibase.

 

http://www.ihu.unisinos.br/noticias/510878-o-que-nos-espera-apos-o-Fiasco-da-rio20

 

Eis o artigo.

Afinal, onde estamos? Para onde vamos? Como imaginamos o nosso destino comum em íntima relação com a natureza? De que forma construir as condições de bem viver e de felicidade para todos os seres humanos, sem distinção, cuidando e compartilhando o generoso Planeta que nos acolhe? Que mudanças precisamos fazer desde já no atual modo de nos organizar, produzir e consumir, gerador de exclusões e desigualdades sociais vergonhosas e destruidor da base da vida? São perguntas que cabe fazer neste final da Conferência Rio+20, quando mais uma vez nossos governantes demonstraram falta de determinação para iniciar a grande reconstrução de um mundo em crise. Muita pompa oficial para nada, propagando ainda mais incertezas sobre a nossa capacidade coletiva de mudar rumos para a sustentabilidade da vida, de todas formas de vida, e para a integridade do Planeta Terra. Enquanto isto… a crise se aprofunda e se amplia e a incerteza coletiva aumenta. A Rio+20 alimenta a capacidade destrutiva da crise mundial, ao invés de aproveitar o momento histórico e virar um marco de mudanças inadiáveis.

Precisamos afirmar em alto e bom tom que a crise de múltiplas facetas (climática e ambiental, financeira, alimentar, de valores…), que abarca o mundo inteiro, tem também um outro componente: a crise de governança. Isto se revela, de um lado, na falta de uma estrutura de poder mundial mais legítima do que a de hoje. O multilateralismo esgota-se e fica impotente diante da ameaça permanente dos imperialismos armados e seu poder de veto. Além disto, seu alcance esbarra nos Estados e suas velhas soberanias nacionais. É fundamental acrescentar, nesta sintética avaliação, que a economia hoje globalizada e a própria saúde das finanças públicas estatais dependem do enorme poder privado das grandes corporações econômico-financeiras, que submetem o mundo a seus interesses de acumulação. Temos um governo mundial de corporações mais do que de Estados.

Por outro lado, a crise de governança aparece na total falta de visão e vontade de mudar dos governantes, mas também dos parlamentos que os sustentam, por mais limitado e contraditório que seja o espaço político que eles ainda detêm diante do chamado poder dos mercados. Mesmo que impossíveis, as grandes tarefas na história da humanidade sempre foram, antes de tudo, pensadas e sonhadas, para então serem criadas as condições que as tornaram possíveis. Vendo o panorama do mundo hoje e a patética Conferência Rio+20, a gente constata que faltam na arena mundial estadistas de grande porte político e ético, generosos e comprometidos, que ouçam as vozes e captem as demandas da nascente cidadania planetária por mudanças já, estadistas que liderem a definição de rumos e dos acordos democráticos para instaurar processos de mudanças aqui e agora.

Vale a pena ressaltar aqui que o fracasso da Rio+20 era, de algum modo, previsto. Eu mesmo escrevi uma série de crônicas a respeito. Mas havia aquela ponta de esperança que algo poderia acontecer e o desfecho ser outro. Afinal, política, ainda mais política democrática, é sempre imprevisível nos seus resultados, ao menos no quando e como se chega a eles. Mas desta vez, “eficientemente”, a diplomacia apostou no mínimo denominador comum, que acabou sendo um sinal abaixo do mínimo, da Eco 92 e do que era demandado pela opinião pública e as diversas vozes cidadãs do mundo. Como sempre, há algo de positivo a ressaltar na produção desta oca conferência: a economia verde, vendida como desenvolvimento sustentável, não é de consenso e nada foi aprovado a respeito. As grandes corporações, se festejam a incapacidade coletiva do poder constituído de mudar de rumo na organização da economia do mundo, não podem festejar nenhum ganho, pois não lhes foi dada a liberdade para uma avassaladora nova frente de negócios sem nenhuma regulação, abarcando toda a natureza com suas biotecnologias, nanotecnologias e geoengenharia. Mas a luta não acabou.

Quem faltou de forma mais incisiva na Rio+20 foi a nascente cidadania planetária. Aliás, é daí que precisam surgir movimentos de cidadania irresistíveis para história ser outra. Tentamos nos preparar para isto e estivemos em razoável número. Não poucos estiveram participando na Cúpula dos Povos e, também, no distante Riocentro. Alguns, como sempre, exerceram a diplomacia cidadã e tentaram influir na produção do documento final. Barulho fizemos e até bastante. Mostramos, sobretudo no Aterro do Flamengo, a vibrante e até alegre diversidade que caracteriza os povos abrigados pelo Planeta Terra. Mas, é necessário reconhecer, faltou gente e nos faltou força para criar uma real densidade política democrática capaz de inverter o jogo ou, ao menos, ameaçar. Também, não conseguimos superar a nossa fragmentação e o enorme ruído que ela gera para nós mesmos e ecoa para fora. Chegamos a pouco em termos de caminhos para novos paradigmas, o mote que nos uniu. Mostramos indignação, insurgência, capacidade de mobilização, mas não ainda um ideário e propostas feitas de múltiplos e diversos sonhos, de muitas e diversas identidades sociais e culturais, de pluralismo de visões, análises e modos de agir. A incapacidade dos governos diante de suas contradições e, sobretudo, do poder das corporações, mais uma vez patente nesta Conferência da ONU, só pode ser superada pela nossa determinação de cidadãs e cidadãos responsáveis, que creem e agem para que outros mundos sejam possíveis. Cabe a nós a tarefa de empurrar governos para mudanças, não nos iludamos.

Print Friendly, PDF & Email
FacebookTweetPin

Arquivado em: Notícias Marcados com as tags: Fiasco, Rio+20, Sociedade civil organizada

Gosta do nosso conteúdo?
Receba atualizações do site.
Também detestamos SPAM. Nunca compartilharemos ou venderemos seu email. É nosso acordo.

Sidebar primária

Busca do Site

Cadastro

Receba atualizações do site.

Categorias

  • Aditivos / Plastificantes
  • Agricultura
  • Agrotóxico
  • Água
  • Aquecimento Global
  • Biodiversidade
  • Biotecnologia
  • Corporações
  • Destaques
  • Disruptores Endócrinos
  • Ecologia
  • Energia
  • Engenharia Genética
  • Estrogênios Artificiais
  • Globalização
  • Meio Ambiente
  • Mudanças Climáticas
  • Notícias
  • Podcasting
  • Princípio da Precaução
  • Química Artificial
  • Relações Humanas
  • Resíduos
  • Revolução Industrial
  • Saúde
  • Sem categoria
  • Soluções / Alternativas
  • Sustentabilidade
  • Tecnologias
  • Toxicologia
  • Tradições
  • Vídeos

Tags

Agricultura Agricultura ecológica Agronegócio Agrotóxicos Alimentos Amazônia Aquecimento global Belo Monte Biodiversidade Bisfenol A BPA Capitalismo Comunidades indígenas Corporações Crime corporativo Código Florestal Desmatamento Devastação ambiental Direitos humanos Disruptores endócrinos Ecologia Glifosato Globalização Injustiça Justiça Lixo Mega hidrelétricas Mineradoras Monsanto Mudanças climáticas Plásticos Poder econômico Povos tradicionais Preservação ambiental Rio+20 saúde Saúde infantil Saúde Pública Sustentabilidade Terras ancestrais Transgênicos Transnacionais Venenos agrícolas Água Ética

Copyright © 2021 · Genesis Sample Sass em Genesis Framework · WordPress · Login