O primeiro genocídio do século XX – em vídeos.

Genocídio Namíbia

O primeiro genocídio do século XX foi esquecido. Cometido entre 1904 e 1908 na atual Namíbia, à época colônia alemã, acabou se tornando uma verdade inconveniente demais no período em que a região foi dominada pela África do Sul, depois da Primeira Guerra Mundial. A Namíbia ficou independente apenas em 1990 e hoje, 110 anos depois do início da tentativa de extermínio dos Herero e dos Nama, tenta ir adiante e se tornar uma democracia em todos os sentidos – inclusive racial.

[NOTA DO WEBSITE: o youtube inviabilizou mostrar-se os episódios das reportagens da GloboNews, na matéria feita pela jornalista Leila Sterenberg sobre o holocausto africano na Namíbia. Mas pode-se ver esse material nesse link – https://nossofuturoroubado.com.br/namibia-o-genocidio-acobertado/)

https://www.youtube.com/watch?v=b44jjajvkCw – não permitido

Para os historiadores, diversos elementos usados pela Alemanha na “guerra” colonial foram empregados décadas depois pelo regime nazista. Eles consideram a Namíbia um caso ímpar entre as chamadas “colônias de povoamento”: em várias partes do mundo, houve populações dizimadas, mas na Namíbia as mortes não foram mero resultado de embates com colonos ou epidemias. Lá, o extermínio foi oficial, com a chancela do poder imperial.

https://www.youtube.com/watch?v=QL086x-DbSg – não permitido

Apesar do tempo transcorrido, todo esse drama está vivo: na Alemanha, deputados do Bundestag querem que o governo reconheça oficialmente que cometeu um genocídio e faça as compensações devidas; na Namíbia, os descendentes de sobreviventes têm que decidir, por exemplo, o que fazer com crânios de Herero e Nama que haviam sido enviados a Berlim para experiências pseudocientíficas e agora retornam ao país, mais de um século depois.

https://www.youtube.com/watch?v=G8W4KYiy5_k – não permitido

Os jornalistas Nelson Garrone e Leila Sterenberg foram à Namíbia, na África, recuperar a história do primeiro genocídio do século XX. O programa especial do GloboNews Documento, com esta Expedição Namíbia/África, foi ao ar em agosto de 2014, no dia 23, às 21h05.

Leila Sterenberg explica que havia, na época, um espírito de adaptação do darwinismo para as ciências sociais. “Supostos cientistas, respeitados na ocasião, achavam mesmo que o homem branco era superior na escala evolutiva e que podiam fazer o que quisessem. Isso era muito comum. Em universidades alemães, na Humboldt, por exemplo, havia cientistas que realmente acreditavam nisso. Então, foi uma decorrência quase natural tratar muito mal esses povos”, diz.

A guerra de extermínio começou em 1904 e terminou quatro anos depois. Em 1910, um levantamento constatou que sobraram do massacre 15 mil habitantes de uma população estimada em cem mil.

Segundo Leila Sterenberg, muitas pessoas ainda desconhecem a história do país. “Tem muita gente com quem a gente conversa na rua que não sabe o que aconteceu. É um país cheio de problemas, que se desenvolveu um bocado desde a independência, porque a história do país é trágica. Depois de ter sido colônia da Alemanha, virou colônia da África do Sul. O século XX foi uma loucura”, comenta a jornalista.