O colchão que causa distúrbios aos nossos hormônios.

A Califórnia tem legislação restritiva em relação à inflamabilidade que exige que todos os estofados e produtos de cama vendidos no estado tenham retardadores de chama.

A lei não exige que se empregue o tóxico PBDE (éter polibromado difenilos) para se obter isso, mas ele é a maneira mais barata para que os fabricantes se adeqüem aos padrões requeridos.

Como resultado, estofados e colchões vendidos na Califórnia são muitas vezes encharcados de PBDEs e assim as futuras gerações sofrerão por isso.

 

Níveis recorde de PBDEs detectados nas mulheres grávidas no norte da Califórnia.

Após o teste dos níveis no sangue de PBDEs de 25 mulheres grávidas de seis meses na Califórnia, os pesquisadores detectaram serem os mais altos já observados no mundo (nt.: ver http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21830753) . Também constataram indicações de que estes químicos intereferem com a função da tiróide, uma descoberta que trabalhos anteriores também revelaram.

Os residentes da Califórnia têm alguns dos mais altos níveis de todos estes químicos devido à legislação dos padrões restritos a respeito de chamas. Um estudo separado publicado recentemente no Environmental Health Perspectives detectou que as crianças da Califórnia têm níveis de PBDE sete vezes mais altos do que as crianças mexicanas.

Mas isso não significa que as crianças e os adultos do restante dos EUA não estejam sob risco. Os padrões implementados nos EUA sobre segurança ao fogo nos anos setenta, ao longo do tempo levou com que mais e mais produtos adotassem o emprego dos PBDEs para atenderem as rigorosas regulamentações.

Desde 1° de julho de 2007, todos os colchões nos EUA são obrigados a ter tanto retardador de chamas que eles não poderão pegar fogo mesmo se expostos a algo equivalente a um maçarico!

Agora algo como 97% de todos os norte-americanos têm níveis significativos de PBDEs em seu sangue. De fato, a maioria deles tem níveis de 10 a 20 vezes mais altos do que aqueles detectados nos europeus. Então para efeito de comparação, estudos mostram que as crianças da Califórnia têm níveis que são ainda de 10 a 1.000 vezes mais altos do que as crianças européias e 5 vezes do que as outras crianças dos EUA (nt.: ver http://pubs.acs.org/doi/abs/10.1021/es903240g).

 

Quais são as consequências sobre a saúde pela exposição ao PBDE?

Os PBDEs geram disfunções em mecanismos que são responsáveis pela liberação de homônios em nossos organismos. Alteram também a sinalização do cálcio em nossos cérebros, um mecanismo crítico para o aprendizado e à memória.

Estes químicos na verdade têm uma estrutura molecular parecida com os PCBs que estão conectados ao câncer, problemas reprodutivos e prejudicam o desenvolvimento cerebral dos fetos. Apesar de certos PBDEs terem sido banidos em alguns estados dos EUA e na União Européia, como os PCBs, eles também persistem no ambiente e se acumulam em nossos organismos.

Altas exposições aos PBDEs podem estar conectadas a decréscimo na fertilidade (nt.: ver http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20103495), podendo ser em parte porque estes químicos podem mimetizar nossos hormônios da tiróide. Pesquisas anteriores sugerem que os PBDEs podem levar ao decréscimo do hormônio TSH (hormônio estimulante da tiróide) (nt.: ver http://ehp03.niehs.nih.gov/article/info%3Adoi%2F10.1289%2Fehp.1001905).  Quando presente com níveis normais de T4, baixo TSH é efetivamente o sinal de que está se desenvolvendo o hipotiroidismo o que trazer conseqüências tanto para a mãe como para o feto, se ela estiver gravida.

Hipertiroidismo durante a gravidez está conectado a:

• Alteração do neurodesenvolvimento fetal — Num estudo com animais, o PBDE causou hiperatividade na prole quando administrado durante o desenvolvimento cerebral, também prejudicando permanentemente a espermogênese em machos pela redução na contagem de espermatozóides e das espermátides.
• Aumento dos riscos de aborto.
• Nascimento prematuro.
• Retardo na crescimento intrauterino.
• Decréscimo das habilidades motoras.

Os PBDEs rondam 80% dos produtos infantis.

As crianças então entre os grupos de risco quanto à habilidade dos BDEs danificar seu desenvolvimento, e os produtos dirigidos a elas e aos bebês são também aqueles que a maioria provavelmente está encharcado de químicos retardadores de chamas. Por exemplo, estes químicos foram recentemente detectados em 60% dos 2011 assentos de crianças para carros testados pelo The Ecology Center, a maioria possivelmente na espuma de poliuretano.

Se formos focar num só produto, faz mais sentido começarmos com aquele item onde a nossa criança despende mais tempo: o colchão de seu bercinho. E se tivermos quaisquer dos produtos abaixo feitos de espuma não-orgânica, devemos ficar convencidos de que eles também contêm PBDEs, como um recente estudo da Environmental Science & Technology detectou retardadores de chama em 80% dos produtos testados:

Despendemos de seis a nove horas a cada noite com nosso rosto com grande proximidade de nosso colchão quando respiramos estes químicos. Nossas crianças gastam muito mais tempo  dormindo com seus rostinhos muito próximos da superfície do colchão. E se as crianças pulam nas camas ou se quicamos em nossos colchões, cada vez mais estes tóxicos podem ser liberados na atmosfera. Por esta razão, procuremos colchões livres de químicos, orgânicos ou 100% de lã para nossas crianças.

Com relação ao resto da casa, os PBDEs estão dispersos em:

• Carpetes;
• Tecidos;
• Mobílias com espuma de poliuretano;
• Electrônicos e plásticos;  e
• Veículos a motor.

Eles volatilizam pela casa constantemente e são comumente encontrados na poeira dos móveis de onde podem ser inalados. E novamente como eles são poluentes ambientalmente persistentes, os PBDEs também são encontrados em vários alimentos, incluindo peixes de alto mar e o mais “puro” de todos os alimentos, o leite materno.

 

Os PBDEs não são citados nas embalagens: como evitá-los de qualquer maneira.

Evitar os PBDEs não é tão simples como verificar as etiquetas, já que os fabricantes não são obrigados a declarar que substâncias químicas eles usam para fazer seus produtos estarem de acordo com as normas de segurança. Quando formos comprar produtos tais como mobílias, colchões, carpetes ou outros como produtos plásticos do tipo celulares, computadores e tevês, perguntemos que tipo de retardador de chamas eles contêm. Embora provavelmente não encontremos mais os PBDEs nos novos produtos, existem outros retardadores de chama que podem também prejudicar nossa saúde como o antimônio, o formaldeído, o ácido bórico e outros químicos bromados (nt.: ver http://articles.mercola.com/sites/articles/archive/2009/08/22/Another-Poison-Hiding-in-Your-Environment.aspx).

O Guia dos PBDEs da ONG Environmental Working Group recomenda sermos particularmente meticulosos quanto a produtos de espuma de poliuretano anteriores a 2005, como mobílias, colchões e travesseiros. Se tivermos um destes em nossa casa, inspecionarmos cuidadosamente e recolocarmos coberturas que estejam rasgadas e/ou quaisquer espumas que estejam degradadas. Também evitar reestofar móveis por nós mesmos já que este processo aumenta os riscos de exposição.
O enchimento de velhos carpetes é outra grande fonte dos retardadores de chama PBDEs, assim tenhamos precaução quando removermos velhos carpetes. Precisamos isolar a área e termos cuidado onde destiná-los e usarmos aspirador de pó hermético para limparmos o espaço.

Provavelmente também têm outras velhas fontes de PBDEs conhecidas como Deca em nossas casas e são bastante tóxicos. Por isso foram banidos em vários estados dos EUA. Eles podem ser encontrados em eletrônicos tipo tevê, celulares, aparelhos da cozinha, ventiladores,  cartuchos de toner e outros mais. É uma boa idéia lavar as mãos depois de usar este tipo de equipamentos, especialmente antes de comer e importante é não permitir que crianças pequenas levem à boca estes produtos (como o controle remoto da tevê ou mesmo o celular).

Assim que nos desfizermos destes itens com PBDE em nossa casa, selecionarmos aqueles que contenham naturalmente menos materiais inflamáveis como couro, lã e algodão. Também procurar por materiais de construção orgânicos ou ‘verdes’, sejam tapetes, itens para as crianças ou mobiliário que estarão livres destes tóxicos e ajudarão a reduzir nossa exposição em geral.