https://www.thenewlede.org/2022/09/new-study-sees-link-between-pesticide-and-arthritis/
Grace van Deelen
30.09.2022
A exposição a um agrotóxico comumente usado pode colocar as pessoas em maior risco de desenvolver artrite reumatoide, de acordo com um novo estudo.
As descobertas, publicadas na semana passada na revista Environmental Science and Pollution Research, analisaram possíveis ligações entre a doença e uma classe de produtos químicos conhecidos como piretróides (nt.: IMPONTANTÍSSIMO sabermos que esses princípios ativos são os que usamos em nossa casa com nossos filhos e ainda consideramos que são como os naturais piretros, que estavam na espiral ‘boa noite’, que foram desbancados pela caricatura piretróides, por isso a terminação ‘oide’, SENDO ASSIM CUIDADO COM ESSES VENENOS EM NOSSAS CASAS) que são encontrados em muitos produtos comerciais usados para controlar insetos, incluindo os domésticos, em sprays como xampus para animais de estimação (nt.: ver o que usam as clínicas de pets, já que acariciamos os nossos pets).
Usando dados coletados como parte de um estudo de longo prazo com residentes dos EUA chamado National Health and Nutrition Examination Survey, a equipe de pesquisa disse que analisou os níveis de piretróides encontrados em amostras de urina dos mais de 4.000 participantes do estudo e analisou como a exposição se correlacionava com a incidência da doença.
A equipe de pesquisa, liderada por cientistas da Anhui Medical University em Hefei, China, concluiu que os níveis de indicadores de piretróides na urina daqueles que relataram um diagnóstico de artrite reumatoide eram “significativamente mais altos” do que aqueles que não relataram o diagnóstico.
Mais pesquisas necessárias
O trabalho soma-se a anos de pesquisa científica mostrando que muitos agrotóxicos estão associados a uma série de impactos adversos à saúde humana, incluindo câncer, danos ao desenvolvimento neurológico e problemas reprodutivos.
Pesquisas anteriores também indicaram que o uso de agrotóxicos pode desempenhar um papel no desenvolvimento da artrite reumatoide, uma doença autoimune que ataca as articulações e pode causar dor, erosão óssea e deformidades nas articulações. Mas pouco trabalho foi feito sobre possíveis associações entre agrotóxicos específicos e a doença, disseram os pesquisadores.
Os autores escrevem que ainda há uma “grande necessidade” de outras pesquisas para replicar suas descobertas.
Os piretróides são frequentemente usados para matar mosquitos em áreas recreativas ao ar livre e para uso residencial sob marcas que incluem Baygon, Dimypronto (ver esse link onde mostra que nem é piretroide, o princípio ativo é Diclórvos que é um organofosforado, ou seja, afeta o sistema nervoso central, por ter fósforo e cloro. A OMS classifica como possivelmente cancerígeno conforme o link que está nessa nota) e K-Othrine. As pessoas podem absorver o agrotóxico por inalação, ingestão ou contato com a pele.
A EPA reconheceu que são tóxicos para outros organismos que não insetos, incluindo mamíferos, embora a agência tenha continuado a aprovar novos produtos contendo piretróides.
O mercado dos produtos com piretróides está crescendo à medida que eles estão substituindo outros considerados mais perigosos. Como resultado, os piretróides são alguns dos mais usados globalmente, com um estudo de 2020 descobrindo que eles representam mais de 30% do mercado global de agrotóxicos.
Estudo atrai céticos
O estudo atraiu algumas críticas de outros cientistas que dizem que as conclusões são muito fortes devido a descobertas pouco claras.
“Você realmente não pode inferir causalidade a partir desse tipo de estudo”, disse Carly Hyland, pós-doutoranda da Boise State University que estuda os impactos na saúde dos agrotóxicos.
Hyland disse que os métodos usados no estudo parecem insuficientes para determinar uma associação. Ela disse que as medições dos indicadores de piretróides na urina refletem a exposição mais recente de uma pessoa – talvez não mais de 24 horas de exposição, enquanto a artrite reumatoide se desenvolve ao longo de muitos anos.
Anneclaire De Roos, professora associada de saúde ambiental da Universidade Drexel, que publicou pesquisas ligando a exposição a agrotóxicos e a artrite reumatoide, concordou. Ela disse que pesquisas subsequentes devem medir a exposição crônica aos piretróides, em vez da exposição recente.
“Definitivamente vale a pena estudar novamente”, disse ela.
Nathan Donley, diretor de ciências da saúde ambiental do Centro de Diversidade Biológica, disse que ainda há motivos para preocupação, apesar das deficiências do estudo. “É importante fazer esse tipo de estudo, porque nos dá uma noção do que está acontecendo”, disse ele. “Quando um agrotóxico é aprovado, há a suposição de que analisamos tudo e descobrimos que é seguro. Mas, inevitavelmente, todos os agrotóxicos são mais prejudiciais do que foi originalmente estimado.”
Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, outubro de 2022.