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Nova tecnologia, barata e rápida, identifica a presença do agrotóxico na água, terra e até no alimento.

27 de novembro de 2014 by Luiz Jacques

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Seis milhões de litros. É o volume usado em 2010 do inseticida metamidofós em lavouras mato-grossenses. Ele está no topo de duas listas: o segundo mais utilizado no estado e na classe mais perigosa à saúde. Uma gota pode matar um homem adulto. O contato com o agrotóxico pode causar paralisias, convulsões, perda de memória e levar até ao desenvolvimento do Mal de Alzheimer.
http://www.ecodebate.com.br/2014/11/25/nova-tecnologia-barata-e-rapida-identifica-a-presenca-do-agrotoxico-na-agua-terra-e-ate-no-alimento/
Desde 2012 seu uso foi proibido, mas ele permanece no ambiente por 10, 20 anos, atingindo terra, água, plantas e animais. Incluindo o Homem. Além disso, muitos outros defensivos agrícolas ainda ajudam a sustentar a economia do maior produtor de soja do país.

E do centro deste problema de saúde pública começam a surgir soluções. Izabela Gutierrez, em seu mestrado na Universidade Federal de Mato Grosso [UFMT], desenvolveu uma tecnologia barata e rápida para identificar a presença do agrotóxico na água, terra e até no alimento. Antes disso, os estudos precisavam ser feitos em laboratórios na região sudeste. Isso levava dez dias. Com a invenção da cacerense, o teste sai em 30 minuto.

 

O sensor de fato é uma pequena peça de vidro recoberta de metal e feita artesanalmente (Foto: Bruna Maciel/Voluntária Fapemat Ciência)

 O perigo deste agrotóxico é que ele bloqueia uma enzima no cérebro, atrapalhando as sinapses, que são os pulsos elétricos que fazem o cérebro controlar tudo. Normalmente, esta enzima quebra algumas moléculas, gerando íons. Mas o pesticida se gruda, segura a enzima e não a deixa trabalhar. As moléculas que deveriam ser quebradas acabam se acumulando, e começa o problema.

 Mas foi justamente isto que o entregou. Utilizando a mesma enzima em uma fita, é possível ver a ação do metamidofós. Se ele estiver ali, a enzima não vai trabalhar. E se ela não trabalha, vai diminuir produção de íons do mesmo jeito que acontece no cérebro. Daí é só medir e… pimba! Teste feito.
Mas será que é fácil assim medir? Pior que sim. Os íons causam uma mudança de acidez, do pH. E medidor de pH já existe há um bom tempo. O objetivo agora é compactar os equipamentos de leitura de precisão para algo semelhante a um medidor de diabetes, barato e que caiba no bolso. Alguns estudos já estão sendo feitos nos laboratórios do campus de São Carlos da Universidade de São Paulo [USP-SC]. Segundo o orientador da dissertação e professor da UFMT, Romildo Ramos, isso é perfeitamente realizável. Só falta o investimento do setor público ou privado para alavancar o processo.

Izabela conta que o processo é bastante confiável. A enzima usada [acetilcolinesterase] é bem específica. Isso significa que coisas como sujeira e outros elementos não vão alterar o resultado. Além disso, os pesquisadores fizeram mais de 50 testes e conseguiram o mesmo resultado em diferentes laboratórios na UFMT e USP-SC. Eles ainda contam que bastam novas baterias de testes e calibrações para que outros tipos de agrotóxicos possam ser também identificados.

 

Reconhecimento
Sábados, domingos, feriados. O expediente começa cedo e não tem hora para acabar. A marmita é o que salva nos 30 minutos de almoço. As aulas na escola pública ajudam a sustentar a pesquisa, que sofre com o financiamento ralo. Para alguns, o relato de Izabela e Romildo podem ser bem chocantes. A gestação dessa tecnologia foi de 20 meses, e repleta de duras penas. Mas valeu.

 

 A pesquisa de Gutierrez e seu biossensor já carregam alguns títulos invejáveis. A tecnologia ainda é a única patente da UFMT, mas deve ganhar companhia logo, segundo o Escritório de Inovação Tecnológica [EIT] da universidade. É também o único mestrado de Física da universidade a publicar dois artigos em revistas internacionais. Mostras da importância deste trabalho são os convites de um grande laboratório francês e de uma pesquisadora espanhola para trabalhos em parceria.

 

O aparelho de medição ainda precisa ser compactado (Foto: Bruna Maciel/Voluntária Fapemat Ciência)

 

A tecnologia ainda não foi testada para poder ser comercializada no Brasil, mas o registro já garante que, quando ela for explorada, o dinheiro dos direitos vai ser dividido entre as instituições e pesquisadores que participaram do trabalho.

 

A tecnologia permite precisão nos dados obtidos (Foto: Bruna Maciel/Voluntária Fapemat Ciência)
Para o professor Romildo, a criação de produtos é fundamental para a universidade. “É nisso que deviam investir. A UFMT subiu no ranking com ajuda da patente [leia mais]. Já pensou uma indústria dessas aqui em Mato Grosso? Nós não podemos ficar dependendo só do agronegócio. E isso traz visibilidade para cá. E melhora a qualidade de vida de todo mundo”.

 

 A imagem do inventor gênio, que tem a ideia e constrói tudo sozinho, não se encaixa muito bem na realidade. Izabela é matemática. Seu orientador é físico. Seus parceiros na pesquisa incluem médicos, químicos e biólogos. E “cada um teve um papel importante no trabalho, não dá para fazer tudo sozinha”, conta Gutierrez.

 

 Continuidade dos trabalhos
Enquanto o financiamento não vem, os pesquisadores ficam parados? Não. Izabela agora cursa doutorado na USP-SC, onde procura aprimorar sua criação. Apesar de manter os detalhes em segredo, ela revela que a tecnologia deve se tornar ainda mais acessível e sustentável. Algo envolvendo um abacate que corta a necessidade de importar enzimas. “É, cada vez mais, uma tecnologia que vem da natureza para encontrar uma coisa que faz mal à natureza”, conta empolgada a pesquisadora.

 

Passando o bastão. Três gerações de pesquisadores: Izabela, estagiária de Química e o professor Romildo (Foto: Bruna Maciel/Voluntária Fapemat Ciência)

 

Izabela continua regularmente voltando e trazendo novos conhecimentos para a UFMT. Nesse meio tempo, Romildo fortalece o Grupo de Pesquisa em Materiais Moleculares, treinando universitários de várias áreas e alunos do ensino médio que podem dar continuidade aos trabalhos desenvolvidos hoje. Segundo ele, “é preciso investir na base. “Daqui uns anos vai ter alguém para fazer mestrado nessa área, e quando ela sair, já vamos ter outro capaz de continuar”.

Fonte: Revista Fapemat Ciência

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