Nitratos: Cresce contaminação de rios franceses pela poluição de origem agrícola.

Cresce contaminação de rios franceses por nitrato – A deterioração da qualidade dos cursos de água e dos lençóis freáticos vem aumentando na França. Mais da metade do país agora é afetado pela poluição de origem agrícola, ou seja, pelos nitratos.

 

http://www.ecodebate.com.br/2013/01/15/nitratos-cresce-contaminacao-de-rios-franceses-pela-poluicao-de-origem-agricola/

 

 

Eflorescência de cianobactérias em rio na Bretanha, França
Eflorescência de cianobactérias em rio na Bretanha, França

 

No final de dezembro de 2012, após difíceis negociações, as seis grandes bacias hidrográficas da França aprovaram o novo mapa de suas zonas classificadas como “vulneráveis” – as que registram teores de nitrato de no mínimo 50 miligramas por litro (mg/l). Reportagem [Les nitrates contaminent de plus en plus de rivières françaises] de Martine Valo, do Le Monde, no UOL Notícias.

A lista engloba 18.860 comunas, ou seja, 860 a mais que em 2012: 1.300 entraram para as zonas vulneráveis e 440 saíram. Só na bacia Loire-Bretanha, que cobre dez regiões, foram incluídas mais 434 comunas. Mas o Oeste não é mais um caso particular: quase todas as regiões foram afetadas.

Na bacia Adour-Garonne, em especial, o principal sindicato agrícola, o FNSEA, exprimiu seu descontentamento, sobretudo no Tarn e nos Pirineus-Atlânticos, onde a organização anunciou, no início de janeiro, sua intenção de contestar essa nova divisão.

Estimulado pela perspectiva das eleições nas câmaras de no final de janeiro, o FNSEA lançou uma petição contra a extensão das zonas vulneráveis e as restrições regulamentares que a acompanham.

Recentemente, ele comandou manifestações em Metz, Orléans e Toulouse sob a bandeira do “bom senso camponês contra a ecologia tecnocrática”; algumas toneladas de estrume foram despejadas em Estrasburgo e Rouen.

Há vários anos a França se comprometeu a revisar rapidamente sua geografia dos nitratos junto à Comissão Europeia, que a acusa de minimizar o problema. O caso vem se arrastando desde a diretiva europeia sobre os nitratos de 12 de dezembro de 1991. Paris responde sistematicamente com um tempo de atraso: a disputa desde então agregou o problema das marés de algas verdes, devido ao excesso de nitrato.

Então as zonas vulneráveis se estenderam até as comunas do litoral. Em fevereiro de 2012, cansada da hesitação da França, Bruxelas acabou levando-a ao Tribunal de Justiça da União Europeia. Por falta de resultados, a condenação é esperada para 2013. Se não houver sinais tangíveis de boa vontade, ela poderá resultar em multas de milhões de euros.
Receitas conhecidas

Os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente herdaram um problema de alto risco. Os novos programas de ação contra os nitratos – são os quintos – estão sendo preparados há mais de um ano. As receitas são conhecidas (menos adubação com nitrogênio, faixas de grama entre campos e rios, rotação obrigatória das culturas, cobertura dos solos com plantas que capturam nitratos), mas essas medidas irritam certos líderes do setor agrícola.

“Tem havido avanços, por exemplo, em estudos sobre o aumento das capacidades de armazenamento de esterco, o que permite que ele não seja espalhado em determinados momentos do ano, que se tome cuidado com solos congelados ou inclinados”, constata Gilles Huet, representante-geral da associação Água e Rios da Bretanha. “Dessa vez não é a Bretanha que pretende protestar, mas sim as outras regiões que estão se sentindo afetadas”.

Embora o Estado esteja impondo práticas restritivas, ele mantém algumas garantias para os defensores da agricultura dominante. Assim, o fim das zonas de excedente estrutural (ZES, na sigla em francês), que o governo anterior havia incluído nos quintos programas de ação, ainda está previsto. As ZES, no entanto, permitiram a diminuição dos índices de nitrato nos rios da Bretanha, ao restringir a adubação em cantões saturados de estrume. O ministério do Meio Ambiente anunciou consultas futuras, previstas para a primavera.

Tradutor: Lana Lim