Mulheres Mais Jovens Com Câncer de Mama.

By Dr. Mercola

A revelação de novos dados da instituição beneficente do Reino Unido, Cancer Research, reportam de que um número recorde de mulheres com idades abaixo de 50 anos estão sendo diagnosticadas com câncer de mama.

Pela primeira vez, mais do que 10 mil mulheres abaixo de 50 anos estão com a doença no Reino Unido, traduzindo que uma, em cada cinco mulheres diagnosticadas, está com câncer de mama.

A notícia vem na esteira do estudo publicado pelo JAMA, no início deste ano de 2013, que de maneira similar detectou de que também está crescendo o número de mulheres jovens (entre 25-39 anos) nos EUA com câncer de mama avançado.¹

Normalmente, o câncer é muito mais provável de se desenvolver quando se vai envelhecendo. Mesmo a organização sem fins lucrativos BreastCancer.org afirma:²

“ … o processo de envelhecimento é o maior fator de risco para o câncer de mama. Isto é em razão de quanto mais se vive, mais oportunidades existem para danos genéticos (mutações) no organismo. E quando vamos envelhecendo, nossos corpos são menos capazes de reparar os danos genéticos”.

Então por que está havendo tantas mulheres mais jovens sendo atingidas por esta doença potencialmente mortal?

O Que está Causando Câncer de Mama em Mulheres Jovens?

Ninguém sabe com certeza, mas é quase certo de que há provavelmente múltiplos contribuintes, muitos deles com origem ambiental. A instituição inglesa Cancer Research apontou fatores hormonais tais como: ter filhos mais tarde ou poucos e ingerir pílulas anticonceptivas, como possíveis responsáveis.

Isso faz sentido, porque de acordo com um dos maiores e mais bem fundamentados estudos, feito em 2002, sobre terapia de reposição hormonal, mulheres que tomavam estes hormônios sintéticos  tiveram aumentado seu risco de câncer de mama (e ataque do coração, derrame e coágulos sanguíneos). Ele foi interrompido porque se continuasse, por seus efeitos, o estudo se tornaria antiético.

A notícia virou manchete em razão de milhões de mulheres já estarem usando estes hormônios sintéticos. Felizmente, por ela muitas delas abandonassem este tratamento. E o que aconteceu um ano depois que milhões de mulheres abandonaram esta terapia? A incidência de câncer de mama caiu drasticamente – em 7 porcento!

O que isso tem a ver com a pílula? Pílulas anticoncepcionais contêm o MESMO tipo de hormônios sintéticos – estrogênio e progesterona – que foram usados no estudo acima citado!

Mesmo as mulheres que não estão tomando pílulas anticoncepcionais estão expostas a hormônios sintéticos que se tornaram cada vez mais difundidos nos últimos anos.

Por exemplo, os parabenos são químicos com propriedades como se fosse estrogênio e ele é um dos hormônios envolvido no desenvolvimento do câncer de mama. Os parabenos são largamente empregados em produtos de cuidado pessoal como xampus, loções, desodorantes, gel para depilação e cosméticos. Estes químicos estão sendo detectados em tecidos de câncer de mama em concentrações acima de 1 milhão de vezes mais altas do que os níveis de um dos estrogênio (estradiol) naturalmente detectados no tecido de mama humano.³ O propilparabeno, em particular, foi detectado nas mais altas concentrações na área embaixo dos braços (axilas) onde os desodorantes são aplicados e a prevalência do câncer de mama está no seu grau mais elevado .

Efetivamente estes químicos estão se acumulando em concentrações altamente alarmantes,  possivelmente por seu emprego amplo e persistente no dia a dia. E a exposição começa muitas vezes tão cedo como no próprio útero materno, sendo seus efeitos sobre a saúde completamente desconhecidos.

Outro Risco de Câncer de Mama Escondido no Leite …

As crianças e as jovens mulheres não estão sendo somente inundadas pelos químicos que mimetizam hormônios nos seus produtos de cuidado pessoal, mas também pelos químicos que potencialmente geram cânceres presentes em um alimento básico na dieta de muitos: o leite.

O rBGH (nt.: a sigla em inglês do recombinant bovine growth hormone – hormônio recombinante de crescimento bovino) é a versão sintetizada da somatotropina bovina natural (nt.: em inglês –  bovine somatotropin/BST), um hormônio produzido pela glândula pituitária das vacas.  Este produto, rRBGH, é a droga animal para a produção de  leite mais vendida nos EUA onde as vacas são injetadas com ela para estimular sua produção leiteira. Ao mesmo tempo, ele está banido no Canadá, Japão, Austrália, Nova Zelândia e nos 27 países da União Europeia em razão de seu perigo para a saúde humana (nt.: no Brasil ainda é permitido!).

O leite rBGH contém níveis aumentados do fator de crescimento de insulina-1 (IGF-1). Ele regula o crescimento e a divisão celular além da habilidade das células de câncer se proliferarem nos órgãos mais distantes (invasividade). Em outras palavras, o IGF-1 tem efeitos potentes de estímulo de crescimento nos tecidos de câncer de mama, especialmente na presença do estadiol (uma das formas do estrogênio).

Fatores de crescimento como o IGF-1 são “catalisadores” para a transformação do tecido normal de mama para o de câncer e estão criticamente envolvidos no crescimento aberrante das células de câncer de mama humano.

Um estudo demonstrou que mulheres na fase pré menopausa, com elevados níveis de IGF-1, tinham aumentada em sete vezes a chance de câncer de mama.⁴ E outra pesquisa mostrou que mulheres mais jovens do que 35 anos que tinham elevado o IGF-1 apresentavam cânceres de mama mais agressivos.⁵

Os tecidos de mama de fetos femininos e mesmo bebês são especialmente sensíveis às influências hormonais e aos químicos que causam cânceres. Bebês e crianças expostas precocemente a alto IGF-1 podem se tornar “suscetíveis”, levando a problemas de saúde mais tarde em suas vidas, como o aumento dos peitinhos em bebês e criancinhas  e a câncer de mama em mulheres adultas. E ainda mais, apesar destes riscos elevados para as crianças, poucas escolas disponibilizam leite orgânico ou livre deste hormônio sintetizado rBGH para seus estudantes bem como nem a maioria dos governos dos Estados, no âmbito de programas de alimentação às populações de baixa renda.

Agressões Tóxicas e Deficiências Nutricionais Por Trás de Muitos Casos de Câncer de Mama.

As causas primárias de câncer de mama — deficiências nutricionais, exposição a toxicidade ambiental, inflamações, dominância estrogênica e avaria resultante na integridade genética e vigilância imunológica – ainda se manifestam como doença principalmente entre as mulheres com mais de 50. No entanto, as agressões tóxicas agora estão batendo nas gerações mais jovens, que são muito mais suscetíveis aos seus efeitos adversos à saúde.

Por exemplo, as moças que recebem radiações na região do tórax para tratar câncer infantil têm um alto risco de desenvolver câncer de mama em tenra idade, de acordo com pesquisa já citadas. Mesmo aquelas que receberam baixas doses do tratamento do câncer comum, dizem os cientistas, enfrentam um aumento do risco de câncer de mama mais tarde.

Além disso, nos Estados Unidos, as mulheres ainda são estimuladas a fazer uma mamografia anual, começando aos 40 anos de idade, apesar da atualização das diretrizes estabelecidas pela U.S. Preventive Services Task Force em 2009, encorajando as mulheres a esperarem até a idade de 50 anos e só fazerem os exames bi-anualmente, depois disso.

O principal perigo da mamografia é a radiação ionizante que realmente pode aumentar o risco de câncer. De acordo com um estudo de 2010,⁶  o exame feito anualmente, usando  tanto mamografia digital como no método écran filme, com as mulheres entre 40–80 anos, está associado à uma indução à incidência de câncer fatal de mama, numa taxa de 20-25 casos por 100 mil.  Isso significa que mamografias anuais causam de 20 a 25 casos de câncer fatal para cada 100.000 mulheres que fazem este exame. E agora com a “nova e avançada” mamografia em 3D, pelo método TOMOSYNTHESIS , as mulheres serão expostas ainda mais a radiações.

O Ultrassom Flagra Cânceres Escondidos pela Mamografia

Muitas mulheres desconhecem que se elas têm tecido mamário denso (40 a 50% das mulheres), a mamografia simplesmente lhes é inútil. Tecidos densos de mama e câncer, ambos aparecem brancos no raio X, tornando quase impossível para o radiologista detectar câncer nestas mulheres. É como procurar agulha em palheiro.

Alguns radiologistas já fornecem informações sobre sua densidade a suas pacientes, incentivando-as a utilizarem outras opções de exames como termografia, ultrassom e/ou ressonância magnética (nt.: em inglês a sigla de magnetic resonance imaging é MRI). Pesquisas recentes, na verdade, revelaram que para as mulheres com mamas densas, fazer uma  ultrassonografia de mama após a mamografia, constataram um adicional 3,4 cânceres ou lesões de alto risco por 1.000 mulheres examinadas.⁷

Considero razoável para uma mulher confiar que o seu radiologista não está retendo informações vitais sobre sua densidade mamária, no entanto apenas Califórnia, Connecticut, Nova York, Virgínia e Texas aprovaram leis tornando isso obrigatório para os radiologistas de informarem suas pacientes sobre esta questão. Infelizmente, muitos têm mantido este dado, potencialmente um salva-vidas para mulheres, por décadas, e nossas agências de governo têm falhado para protegê-las contra esta prática antiética.

As Melhores Estratégias de Prevenção ao Câncer de Mama.

Exames de câncer NÃO equivalem à prevenção e embora detectões precoces sejam importantes, usando este tipo de exames que, por si só, já aumenta os riscos de desenvolver câncer não é realmente uma boa medicina … Prevenir o câncer de mama é muitíssimo mais importante e poderoso do que simplesmente tentar detectá-lo depois de já ter se formado. Por isso quero compartilhar, em primeiro lugar, minhas melhores dicas sobre como auxiliar a prevenção deste doença.

Na mais extensa revisão de pesquisa sobre estilo de vida e câncer de mama, o American Institute of Cancer Research estimou que em torno de 40% dos casos de câncer de mama nos EUA poderiam ser prevenidos se as pessoas fizessem escolhas de estilo de vida mais sábios.⁸ Acredito que estas estimativas são muito baixas e é mais provável que 75 a 90 por cento dos cânceres de mama poderiam ser evitados, aplicando-se estritamente as recomendações abaixo, que são as mesmas para mulheres jovens e mais velhas.

• Evitar açúcar, especialmente frutose. Todas as formas de açúcares vão em detrimento da saúde em geral e provocam cânceres. No entanto, a frutose (Fructose) é efetivamente uma das piores e deve ser evitada o mais possível.
• Otimizar os níveis de vitamina D. A vitamina D (Vitamin D) influencia praticamente cada célula do nosso corpo e é um dos maiores defensores da natureza contra o câncer; pesquisa recente sugere que mantendo os níveis de vitamina D pode cortar os riscos de câncer em 77% (77 percent). A vitamina D é, na verdade, capaz de entrar na célula de câncer e provocar a apoptose (morte programada da célula). Se tivermos câncer, nosso nível de vitamina D deve ser entre 70 e 100 ng/ml.

Vitamina D trabalha sinergicamente, sem efeitos adversos, com todos os tratamento de câncer que conheço. Eu sugiro que se tente assistir minha palestra gratuita de uma hora sobre a vitamina D (vitamin D) para se saber mais.

Lembrar-se de que se se toma suplementos orais de vitamina D3, precisa-se também aumentar a ingestão de vitamina K2. Como a vitamina D aumenta, há a necessidade por K2 para funcionar corretamente. Ver artigo anterior (What You Need to Know About Vitamin K2, D and Calcium) para obter mais informações.

• Obter abundante vitamina A natural. Há evidências de que a vitamina A também atua com um papel importante no auxílio à prevenção do câncer de mama.⁹ O melhor é obtê-la de alimentos ricos nesta vitamina, melhor do que suplementos. Nossa melhor fonte são ovos orgânicos, manteiga integral crua, leite integral cru e fígado de gado e galinha.
• Massagem linfática da mama pode auxiliar a habilidade natural do nosso corpo em eliminar toxinas cancerosas. Pode ser feita por massagistas autorizados ou como uma alto massagem. Ela também promove a auto nutrição.
• Evitar assar demais as carnes. Carnes feitas no carvão vegetal e grelhadas na chama estão conectadas com o aumento do risco de câncer de mama. Acrilamida – um cancerígeno criado quando alimentos ricos em amido são cozidos, assados e fritos – têm sido detectada de que aumenta o risco de câncer também.
• Evitar produtos de soja não fermentados. Soja não fermentada é rica em estrogênios vegetal ou fitoestrógenos, também conhecidos como isoflavonas. Em alguns estudos, a soja parece trabalhar em conjunto com o estrogênio humano, aumentando a proliferação de célula de mama o que aumenta as chances de mutações e as células cancerosas. Acredita-se que a fermentação transforme realmente os fitoestrogênios da soja como a daidzina, a glicitina e genistina a compostos fitohormônios mais ativos como dadzeína, gliciteína e genisteína.  Mas, estes fitoestrogênios são adaptogênicos e podem até mesmo bloquear o estradiol endógeno e estrógenos xenobióticos, reduzindo seus danos, pelo menos, em teoria.
• Melhorar a sensibilidade do receptor da insulina. A melhor maneira para fazer isso é evitando o açúcar e os grãos além de exercícios especialmente o processo Peak Fitness.
• Manter o peso corporal saudável. Virá naturalmente quando iniciar a comer corretamente para o seu tipo nutricional além de vir pelos exercícios. É importante perder a gordura corpórea excessiva já que ela produz estrogênios.
• Ingerir meio litro de suco verde orgânico diariamente. Favor revisar o meu texto my juicing instructions para informações detalhadas.
• Obter bastante gordura ômega-3 de origem animal de alta qualidade, como óleo de krill. Deficiência de ômega-3 (Omega-3 deficiency) é um fator subjacente comum para o câncer.
• Curcumina. Este é o ingrediente ativo primário do açafrão e quando em altas concentrações, especialmente quando combinado com um fosfolipídio como o fosfatidil colina ou o composto piperina da pimenta do reino, pode ser um adjunto muito útil no tratamento do câncer de mama. Mostra um imenso potencial terapêutico na prevenção de metástases do câncer de mama.¹⁰ É importante saber que a curcumina não é geralmente absorvida tão bem, assim eu tenho várias dicas para esta absorção (absorption tips).
• Evitar beber álcool, ou, pelo menos, limite as doses para uma por dia.
• Amamentar exclusivamente por pelo menos seis meses. Pesquisa mostra que amamentar pode reduzir o risco de câncer de mama.
• Evitar o uso de sutiã com telado. Tem um bom número de dados mostrando que o metal nos sutiãs telados pode aumentar o risco de câncer de mama.
• Evitar campos eletromagnéticos o mais possível. Mesmo o lençol térmico pode aumentar o risco de câncer de mama.
• Evitar terapia de reposição hormonal sintética. O câncer de mama é um câncer relacionado ao hormônio estrogênio e de acordo com estudo publicado no Journal of the National Cancer Institute, as taxas de câncer de mama em mulheres dobrou em função do aumento do uso de terapia de reposição hormonal  (hormone replacement therapy). (Como mencionado acima, há riscos similares para mulheres jovens que usam pílula anticoncepcional que também são compostas com hormônios sintéticos, tendo assim conexão aos cânceres da cervical e de mama.)

Se por um acaso és uma das mulheres que está experimentando excessivos sintomas da menopausa, deves considerar então a terapia de reposição com hormônios bioidênticos. São usados hormônios que têm estrutura molecular idêntica àqueles que o corpo produz e não causam danos sobre teu próprio sistema do organismo. Esta é uma alternativa bem mais segura.

• Evitar BPA, ftalatos e outros xenoestrogênios. Estes são compostos que mimetizam o estrogênio e que estão ligados ao aumento do risco do câncer de mama.
• Estar assegurada de que não estás com deficiência de iodo, em razão de que há evidências convincentes conectando a deficiência de iodo com o câncer de mama. O Dr. David Brownstein,¹¹ autor do livro Iodine: Why You Need It, Why You Can't Live Without It, é um defensor do iodo para o câncer de mama. Na verdade, este elemento tem propriedades potentes e mostrado causar morte de células de cânceres de mama e de tireoide.

Para maiores informações, sugiro que se leia o livro do Dr. Brownstein. Venho pesquisando sobre iodo por algum tempo desde que entrevistei o Dr. Brownstein, e acreditar que a maior parte daquilo que afirma está correto. No entanto, não estou convencido que suas recomendações de dosagem estejam adequadas. Parece-me que estejam provavelmente muito altas.

 

Fontes e Referências

• JAMA. 2013;309(8):800-805.
• Medical News Today May 4, 2013
• Medical News Today April 22, 2013

• ¹ JAMA. 2013;309(8):800-805.
• ² BreastCancer.org Age
• ³ Journal of Applied Toxicology May 2012
• ⁴ The Lancet Volume 351, Issue 9113, 9 May 1998, Pages 1393–1396
• ⁵ Cancer. 1996 Oct 15;78(8):1838-43.
• ⁶ Radiology August 24, 2010, doi: 10.1148
• ⁷ Study presented at the American Roentgen Ray Society annual meeting, Washington, DC, April 14-19, 2013
• ⁸ American Institute for Cancer Research, Press Release September 1, 2009
• ⁹ Journal of the National Cancer Institute 2005; 97(1): 1
• ¹⁰ Clinical Cancer Research October 15, 2005: 11; 7490
• ¹¹ Dr. Brownstein – Holostic Familt Medicine

Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, maio de 2013.