Micorrizas e agrofloresta

Micorriza

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 Micorrizas (nt.: ou seja, fungos que vivem simbioticamente com raízes das plantas) são a fração mais importante da fertilidade do solo, elas estabilizam a imensa quantidade de relações entre outros atores: solo, sol, planta, nutrientes, água, pragas, doenças, etc…

              Estes fungos incrementam o crescimento das plantas em solos com baixa fertilidade, a resistência dos cultivos à seca, aumentam em 10 vezes a área de absorção de nutriente da rizosfera, trabalham juntamente com outros microrganismos benéficos, vacinando as plantas contra doenças e principalmente: são excelente formadores de húmus, o grande regulador central de toda a fertilidade do solo e o maior sequestrador eficiente de carbono do ambiente agrícola.

              E quando falamos sobre aleias agroflorestais, sistemas de produção com linhas de árvores e ruas de cultivo entre estas linhas, sendo que a principal contribuição que as árvores podem dar ao sistema é servirem como um inóculo permanente de micorrizas para este consórcio vegetal. A matéria orgânica mais importante que forma o húmus são os fotoassimilados (nt.: compostos originados da fotossíntese e que as bactérias usam como fonte de energia) que as plantas compartilham com as micorrizas em troca dos serviços mencionados acima. Isso é muito mais eficiente do que os ramos de árvores triturados, colocados no chão.

Mas vamos nos concentrar nas micorrizas. Algumas pesquisas comprovam este seu efeito inoculante permanente nas árvores, fazendo associações interessantes entre as espécies arbóreas e sua capacidade de servirem como inóculo para certas culturas: aparentemente é necessário que as espécies sejam compatíveis com a cultura consorciada. Há também um fator interessante na porcentagem de micorrização dos consórcios: sua exposição ao sol. A inoculação máxima ocorre nas plantas (nas culturas anuais estudadas) em pleno sol. Ou seja, o arranjo das linhas das árvores em relação ao sol, a qualidade de sombra que a árvore produz, o manejo exato da poda e a escolha das espécies de acordo com a cultura principal, são de extrema importância.

Por falar em escolha de espécies arbóreas, alguns artigos analisam a distribuição de espécies micorrizáveis de acordo com as famílias botânicas e uma indicação de que as árvores pertencentes a famílias botânicas mais basais tendem a ser mais micorrizáveis (principalmente no ambiente tropical). Historicamente, essas famílias mais velhas ajudaram a construir a fertilidade do solo com a ajuda de micorrizas. E então surgiu a oportunidade de espécies de famílias mais recentes se desenvolverem em um solo já fértil, sem terem que dedicar parte de seus fotoassimilados a micorrizas em troca de seus serviços.

Se levarmos isto em consideração, a localização da família botânica na história evolutiva das plantas passará a ser muito importante na definição das espécies que serão escolhidas para a agrossilvicultura.

Abraços.

Húmus Sapiens

Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, janeiro de 2020.

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