União Internacional de Conservação da Natureza e Rede Global de Monitoramento de Recifes de Coral alertam que a reprodução excessiva de algumas espécies de algas está acabando com os corais.
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por Jéssica Lipinski, do CarbonoBrasil
Quem deseja conhecer as belezas dos recifes de coral do Caribe precisa se apressar se não quiser correr o risco de não conseguir vê-las. É que, segundo um novo estudo, os recifes caribenhos estão em grande perigo, e correm o risco de desaparecer nos próximos 20 anos.
O alerta é da União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN) e da Rede Global de Monitoramento de Recifes de Coral (GCRMN), que avaliaram dados coletados entre 1970 e 2012 de mais de 35 mil pesquisas em 90 habitats, e traçaram uma análise detalhada dos corais da região.
As informações mostram que esse habitat diminuiu mais de 50% desde a década de 1970, e os corais correspondem agora a apenas um sexto da sua cobertura original. Além disso, estão deixando de ser uma estrutura cheia de cor e vida para se transformarem em barreiras estéreis cobertas por algas.
A culpa disso, de acordo com os autores das pesquisas, é da reprodução excessiva de algumas espécies de algas, que ‘sufocam’ os pólipos, responsáveis pela estruturação dos recifes. Com a sobrepesca de peixes-papagaio e uma doença que dizimou na década de 1980 muitos ouriços-do-mar, dois dos principais ‘predadores’ das algas, elas passaram a se disseminar, desequilibrando o ecossistema.
“Vimos que os recifes sem os herbívoros [que comem as algas] acabaram sendo sufocados por algas. Depois de um período de tempo, há um colapso significativo ou mesmo completo da área de recifes”, observou Carl Gustaf Lundin, diretor do Programa Marinho e Polar Global da IUCN.
Os cientistas alertam que a tendência deve continuar se nada for feito. Mas eles afirmam que ainda há esperança, e que recuperando as espécies de peixe-papagaio e de ouriço-do-mar e melhorando a proteção contra a sobrepesca e a poluição, os recifes poderão se restaurar.
Lundin, que classificou a descoberta como alarmante, lembrou da importância que os corais têm para o ecossistema marinho e também para a economia da região. “Os recifes dão suporte a uma série de diferentes países e populações. O turismo é uma das maiores indústrias, e a saúde dos recifes é essencial para o bem-estar de muitas das pessoas que vivem lá. E claro que eles também são imensamente bonitos e lugares maravilhosos.”
Atualmente, o Caribe é lar de 9% dos recifes de coral do mundo, que são um dos ecossistemas mais diversos do planeta. Os recifes caribenhos, que se espalham por 38 países, geram mais de US$ 3 bilhões anualmente com turismo e pesca e até 100 vezes mais em outros bens e serviços, dos quais mais de 43 milhões de pessoas dependem.
Mas apesar da importância do estudo, alguns pesquisadores afirmam que outro grande fator de deterioração dos corais, o aquecimento global, não foi levado em consideração. Mark Eakin, coordenador de observação dos recifes de coral da Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), disse que o relatório subestima o impacto do aquecimento oceânico, um dos efeitos das mudanças climáticas.
“É algo que eu diria que eles ignoraram em seus estudos”, criticou Eakin. O coordenador da NOAA contribuiu para o relatório, mas não esteve diretamente envolvido na pesquisa. “Realmente precisamos lidar com as mudanças climáticas”, concluiu ele.
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.