Máquinas de lavar depositam microplásticos nas zonas costeiras ao redor do mundo

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UCD University Relations
24 de outubro de 2011
Traduzido por Mariana Coutinho Hennemann, Global Garbage Brasil

Da próxima vez que você lavar suas roupas, pense no meio ambiente. Não apenas na temperatura em que você lava as suas roupas, mas na contaminação das zonas costeiras por microplásticos – pedaços de poliéster e acrílico menores do que uma cabeça de alfinete – liberados de suas roupas durante o ciclo de lavagem.

De acordo com um estudo liderado pelo Dr. Mark Browne da School of Biology and Environmental Science (Escola de Biologia e Ciências Ambientais), do University College Dublin (Colégio Universitário de Dublin), Irlanda, mais de 1.900 fibras podem sair de uma única peça de roupa durante um ciclo de lavagem em máquina e acabar nas zonas costeiras.

As descobertas recentemente publicadas no periódico americano Environmental Science and Technology fornecem novas visões acerca das fontes, depósitos e caminhos dos microplásticos nos hábitats. Elas mostram que 18 zonas costeiras ao longo de seis continentes foram contaminadas por microplásticos.

Para investigar as principais fontes de contaminação por microplásticos nas praias, a equipe do Dr. Browne examinou locais de disposição de lodo de esgoto e efluentes de estações de tratamento de esgotos. Eles também lavaram roupas e cobertores sintéticos, e descobriram que eles liberam mais de 100 fibras por litro de efluente.

Descobriu-se que a proporção de fibras de poliéster e acrílico nas roupas era semelhante àquela nos efluentes em praias e locais de disposição de esgoto.

Isso, dizem os pesquisadores, sugere que a lavagem de roupas – ao invés da fragmentação de resíduos de plásticos ou produtos de limpeza – seria a principal fonte de lixo microplástico nas zonas costeiras.

“Nós mostramos que fibras de poliéster, acrílico, polipropileno, polietileno e poliamida contaminam as costas em uma escala global, com maiores concentrações em áreas densamente populadas e hábitats que recebem esgotos”, explica o Dr. Browne.

“À medida que a população humana cresce e as pessoas utilizam mais têxteis sintéticos, a contaminação de hábitats e animais por microplásticos tende a aumentar”, diz ele.

“Designers de roupas e máquinas de lavar deveriam considerar a necessidade de reduzir a liberação de fibras nas águas residuais”.

De acordo com o Dr. Browne e a equipe internacional de cientistas que conduziram o estudo, trabalhos são necessários urgentemente para determinar se os microplásticos podem ser transferidos do ambiente e se acumular nas cadeias tróficas através da ingestão.

“Em humanos, fibras de microplásticos quando inaladas são absorvidas pelos tecidos pulmonares e podem estar associadas a tumores, enquanto corantes dispersivos de fibras de poliéster e acrílico têm sido associados à dermatite”.

A equipe internacional incluiu cientistas do University College Dublin (Colégio Universitário de Dublin), Irlanda; da University of Sydney (Universidade de Sydney), Austrália; da University of Plymouth (Universidade de Plymouth), Reino Unido; e da University of Exeter (Universidade de Exeter), Reino Unido.

A pesquisa foi financiada pelo Leverhulme Trust (Reino Unido), pelo Centre for Research on Ecological Impacts of Coastal Cities (Centro de Pesquisa de Impactos Ecológicos de Cidades Costeiras) da University of Sydney (Universidade de Sydney), e pelo Hornsby Shire Council (Conselho de Hornsby Shire), Austrália.

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Como são visualizados os fragmentos de microplásticos em um microscópio óptico. © Dr. Mark Browne, University College Dublin e Environmental Science and Technology

Artigo científico:

Accumulation of Microplastic on Shorelines Woldwide: Sources and Sinks” foi publicado no periódico americano Environmental Science and Technology.

Os autores incluem: Mark Anthony Browne, University College Dublin; Phillip Crump, University of Plymouth; Stewart J. Niven, University of Plymouth; Emma Teuten, University of Plymouth; Andrew Tonkin, Waters Canada, Ontario, Canada; Tamara Galloway, University of Exeter; e Richard Thompson, University of Plymouth.