Mais relações entre disruptores endócrinos e enfraquecimento da imunologia ao COVID-19

https://www.ehn.org/chemical-exposure-coronavirus-2645785581.html

Jerrold J. Heindel e Linda S. Birnbaum

23 Abr 2020


Nota do website: Dois grandes cientistas, Linda S. Birnbaum e Jerrold J. Heindel, também destacam a fragilidade do sistema imune da maioria das pessoas no Planeta que estão imersos no mundo moderno, com suas terrificantes substâncias que parecem facilitar as nossas vidas, mas na realidade, facilitam as endemias.

Linda S. Birnbaum é toxicologista, microbiologista e ex-diretora do National Institute for Environmental Health Sciences/NIEHS (um dos institutos ligados ao DHHS equivalente ao Ministério da Saúde no Brasil), bem como do National Toxicology Program (importante programa norte americano de avaliação da toxicidade das substâncias sintéticas usadas no dia a dia da vida moderna), entre 2009 e 2019.

Jerrold J. Heindel é bioquímico com PhD em biologia reprodutiva e toxicologia, sendo diretor do grupo de toxicologia da reprodução e do desenvolvimento do NIEHS, e administrador de programas científicos do Instituto sendo o responsável pelo programa de bolsas científicas para o desenvolvimento das bases de doenças em geral, obesidade e diabetes.


Substâncias químicas conhecidas como agressoras ao sistema endócrino se disfarçam de hormônios, imitando seus comportamentos. 

Estes contaminantes insidiosos aumentam as doenças que causam as condições subjacentes que resultam em suscetibilidade ao COVID-19.

Os hormônios determinam nosso desenvolvimento e nosso comportamento – tudo em pequenas concentrações (nt.: fato que fez gerar com os um novo conceito na química. Não mais só o conceito vigente, desde a Idade Média, de que a dose era que definia a toxicologia, mas a dose fisiológica. Ou seja, a resposta se dá porque estas moléculas artificiais atuam em mínimas doses como os hormônios naturais aos quais imitam). 

Assim, produtos de consumo que tenham estes químicos que imitam hormônios, podem nos roubar vidas saudáveis.

A maioria dos americanos tem estes químicos sintéticos, endócrinos, em seus corpos. Somos expostos a eles através da comida, do ar que respiramos, da água potável e dos produtos que permitimos em nossas casas e vidas. Plásticos, produtos de higiene pessoal, medicamentos, agrotóxicos, retardadores de chama, poluição do ar, produtos domésticos, aditivos alimentares, utensílios de cozinha antiaderentes e muitos outros contêm substâncias químicas que são disruptores endócrinos.

Normalmente, quanto mais cedo na vida ocorre a ruptura endócrina, mais graves e permanentes os danos, levando a doenças como a diabetes (diabetes), doenças cardíacas e câncer reprodutivo.

Estudos epidemiológicos e experiências com animais de laboratório demonstram, sem dúvida, que tais exposições podem aumentar a suscetibilidade a estas doenças e muito mais. As exposições também podem causar imunossupressão, o que aumenta a vulnerabilidade a infecções.

 Uma nação doentia   

Atualmente, os EUA são uma das nações menos saudáveis ​​do mundo. Surpreendentes 42,4% dos norte americanos (an astonishing 42.4 percent of Americans) com 20 anos ou mais (aproximadamente 130 milhões de pessoas) são obesos, uma condição subjacente para um caso mais sério de COVID-19. Compare a obesidade nos EUA com outros países com altas taxas de COVID-19, como Japão (3,7%), Coréia (5,3%) China (7,0%) e Itália (9,8%).

Um sistema imunológico saudável é necessário para combater o COVID-19. Doenças comuns do sistema imunológico (common immune system) que enfraquecem suas defesas contra infecções bacterianas e virais, incluem asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), artrite reumatoide, lúpus, esclerose múltipla, psoríase, diabetes tipo 1 e doença de Crohn. Segundo os Institutos Nacionais de Saúde (nt.: em inglês – National Institutes of Health), cerca de 23,5 milhões de norte americanos (em torno de 7% da população) sofrem de uma ou mais doenças auto-imunes e 25 milhões de pessoas têm asma. Os EUA ocupam a 43 ª posição entre 183 países em mortes por doenças pulmonares.

Os EUA lideram os países desenvolvidos em número de diabetes tipo 2 – 11% da população de 20 a 79 anos; cerca de 34 milhões de pessoas têm diabetes. Pessoas com diabetes têm um risco aumentado de infecção e complicações por COVID-19. Eles têm níveis elevados e flutuantes de glicose no sangue, dificultando o tratamento de infecções virais. Níveis não controlados de glicose no sangue também contribuem para problemas cardíacos e renais, o que também piora o prognóstico para aqueles com COVID-19 .

Como 85% dos diabéticos têm sobrepeso ou obesidade e 30% das pessoas com sobrepeso/obesidade têm diabetes tipo 2, essas duas condições subjacentes interagem para tornar os norte americanos particularmente suscetíveis ao coronavírus (susceptible to COVID-19) e suas complicações.

Os EUA (U.S.) têm a terceira maior taxa de mortalidade por doenças do sistema circulatório, incluindo pressão alta; no geral, a segunda maior taxa de mortalidade por ataques cardíacos e doenças cardíacas (heart disease) é a principal causa de morte nos EUA. Embora tenha havido um declínio global (global decline) na mortalidade por distúrbios circulatórios, o declínio nos EUA é menor do que qualquer outro país avaliado.

Embora não possamos fixar os números elevados de doenças nos EUA apenas nas exposições aos disruptores endócrinos, é claro que todas as doenças e condições de saúde listadas acima (diabetes, obesidade, doenças cardíacas, doenças do sistema imunológico / disfunção e doenças respiratórias) foram ligada à exposição a uma variedade destes compostos em modelos animais e estudos de epidemiologia humana.

Hora de preparar e reduzir a exposição 

Embora o foco hoje deva estar na redução do impacto imediato dessa pandemia, é essencial perceber que outras epidemias e pandemias, sem dúvida, aparecerão em nosso caminho. Agora é a hora de se preparar.

Qual é a melhor coisa que podemos fazer agora para nos protegermos?

Todas as doenças discutidas acima têm componentes genéticos e ambientais (genetic and environmental). Não podemos mudar nossos genes, mas podemos mudar nosso ambiente.

Melhorar nossa dieta e estado nutricional e reduzir nossa exposição a substâncias químicas que desregulam o sistema endócrino são mudanças fundamentais que beneficiarão profundamente nossa saúde e bem-estar.

Assim como o COVID-19 traz um foco nítido para os patógenos que podem nos ferir ou matar rapidamente, a interrupção endócrina de ação mais lenta precisa de soluções a longo prazo que evitam que os produtos químicos fragilizem nossa saúde, vitalidade e resistência.

Linda S. Birnbaum, Ph.D., DABT, ATS, Cientista Emérito (aposentada) Ex-diretora, Instituto Nacional de Ciências da Saúde Ambiental e Programa Nacional de Toxicologia.

Jerrold J. Heindel, Ph.D. O Administrador de Programa aposentado do Instituto Nacional de Ciências da Saúde Ambiental submete esse comentário em nome de HEEDs Elders ( www.HEEDS.org ), um grupo de cientistas seniores pioneiros no campo das perturbações endócrinas que se concentram na melhoria da saúde de todos os habitantes do mundo.

Seus pontos de vista não representam necessariamente os de Environmental Health News, The Daily Climate ou editor, Environmental Health Sciences.

Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, maio de 2020.