Soja no cerrado: tragédia anunciada. Flora do cerrado em risco de extinção nos próximos 30 anos. Desmatamento ilegal em área do cerrado. (imagem JD1)
[NOTA DO WEBSITE: IMPORANTÍSSIMO RELATÓRIO DO WWF-Brasil. Por quê? No nosso site, procuramos no material publicado pelo g1, em março de 2022, informar o que a revista norte americana Forbes, estava exaltando como a maior bilionária brasileira, a senhora Lúcia Maggi. Para melhor compreensão da importância dessa notícia, fizemos no link, uma contextualização de quem era essa senhora, sua origem, sua família e como havia chegado a esse ‘wealth top‘ tão bafejado no mundo capitalista do agronegócio brasileiro. MAS O DESTAQUE é que mostra como estava atuando naquele momento, a corporação criada por sua família. E quem nos traz certos dados que parecem confirmar esse relatório do WWF-Brasil, é o geógrafo norueguês Torkjell Leira, em seu livro ‘A luta pela floresta’, publicado no Brasil, em 2020, pela Editora Rua do Sabão, tendo o apoio da Norwegian Literature Abroad. Neste seu interessante e muito esclarecedor livro, mostra que a soja, tão exaltada pela mídia comprometida brasileira, como uma atividade ‘top’, na verdade é a grande ‘fábrica’ de BILIONÁRIOS noruegueses donos de criatórios de alta intensidade de salmões, de gado, porcos e outros animais. E a pergunta sempre é: como formam-se tantos bilionários lá e tão poucos aqui ao mesmo tempo que nosso país convive com a maior desfaçatez mais de 30 milhões de famintos! Será que dá para notar que o tal capital que ‘gera’ o agronegócio brasileiro enriquece a maioria dos donos do agronegócio brasileiro em detrimento da maioria população brasileira, empobrecendo-a?].
Nota técnica revela que apesar da intensificação de produção da soja no Brasil a maior parte do lucro dessa cadeia não fica no país.
A nota técnica foi elaborada por WWF–Brasil e publicada por EcoDebate, 20-07-2023.
O mercado bilionário da cadeia da soja no Brasil gerou, apenas no ano agrícola de 2019/2020, uma receita bruta de US $86,9 bilhões, dos quais somente US $31,6 bilhões foram absorvidos por grupos empresariais brasileiros.
No entanto, apesar de receber subsídios e isenções fiscais no Brasil, quem absorve a maior parcela dos lucros gerados são grandes corporações internacionais, principalmente estadunidenses, europeias e chinesas (Nota do website: ao se ler a matéria destacada no nota do website acima, veremos que a corporação gerada pela família Maggi, conforme o livro ‘A luta pela floresta’, poderia estar inserida nesse rol. E será que não existem outras brasileiras que atuam com a commodity carne, por exemplo? Com outras commodities como minérios, dentre outras?)
Estes são alguns dados levantados pela nota técnica do WWF–Brasil, que compila estudos relevantes sobre a cadeia da soja e revela que além da desproporcionalidade na divisão dos lucros, há um conjunto de ônus e impactos socioambientais que acabam sendo absorvidos e internalizados quase que exclusivamente pela sociedade brasileira.
O estudo explica que grandes corporações estrangeiras dedicam relevante esforço para expandir a sua dominação dos diferentes segmentos associados à produção da soja, incluindo os mercados de sementes, agrotóxicos, fertilizantes, máquinas agrícolas, processamento, transporte, financiamento e exportação. Entre as principais estratégias para ganhar controle do segmento estão os processos de fusão e aquisição de empresas brasileiras.
O resultado desse controle adquirido pelas multinacionais é a redução da participação brasileira na receita gerada e no modelo de governança da produção. Assim, enquanto o lucro vai para fora do país, o prejuízo socioambiental gerado pela expansão acelerada da área cultivada com soja permanece no Brasil.
As importações da União Europeia de commodities agrícolas, por exemplo, foram relacionadas a um desmatamento de mais de 145 mil hectares de ecossistemas tropicais em 2018.
Cerrado segue desprotegido
Segundo o estudo, a crescente demanda global por soja estimula a expansão da produção brasileira. O avanço da fronteira da soja aumenta a pressão sobre os ecossistemas naturais. O Cerrado, por exemplo, está entre os biomas mais ameaçados por essa expansão. Entre 1985 e 2021, foram 8,1 milhões de hectares de novos plantios de soja, uma área maior que a superfície da Bélgica e da Holanda juntas.
Os números recentes são ainda mais alarmantes. Dados do PRODES, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), mostram que em 2022 o Cerrado sofreu com o desmatamento de 1,07 milhão de hectares, uma devastação 69% maior do que em 2019. O bioma já perdeu cerca da metade da vegetação nativa ao longo das últimas décadas.
“O Cerrado é um dos ecossistemas mais ameaçados do mundo, e uma das principais fronteiras de desmatamento provocado pelo agronegócio em nível global”, destaca o Diretor de Conservação e Restauração de Ecossistemas do WWF–Brasil, Edegar de Oliveira Rosa. Segundo ele, como resultado, “os conflitos sociais são crescentes e o colapso de serviços ambientais chave, como a “produção de água”, já é bastante evidente e bem documentado por agências públicas e grupos científicos. Isso afetará diretamente a vida dos brasileiros, menos água, menos energia hidrelétrica, e produção de alimentos mais cara”, conclui.
Enquanto a Moratória da Soja na Amazônia, acordo voluntário entre setor privado, ONGs e Governo Federal, evitou que 9.000 a 27.000 km² fossem desmatados na Amazônia, o cultivo da soja expandiu principalmente no Cerrado, onde não existe acordo de desmatamento zero com o setor privado, destaca a nota técnica. O Cerrado conta com menos de 10% de sua área protegida com unidades de conservação, sendo apenas cerca de 3% delas da categoria de proteção integral. O bioma é também pouco protegido pelo Código Florestal, que permite até 80% de sua destruição.