Maçãs produzidas na Europa têm alto nível de pesticidas.

Coquetéis de pesticidas continuam sendo utilizados pelos produtores de maçãs de vários países europeus, em especial pelos agricultores que abastecem os grandes mercados atacadistas – afirmou nesta terça-feira (16) o Greenpeace em relatório.

 

http://g1.globo.com/natureza/noticia/2015/06/macas-produzidas-na-europa-tem-alto-nivel-de-pesticidas-aponta-relatorio.html

 

Da France Presse

Maçãs produzidas no Vale do São Francisco (Foto: Larissa Paim/G1)
Maçãs produzidas na Europa têm amostras de pesticidas, segundo relatório do Greenpeace (Foto: Larissa Paim/G1)

Coquetéis de pesticidas continuam sendo utilizados pelos produtores de maçãs de vários países europeus, em especial pelos agricultores que abastecem os grandes mercados atacadistas – afirmou nesta terça-feira (16) o Greenpeace em relatório.

A ONG analisou 85 amostras – 36 de água, 49 do solo – recolhidas nos pomares de 12 países europeus entre os maiores produtores de maçã, tendo como alvo aqueles que abastecem o varejo. Em média, 75% das amostras (78% para o solo, 72% para a água) “continha resíduos de pelo menos um” dos 53 pesticidas identificados.

“Pelo menos 70% dos pesticidas identificados apresentam uma toxicidade global aumentada para a saúde humana e a fauna selvagem”, afirma o Greenpeace, denunciando um “peso tóxico” imposto pela “produção em escala industrial”.

O número de pesticidas mais alto foi detectado nos solos de Itália, Bélgica e França. Na água, os países mais comprometidos foram Polônia, Eslováquia e Itália, segundo o relatório.

Os pesticidas encontrados com maior frequência no solo são o ‘boscalid’, “um fungicida presente em 38% das amostras”, e o DDT (26% das amostras).

Em relação à amostra de água, os pesticidas mais frequentemente identificadas são ‘boscalid’ (em 40% das amostras) (nt.: a molécula é de um produto com cloro – 2-Cloro-N-(4′-clorobifenil-2- yl)-nicotinamida) e clorantraniliprol, inseticida também encontrado em 40% das amostras.

Fim ao uso
O relatório denuncia o “coquetel de pesticidas” e “mostra a realidade do uso extensivo, sistemático e ‘multipropósito’ de pesticidas na produção agrícola convencional”, declarou à AFP, Anaïs Fourest, encarregada do setor de agricultura no Greenpeace.

O Greenpeace pede aos estados-membro da União Europeia que “ponham progressivamente fim ao uso dos pesticidas químicos de síntese na agricultura” e sustentem “alternativas não-químicas para lutar contra os parasitas, em particular práticas agrícolas ecológicas”.

A publicação deste relatório visa “interpelar os mercados atacadistas”, como a campanha “pesticida zero” recentemente lançada pela ONG na França para tentar convencer as seis principais redes de distribuição francesas (Auchan, Carrefour, Casino, Leclerc, Intermarché, Magasins U) a apoiar os agricultores que se comprometem a produzir sem pesticidas.

Resíduos de pesticidas estão presentes em quase metade dos alimentos consumidos na Europa, mas a maioria dentro dos limites legais e provavelmente sem nenhum efeito sobre a saúde, garantiu em março a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos. As maçãs estão entre as frutas com maior presença de resíduos.