Governos devem limitar o uso de agrotóxicos encontrados em humanos.

WASHINGTON / BRUXELAS (BÉLGICA) 17 de junho de 2013 – A Amigos da Terra Internacional demandou hoje aos governos do mundo que limitem o uso do glifosato.

 

http://pratoslimpos.org.br/

 

Amigos da Terra Internacional

COMUNICADO DE IMPRENSA [editado pelo blog]

17 de Junho de 2013

A ONG Amigos da Terra Internacional demandou hoje a limitação do uso do glifosato, depois que resultados de análises de laboratório publicados na semana passada demonstraram a presença de restos do agrotóxico em pessoas de 18 países europeus. [1]

As análises sem precedentes, realizadas pela ONG Amigos da Terra Europa, revelaram que 44% das amostras de 182 voluntários de 18 países europeus continham resíduos do agrotóxico [2].

O glifosato é um dos venenos mais utilizados no mundo e aplicado de forma extensiva nos cultivos geneticamente modificados (GM).

Nos Estados Unidos e na América Latina, os agricultores estão utilizando quantidades cada vez maior desses produtos (entre eles o glifosato), em grande medida devido à adoção em grande escala de sementes transgênicas [3].

A empresa estadunidense Monsanto, a maior produtora de glifosato no mundo, vende o produto com o nome de “Roundup”.

Lisa Archer, diretora do programa Alimentos e Tecnologia de Amigos da Terra Estados Unidos, declarou:

“Descobrir resíduos de glifosato em seres humanos nos coloca várias perguntas graves: Como chegou lá? Por que os governos não estão analisando sua presença nas pessoas? Também pode encontrar-se em cidadãos americanos? Ao contrário da Europa, os Estados Unidos plantam grandes quantidades de cultivos resistentes a glifosato, o que tem provocado uma utilização massiva do produto e o surgimento de ‘superpragas’. Algumas delas já estão fora de controle. A recente descoberta de trigo geneticamente modificado (não autorizado) da Monsanto em plantações nos Estados Unidos soou o alarme e confirma a necessidade de impor controles mais estritos ao agronegócio”.

Em maio de 2013, um tipo de trigo geneticamente modificado resistente a glifosato foi encontrado em uma propriedade em Oregon, Estados Unidos. O trigo foi desenvolvido pela Monsanto, que o submeteu a análises entre 1998 e 2005, mas nunca foi aprovado nem comercializado. Desde então os países que importam trigo dos Estados Unidos têm imposto restrições ou submetido o grão a análises [4].

Adrian Bebb, porta-voz de Amigos da Terra Europa, afirmou:

“O agronegócio que promove os cultivos transgênicos e os venenos quer fazer de conta que tem a situação sob controle, mas a descoberta de resíduos de glifosato na urina das pessoas sugere que estamos sendo continuamente expostos”.

“Os governos de todo o mundo devem limitar o uso de glifosato, aumentar as investigações e garantir que se coloquem os interesses das pessoas e do meio ambiente acima do de algumas poucas empresas”, acrescentou.

Segundo dados de 2010, 70% do o milho plantado nos Estados Unidos é modificado geneticamente para resistir ao pesticida; 78% do algodão e 93% da soja [5].

Na Europa tem havido oposição generalizada aos transgênicos.

Na Argentina se utilizam 200 milhões de litros de pesticidas à base de glifosato por ano, somente na soja [6]. O Brasil é o maior consumidor agrotóxicos do mundo desde 2009, quando o volume de herbicidas vendido no país foi de 430 milhões de litros, sendo 280 milhões de litros apenas de glifosato.

PARA MAIS INFORMAÇÃO CONTATAR:

Adrian Bebb, Amigos da Terra Europa, Tel: + 49 1 609 490 1163, email [email protected]

Lisa Archer, diretora do programa de alimentos e tecnologia de Amigos da Terra Estados Unidos, Tel: +1 510 900 3145, email [email protected]

O Informe sobre o glifosato e os motivos de preocupação está disponível em: www.foeeurope.org/glyphosate-reasons-for-concern-briefing-130613

 

NOTAS

[1] É a primeira vez que se realiza um seguimento em toda a Europa da presença do l pesticida em humanos. Os participantes do estudo, que proporcionaram amostras de forma voluntaria, vivia em cidades e nenhum dele havia manipulado nem utilizado produtos com glifosato antes das análises.Para mais informac a leia o aetigo de Wall Street Journal: http://blogs.wsj.com/brussels/2013/06/13/study-youre-in-trouble-roundup/

[2] Foram coletadas amostras de urina de 182 voluntários da Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Croácia, Espanha, França, Geórgia, Holanda, Hungria, Letônia, Macedônia, Malta, Polônia, Reino Unido, República Checa e Suíça. Os voluntários viviam em cidades e tinham dietas vegetarianas e não vegetarianas. Nao foram tomadas duas amostra de um mesmo lugar. As amostras foram analisadas pelo Dr. Hoppe de Medizinisches Labor Bremen na Alemania (http://www.mlhb.de/).

[3] Leai o artigo da Reuters (en inglés): “Pesticide use ramping up as GMO crop technology backfires: study” em: http://www.reuters.com/article/2012/10/02/us-usa-study-pesticides-idUSBRE89100X20121002

[4] USDA APHIS, 29 de maio de 2013. ‘USDA Investigating Detections of Genetically Engineered (GE) Glyphosate-resistant wheat in Oregon”, em: http://content.govdelivery.com/bulletins/gd/USDAAPHIS-7d0c5e

[5] Para mais informação, visite: http://usda.mannlib.cornell.edu/usda/nass/Acre/2010s/2010/Acre-06-30-2010.pdf

[6] Para mais informação, consulte:http://www.keine-gentechnik.de/fileadmin/files/Infodienst/Dokumente/2012_08_27_Lopez_et_al_Pesticides_South_America_Study.pdf