Google Street View lança 2ª etapa de imagens para visita virtual à Amazônia.

Depois de percorrer mais de 500 km de rios, lagos e córregos, além de 20 km de trilhas em meio à Floresta Amazônica, o Google lança a segunda fase do Amazon Street View nesta segunda-feira (2). O projeto reúne fotos em 360º de duas Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS), no Amazonas. As imagens na floresta foram captadas pela mesma tecnologia utilizada pelo Google para divulgar estádios da Copa do Mundo em 2014.

 

http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2015/03/02/113372-google-street-view-lanca-2%C2%AA-etapa-de-imagens-para-visita-virtual-a-amazonia.html

 

A iniciativa é do Google em parceria com a Fundação Amazonas Sustentável (FAS). Uma equipe de 50 pessoas participou de forma direta e indiretamente do projeto. As Reservas Juma e Madeira, situadas a 228 km de Manaus, foram os focos da expedição que durou 18 dias. Juntas, as duas áreas somam quase 900 mil hectares de floresta preservada.

Em outubro de 2014, a equipe visitou 18 comunidades interligadas por longas trilhas. As imagens foram feitas durante o percurso de 500 km de rios, lagos e córregos, 20 km de trilhas em meio à floresta, duas escaladas de árvores.

Na primeira fase, as imagens foram coletadas pelo Trike (o triciclo adaptado do Street View). Desta vez, a equipe da FAS usou nos registros o Trekker – evolução tecnológica do Google emprestada à organização por meio do programa Trekker Loan. Pela primeira vez, o Trekker foi pendurado em uma tirolesa, o que proporciona imagens das copas de árvores.

O Street View Trekker reúne um sistema fotográfico de 15 lentes em um conjunto portátil, que pesa 18 kg e mede 120 cm. O equipamento dispara fotos automaticamente, aproximadamente a cada 2,5 segundos, conforme o operador caminha por trilhas carregando a mochila com o equipamento. Com a adaptação do equipamento, foi facilitado o acesso às trilhas mais íngremes ou estreitas que, antes, eram inacessíveis. Veja galeria com bastidores e fotos captadas pelo Trekker.

“Cada avanço na tecnologia proporciona novas experiências aos usuários da web. Entre elas, a exploração a regiões que, provavelmente, a maioria das pessoas não poderá conhecer pessoalmente. Juntos, Google e FAS proporcionam conhecimento relevante para a conscientização da sociedade sobre a importância da ”, disse Karin Tuxen Bettman, gerente do Google Earth Outreach.

Segundo o líder do projeto em campo, Gabriel Ribenboim, o avanço da tecnologia facilitou as inovações da fase no Juma e Madeira. “Com a nova tecnologia, que permite maior mobilidade e autonomia, pudemos entrar mais profundamente em trilhas e igarapés nunca antes imaginados, como a trilha de 11 km em floresta densa que conecta as comunidades do Rio Auruá com as do Rio Mariepaua. Em experiência inédita no mundo, conseguimos adaptar o equipamento em uma tirolesa fixada em uma das maiores castanheiras da região com altura em torno de 60 metros, remontando uma descida da copa das árvores até o solo documentando todos os extratos florestais”, destacou.

O superintendente técnico-científico da FAS, Eduardo Taveira, explicou que foram captadas imagens em perspectiva do solo, dos rios e da copa das árvores. Porém, mostrar a realidade dos moradores das comunidades é o principal foco.

“Cada reserva trabalha com uma dinâmica diferente, tanto de produção como do estilo de vida e como as comunidades estão organizadas. Queríamos mostrar essa realidade, não só a floresta e os recursos naturais. A Amazônia, acima de tudo, é feita por pessoas que, às vezes, não estão visíveis por quem ver a floresta só de cima. Tem uma dimensão de mostrar o trabalho realizado nas comunidades. As imagens podem ser usadas também no aspecto educacional, pois conhecer o Amazonas e a Amazônia é fundamental para entender os regimes de cheias e secas que o Brasil vivencia hoje”, enfatizou Taveira.

O Centro Estadual de Unidades de Conservação (CEUC), vinculado à Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (SDS) parceiro do projeto e responsável pela gestão das reservas, autorizou a captação das imagens. As populações das comunidades também participaram indicando sobre os locais que deveriam ser fotografados.

Os moradores das comunidades na Amazônia também auxiliaram as ações em campo na captura das imagens. O líder do projeto, Gabriel Ribenboim, relatou que a equipe enfrentou vários desafios ao longo da expedição pela floresta e comunidades amazonenses.

“Um dos maiores desafios foi na exploração para encontrar um lugar adequado para a experiência com a tirolesa. As condições que colocamos e não abrimos mão foi de não gerar nenhum impacto sobre a floresta, sua biodiversidade e seus habitantes, e não colocar em risco a operação. Buscamos árvores altas, que fossem seguras para operação de escalada, e que na descida da câmera nos cabos de aço, não prejudicasse a floresta. Em 20 dias em campo, em ambiente natural hostil, com alta umidade e momentos de muita chuva, o equipamento se mostrou muito resistente e voltou ileso. Tivemos total apoio da comunidade local e a troca de experiências foi muito rica, o que representa a interatividade que este projeto se propõe, ao colocar estas comunidades isoladas no mapa”, ressaltou Ribenboim.

Todo o conteúdo do Street View já está integrado ao app do Google Maps, que pode ser utilizado em aparelhos com tecnologia Android e iOS. Basta selecionar o lugar, deslizar de baixo pra cima pra ampliar o menu de detalhes, e daí clicar na opção do Street View.

Primeira etapa – Em 2010, a FAS e o Google captaram as imagens da primeira fase, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro, que fica situada a 71 km de Manaus. Já em 2012, as imagens foram disponibilizadas. Desde então, segundo a FAS, houve uma ampliação do potencial turístico de comunidades ribeirinhas. Pousadas de selva e restaurantes foram criados nos últimos cinco anos na região.

“A partir do Street View houve fortalecimento muito grande no turismo de base comunitária, aumentando o interesse das pessoas em conhecer o Rio Negro. Porque não é o sentido de Amazônia intocável que vai fazer com que ela fique conservada, mas o respeito ao estilo de vida e modo de produção dessas populações que interagem com a floresta e conseguem mantê-la de pé”, afirmou o superintendente técnico-científico da FAS.

(Fonte: G1)