https://elpais.com/sociedad/2019/02/28/actualidad/1551358701_685053.html
Los delfines del mar de Alborán (nt.: entre a África do Norte e a costa de Málaga) tienen contaminantes químicos en el hígado y en el cerebro
Un estudio del Consejo Superior de Investigaciones Científicas (CSIC) ha encontrado retardantes de llama y plastificantes en los cuerpos
A fauna marinha não sofre somente as consequências de fragmentos plásticos que ingerem, como também dos compostos químicos que deles se desprendem (nt.: aqui se fala dos chamados plastificantes e metais pesados que se emprega para fixar cores, por exemplo) Um estudo do Consejo Superior de Investigaciones Científicas (CSIC), realizado em amostras de 11 golfinhos encontrados mortos no Mar de Alborán, detectou substâncias como retardadores de chamas e plastificantes denominados organofosforados. As substâncias se encontravam na gordura, no músculo, no fígado ou no cérebro dos exemplares, chegando a concentrações de até 25 microgramas por grama de gordura. Ethel Eljarrat, cientista do CSIC, responsável pelo trabalho, indica de que foram “surpreendidos pelos níveis elevados destas substâncias detectadas pela primeira vez em mamíferos marinhos, mesmo que já tivessem sido detectados em peixes de rios”.
Os cientistas pensam que provavelmente a presença destes produtos nos golfinhos se deva a que seu organismo os acumula depois da ingestão do plástico. Um aspecto que indica a necessidade de avaliar “não só os danos físicos, como também seu impacto químico”. Ranaud de Stephanis, da associação de Conservación, Investigación y Estudio de los Cetáceos (CIRCE), põe o foco nas estufas que utilizam grande quantidade de plásticos, porque muitos deles “acabam boiando na costa”.
As substâncias analisadas, os plastificantes, se agregam aos plásticos para aumentar-lhes sua dureza, flexibilidade, dar-lhes cor… “Existem mais de 3.000 compostos distintos deste tipo e, pelo menos, têm 60 que são prejudiciais para o ser humano”, enfatiza. Eljarrat destaca que ao realizar o estudo dispunham amostras de todos os tecidos e órgãos, algo que não é possível quando se realizam biópsias no mar com exemplares vivos, porque nesta condição só se pode obter os valores da gordura.
Começou-se a utilizar os organofosforados nos anos sessenta do século passado. Seu uso aumentou quatro décadas mais tarde, quando a Convenção de Estocolmo de 2009 proibiu outros produtos por sua toxicidade. “Apesar de serem menos prejudiciais do que seus precedentes, têm estudos que mostram que podem causar danos neurológicos, serem disruptores endócrinos, gerarem câncer e problemas de fertilidade”, explica o CSIC em um comunicado.
Os maiores níveis apareceram na gordura e os mais baixos no fígado. Dos 12 produtos controlados, sete haviam atingido o cérebro atravessando a membrana hematoencefálica. “Isso nos preocupa porque alguns possuem potencial de provocarem danos neurológicos”, explica a cientista. “Todos os mamíferos contam com essa membrana que impede que as substâncias tóxicas cheguem ao cérebro, mas há compostos que a atravessam e seus efeitos perigosos estão demostrados”, esclarece. Por isso, os pesquisadores se questionam se poderia ocorrer algo similar com os seres humanos. As duas vias de entrada no organismo, neste caso, seriam a dieta ao se comer pescado contaminado ou pela inalação em espaços interiores como casas ou escritórios. “São lugares onde estamos rodeados por plásticos e os níveis de organofosforados são bastante elevados”, descreve.
“Não é uma problemática do mar de Alborán, é um fato a nível global”, esclarece Eljarrat. Os resultados de outros estudos do CSIC com golfinhos da costa catalã e no Oceano Índico mostram resultados similares. “No Oceano Índico, um dos mais contaminados do mundo, os níveis estão entre 10 a 100 vezes maiores”, ressalta.
Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, março de 2019.