A substituição da Floresta Amazônica por pastos e plantação de soja no processo de expansão agrícola pode ser prejudicial não só para o ambiente como um tiro no pé da própria agricultura. Quanto mais ela se expandir sobre a floresta, menos produtiva será. Essa é a conclusão de um trabalho publicado hoje por pesquisadores brasileiros e um americano, que investigaram o delicado equilíbrio entre floresta e o clima da região e como o desmatamento pode afetá-lo.
http://www.ihu.unisinos.br/noticias/520022-expansao-sobre-a-amazonia-pode-ser-ruim-para-agricultura
A reportagem é de Giovana Girardi e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 10-05-2013.
Os pesquisadores trabalharam com o princípio de que a floresta controla o regime climático da região. Assim, até 2050, com o desmatamento, é esperada uma redução no volume de chuvas. Aliada ao processo de aquecimento global, pode resultar em uma diminuição da produtividade de soja e pasto.
A equipe das universidades federais de Viçosa, do Pampa, de Minas e Centro de Pesquisa Woods Hole estimou que essa estiagem pode reduzir a produtividade da pastagens de 30% a 34%. Já a elevação da temperatura pode provocar uma redução no plantio de soja – de 24%, no melhor cenário, a 28%, no pior. O número varia porque foram considerados dois cenários – um em que a legislação ambiental é implementada e o governo é atuante, e outro com desmatamento intenso, semelhante ao que ocorria entre os anos 2000 e 2004, quando a taxa anual bateu em 27%.
Os efeitos podem ser mais sentidos nas regiões leste do Pará e no norte do Mato Grosso, onde as mudanças na cobertura da terra poderiam afetar dramaticamente o clima local, ao ponto em que a agricultura se torne inviável, afirmam os autores. “Já sabíamos que, com o desmatamento, alguns serviços ambientais desempenhados pela floresta, como a regulação climática, seriam reduzidos. Mas em compensação poderíamos ter uma grande produção agrícola regional. Demonstramos que, para níveis elevados de desmatamento, o serviço de regulação climática cai tanto que afeta significativamente a produtividade agrícola, ou seja, você perde os serviços prestados pela floresta e não ganha a produção agrícola”, afirma Marcos Costa, de Viçosa. A pesquisa sai na revista americana Environmental Research Letters.