A expansão de áreas cultivadas, pastagens, infraestrutura ou urbanização são as causas do desmatamento que em três décadas causou a perda de 420 milhões de hectares de florestas em todo o mundo. Foto: BM
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Correspondente – IPS
08 De Novembro De 2021
ROMA – A expansão agrícola causa cerca de 90 por cento do desmatamento global, um efeito muito mais pronunciado do que se pensava, de acordo com um estudo da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) divulgado nesta segunda-feira, 8.
Qu Dongyu, diretor geral da organização, disse ao apresentar o estudo que “de acordo com a mais recente Avaliação de Recursos Florestais Globais da FAO, perdemos 420 milhões de hectares de florestas desde 1990”.
Os novos dados confirmam uma desaceleração geral do desmatamento em escala global, ao mesmo tempo em que alertam que em particular as florestas tropicais (florestas com árvores altas, clima quente e muita chuva) estão sob grande pressão da expansão agrícola.
O desmatamento consiste na conversão de florestas para outro tipo de uso da terra, como agricultura e infraestrutura. Em todo o mundo, mais da metade das perdas florestais são devidas à conversão de florestas em terras agrícolas, enquanto quase 40% dessas perdas são devidas ao pastoreio.
Qu destacou, diante da 26 Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26) que acontece em Glasgow, no Reino Unido, que aumentando a produtividade do setor agroalimentar frente às demandas de uma população crescente, e travando o desmatamento, eles não são objetivos mutuamente exclusivos.
Reverter a tendência do desmatamento é de vital importância para reconstruir melhor e de forma mais verde após a pandemia covid-19, disse Qu.
Para que esta iniciativa surta efeito, “temos de saber onde e porque ocorre o desmatamento e a degradação florestal e onde é necessário agir, e isso só é possível combinando as últimas inovações tecnológicas com a experiência local no terreno”, afirmou. o diretor geral.
Mais de 20 países em desenvolvimento já mostraram que isso pode ser feito e novos dados confirmam que América do Sul e Ásia reduziram o desmatamento
De acordo com o novo estudo, de 2000 a 2018 a grande maioria do desmatamento registrado ocorreu em biomas tropicais e, apesar da desaceleração na América do Sul e na Ásia, as florestas tropicais nessas regiões continuam registrando as maiores taxas de desmatamento.
A agricultura continua sendo a principal causa do desmatamento em todas as regiões, exceto na Europa, onde o desenvolvimento urbano e de infraestrutura tem o maior impacto.
A conversão em terras agrícolas domina a perda de floresta na África e na Ásia, onde mais de 75 por cento da área florestal perdida foi convertida em áreas agrícolas. Na América do Sul, quase três quartos do desmatamento se devem ao pastoreio.
Neste contexto, a Parceria Colaborativa para Florestas liderada pela FAO, que reúne 15 organizações internacionais, está preparando uma iniciativa conjunta que visa reverter a tendência do desmatamento para acelerar a implementação de medidas e ampliar os efeitos.
Dadas as múltiplas ligações entre florestas, agricultura e segurança alimentar, uma nova estrutura estratégica da FAO guiará os esforços para transformar os sistemas agroalimentares para torná-los mais eficientes, inclusivos, resilientes e sustentáveis, disse a organização.
Junto com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, a FAO já ajuda mais de 60 países a implementar estratégias para reduzir as emissões de gases de efeito estufa do desmatamento e degradação florestal.
O estudo de desmatamento, liderado pela FAO, foi conduzido usando dados de satélite e instrumentos desenvolvidos em parceria com a Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (NASA) e o Google, e em estreita colaboração com mais de 800 especialistas nacionais de quase 130 países.
Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, novembro de 2021.