Os PFAS englobam substâncias per- e polifluoralquil e estão em químicos industrializados utilizados em produtos de consumo que resistem ao calor, à gorduras, manchas e à água.
O órgão oficial dos EUA que lida com alimentos e medicamentos, FDA/Food and Drugs Administrtion, detectou em tortas de chocolate níveis de PFAS, acima de 250 vezes o que é permitido pelas normas federais (nt.; no Brasil, teríamos alguma ideia de que isso possa existir em nossos alimentos?).
NICOLE JAVORSKY
JUNE 12, 2019
Estes químicos levarão milênios para se decomporem e têm consequências negativas para a saúde. A FDA, recentemente, revelou que eles estão presentes em todo o suprimento alimentar dos EUA. As preocupações com relação às substâncias per- e polifluoralquil (PFAS) geralmente têm sido mais associadas à água do que aos alimentos. Mas quando a FDA decidiu examinar o suprimento alimentar norte americano, encontrou níveis consideráveis destes “forever chemicals – produtos químicos para sempre” em certos frutos do mar, bolo de chocolate instantâneo e algumas carnes embaladas de supermercado.
Como Jamie C. DeWitt, toxicologista que pesquisa os PFAS junto à East Carolina University, relatou ao website Mother Jones, de que as descobertas da FDA “contam-nos de que a água encanada não é a única fonte de contaminação destas substâncias.”
De acordo com a FDA (according to the FDA), existe quase 5.000 tipos de PFAS. A primeira molécula desenvolvida foi nos anos 40. Vistas como incrivelmente versáteis, já que não permitiam que a graxa, a água ou o óleo penetrasse em quaisquer materiais tratados com elas, seu uso se alastrou. Como resultado, os PFAS podem ser encontrados em uma ampla gama de produtos, de tecidos e carpetes resistentes a manchas e água, a produtos de limpeza, tintas e espumas de combate a incêndio, além de “usos limitados e autorizados” em panelas (nt.: do tipo do ‘tefon’) e embalagens de alimentos.
Com o tempo, no entanto, foi sendo descoberto de que a exposição aos químicos da família dos PFAS podem aumentar o risco de câncer, dos níveis do colesterol, afetarem o sistema imunológico e interferirem com os hormônios corporais, de acordo com a Agency for Toxic Substances and Disease Registry.
Neste momento, os informativos da Environmental Protection Agency/EPA (nt.: Agência de Proteção Ambiental dos EUA) quanto à potabilidade da água para os PFAS, continuam sendo as únicas diretrizes que o governo federal estabeleceu para os químicos desta família. Até o final deste ano de 2019 (end of this year), a EPA proporá uma regulamentação, há muito aguardada, sobre o PFAS. O FDA estabeleceu um grupo de trabalho interno da agência quanto aos PFAS, para estabelecer níveis de básicos para os PFAS em alimentos.
A FDA expandiu seus testes no ano passado para analisar os níveis de PFAS em alimentos “tipicamente consumidos pelos norte americanos” e não amostragem de áreas específicas de contaminação. A agência disse que é a primeira vez que “testam os PFAS em uma amostragem tão diversa de alimentos”.
Em seu comunicado à imprensa em junho pp (press announcement), a FDA disse acreditar que a contaminação por PFAS encontrada em 14 amostras de 91 “provavelmente não seria [um] problema de saúde”. Enquanto isso, seus testes revelaram níveis de “forever chemicals” (nt.: substâncias químicas que não se sabe ainda se irão um dia se decompor, por isso químicos para sempre) que superam 70 partes por trilhão (a recomendação federal existente –existing federal recommendation– para PFAS em água potável) em amostras de peru, tilápia, bacalhau assado, salmão, carne bovina, costeleta de cordeiro, camarão, coxas de frango e peixe-gato. O bolo de chocolate tinha níveis acima de 250 vezes os permitidos pelas diretrizes federais.
As agências federais como a EPA (EPA) têm sido muito lerdas para regulamentar produtos químicos, especialmente sob o governo Trump. No entanto, houve um recente esforço bipartidário no Congresso para tratar destas substâncias, por exemplo, proibindo novos usos ou desenvolvimento de produtos químicos desta mesma família, com pelo menos 20 projetos de lei introduzidos nesta sessão, de acordo com a agência de notícias The Hill.
“Estes compostos estão no ambiente. Sabemos que eles se acumulam em nossos corpos. E produzem resultados adversos à saúde”, disse DeWitt. “Acho que é hora de tomar uma decisão para que as pessoas possam ser protegidas.”
Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, outubro de 2019.