Program on Reproductive Health and the Environment – University of California, San Francisco
Um estudo nacional que envolveu um grupo altamente diversificado de mulheres grávidas ao longo de um período de 12 anos descobriu uma exposição crescente a produtos químicos de plásticos e agrotóxicos que podem ser prejudiciais ao desenvolvimento do embrião e, após, do feto.
Muitos dos produtos químicos aos quais as mulheres foram expostas eram produtos químicos de substituição: novas formas de produtos químicos que foram banidos ou eliminados que podem ser tão prejudiciais quanto os que eles substituíram. O estudo também descobriu que muitas mulheres foram expostas a neonicotinóides, um tipo de agrotóxico tóxico para as abelhas.
Os pesquisadores mediram 103 produtos químicos, principalmente agrotóxicos, plásticos e produtos químicos substitutos para BPA e ftalatos, usando um novo método que capturou dezenas de produtos químicos ou traços químicos de uma única amostra de urina.
Mais de 80 por cento dos produtos químicos foram encontrados em pelo menos uma das mulheres no estudo, e mais de um terço dos produtos químicos foram encontrados na maioria dos participantes. O estudo também descobriu que alguns desses produtos químicos estavam presentes em quantidades maiores do que as observadas em estudos anteriores.
Número de produtos químicos em mulheres grávidas está aumentando
“Esta é a primeira vez que conseguimos medir as quantidades de produtos químicos em um grupo tão grande e diversificado de mulheres grávidas – não apenas identificá-las”, disse Tracey J. Woodruff, PhD, professora e diretora da Universidade da Califórnia, Programa de Saúde Reprodutiva e Meio Ambiente de São Francisco (UCSF) e codiretor do UCSF EaRTH Center, e autora sênior do estudo publicado na edição de 17 de maio de 2022 da Environmental Science & Technology.
“Nossas descobertas deixam claro que o número e o escopo de produtos químicos em mulheres grávidas estão aumentando durante um período de desenvolvimento dos embriões e fetos, ou seja, tempo de muita vulnerabilidade tanto para a gestante quanto para o feto”.
A exposição pré-natal a produtos químicos industriais pode vir do ar, alimentos, água, plásticos e outros produtos industriais e de consumo. Embora esses produtos químicos possam ser prejudiciais à gravidez e ao desenvolvimento infantil, poucos desses produtos químicos são monitorados rotineiramente nas pessoas.
O estudo incluiu 171 mulheres da Califórnia, Geórgia, Illinois, New Hampshire, Nova York e Porto Rico que fazem parte do programa National Institutes of Health Environmental influences on Child Health Outcomes. Cerca de um terço (34%) eram brancos, 40% eram latinos, 20% eram negros e os 6% restantes eram de outros ou múltiplos grupos.
Níveis mais altos de muitos produtos químicos potencialmente perigosos em Latinas
O estudo encontrou exposições mais altas para mulheres não brancas, com menor escolaridade, solteiras ou expostas ao tabaco. Mas as latinas tinham níveis especialmente altos de parabenos, que são usados como conservantes, assim como ftalatos e bisfenóis, que são usados em plásticos.
“Embora agrotóxicos e produtos químicos de substituição fossem predominantes em todas as mulheres, ficamos surpresos ao descobrir que as latinas tinham níveis substancialmente mais altos de parabenos, ftalatos e bisfenóis”, disse Jessie Buckley, PhD, professora associada de saúde e engenharia ambiental, bem como de epidemiologia, na Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health e primeira autora do estudo. “Isso pode ser resultado de maiores exposições a produtos químicos, como alimentos processados ou produtos de higiene pessoal”, disse Buckley.
Uma lista completa de autores está disponível no artigo .
Sobre os autores do estudo
Jessie Buckley, PhD , é professora associada de saúde ambiental, engenharia e epidemiologia na Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health.
Tracey J. Woodruff, PhD , é uma das principais especialistas em produtos químicos e saúde, professora e diretora do Programa de Saúde Reprodutiva e Meio Ambiente da UCSF, co-diretora do Centro de Pesquisa e Tradução Ambiental em Saúde (EaRTH) e ex-EPA cientista senior.
Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, maio de 2022.
