O bisfenol A, composto presente em alguns tipos de plástico, pode ter um impacto sobre os hormônios da tireoide, segundo um estudo desenvolvido na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apresentado nesta quinta-feira (28) na XXIX Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE), em Caxambu, Minas Gerais. Os resultados sugerem que a ingestão da substância, presente em vários tipos de embalagem de alimentos e bebidas, pode levar ao ganho de peso (nota do site: substância considerada obesogênica conforme várias matérias do site).
http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2014/09/03/108448-estudo-brasileiro-liga-composto-presente-no-plastico-a-ganho-de-peso.html
A pesquisa conduzida pela pesquisadora Andrea Claudia Freitas Ferreira avaliou o efeito do bisfenol A, usado em plásticos que têm policarbonato em sua composição e em resinas epóxi, e dos ftalatos, usados para dar maleabilidade ao plástico.
Andrea explica que a glândula tireoide produz hormônios que atuam em todos os sistemas do organismo. Ela produz principalmente o hormônio T4, que tem 4 átomos de iodo. Mas o hormônio ativo é o T3, que tem 3 átomos de iodo. Enzimas chamadas desiodades são responsáveis por retirar um átomo de iodo do T4, transformando-o em T3, ativando dessa forma os hormônios tireoidianos.
A pesquisa avaliou o impacto dos compostos do plástico nas enzimas desiodases. “Os experimentos foram realizados in vitro, ou seja em um tubo de ensaio. Nós incubamos amostras de tecidos que têm desiodase com os compostos citados e medimos a atividade enzimática”, explica Andrea. O resultado foi que a presença do bisfenol A inibiu a atividade das desiodades. Ou seja: o composto atrapalhou a ativação dos hormônios da tireoide. Já os ftalatos não interferiram na atividade das enzimas.
Segundo Andrea, caso o mesmo resultado seja observado em estudos com animais, é possível concluir que a diminuição da ação dos hormônios da tireoide predisponha o indivíduo ao ganho de peso. “Esses hormônios são importantes estimuladores do gasto energético e o peso corporal é determinado pelo equilíbrio entre a quantidade de energia obtida na alimentação e a quantidade de energia gasta para manter o metabolismo corporal”, observa a pesquisadora.
Estudos anteriores já encontraram relações entre o nível de bisfenol A encontrado na urina dos indivíduos e a obesidade.
Melhor evitar – “Em relação ao consumo de alimentos e bebidas em embalagens plásticas, o ideal é que se minimize ao máximo, visto que componentes do plástico podem passar para os alimentos e bebidas, principalmente quando o recipiente é aquecido e resfriado”, diz Andrea, que orienta que o ideal é dar preferência a recipientes de vidro.
Uma outra preocupação que devemos ter, segundo ela, é em relação ao destino do lixo. “Muito material plástico é lançado no ambiente e acaba sendo ingerido por outros seres vivos. Como nós estamos no topo da cadeia alimentar, acabamos ingerindo esses compostos através da nossa alimentação.”
Por causa de estudos que levantaram dúvidas sobre a segurança do bisfenol A, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a importação e fabricação de mamadeiras que contenham a substância no Brasil. Para outras aplicações, porém, o bisfenol A ainda é permitido, segundo a agência. O que a legislação estabelece é um limite de transferência dessa substância para o alimento, valor definido com base em estudos toxicológicos.
(Fonte: G1)