Especialistas e deputados divergem sobre riscos de contaminação por agrotóxicos.

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Em audiência pública nesta terça-feira na Comissão de Meio Ambiente e , especialistas e deputados divergiram sobre os riscos de contaminação por agrotóxicos. Pesquisa da Universidade Federal de Mato Grosso, discutida na audiência, constatou a presença de resíduos de agrotóxicos no leite materno.

http://www.ecodebate.com.br/2012/07/05/especialistas-e-deputados-divergem-sobre-riscos-de-contaminacao-por-agrotoxicos/

 

veneno

 

Médico e coordenador do estudo, Wanderley Pignati, confirmou a contaminação de um natural que deveria ser puro. “Não existe legislação, nacional nem internacional, dizendo o quanto de agrotóxico é permitido no leite materno. Não é para ter nada”, afirmou, ao informar que a pesquisa analisou dez tipos de agrotóxicos. Um deles, o DDE, estava presente em 100% das amostras; o Endosulfan, em 76%; e o Deltametrina, em 34%.

O DDE é um derivado do inseticida DDT, que teve o uso agrícola proibido em 1985. O Endosulfan, que resiste por até seis anos no meio ambiente, tem prazo para sair do mercado até julho de 2013, por determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária ().

Males à saúde
, aborto e danos cardiorrespiratórios estão entre os males que esses produtos causam à saúde humana. Segundo Pignati, só o Mato Grosso usa, em média, 113 milhões de litros de agrotóxicos por ano. Em todo o , ele acredita que esse volume chegue perto de um bilhão de litros, contaminando a população em geral por meio da alimentação, ar e água.

“Uma pesquisa que a gente tem feito junto com a Fiocruz, já há quatro anos, monitora resíduos de agrotóxicos em poços artesianos, no ar e na chuva. Porque uma parte desses agrotóxicos evapora, condensa e desce na chuva. A gente colocou coletor de chuva em pátio de colégios, tanto na zona urbana quanto na zona rural, e está lá a presença de vários tipos de agrotóxicos na chuva. Não é chuva ácida. É chuva que contém resíduos de agrotóxicos, para se ver o tamanho da contaminação que está acontecendo no Brasil”, relatou.

Segundo o pesquisador, a contaminação atinge tanto as grandes plantações de e cana quanto as pequenas culturas de pimentão, tomate e alface. Para reverter esse quadro, Pignati sugere a adoção de modelos alternativos de produção, como o orgânico ou o agroecológico.

Críticas ao estudo
Já a Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) levou outros cientistas à audiência para afirmar que a pesquisa da Universidade é baseada em dados e métodos imprecisos, que mostram resultados “inconclusivos e não confiáveis”. O gerente de regulamentação da Andef, Guilherme Guimarães, garantiu que o protocolo de uso de agrotóxicos no Brasil segue padrões internacionais.

“O Brasil usa porque é necessário, pois temos talvez a maior área agricultável tropical do mundo. Para você ter uma ideia, se a ferrugem da soja vier em uma cultura, ela pode destruir 100% caso não controlada a tempo. Em média, 40% a 45% das colheitas não são perdidas pelo uso de agrotóxico”, explicou. Guimarães ressaltou que todos esses produtos são aprovados pela Anvisa ou pelo . “Então, se estiver dentro do uso correto, nós não vemos nenhum problema para a saúde ou para o meio ambiente”, afirmou.

O professor de Química da Universidade de São Paulo e superintendente do Instituto Brasileiro de Referência Ambiental, Eduardo Peixoto, disse ter submetido a pesquisa do UFMT ao rigor científico e detectou problemas quanto aos limites de detecção e quantificação do estudo, à validação do método e ao número de amostras analisadas. Ele sugeriu que a pesquisa fosse refeita.

Felix Guillermo Reyes, professor de toxicologia de alimentos do Departamento de Ciências de Alimentos da Unicamp, elogiou a pesquisa, mas também disse ter sentido falta de alguns elementos fundamentais para a validação do método científico.

O pesquisador Pignati rebateu as críticas quanto à imprecisão de seu estudo, lembrando que a pesquisa teve a coordenação da Fiocruz e cita outros 15 trabalhos já realizados no Brasil e com resultados ainda mais alarmantes.

Mais clareza
Autor do requerimento para a realização do debate, o deputado Stefano Aguiar (PSC-MG) disse que a intenção do debate não era fazer uma “caça às bruxas”, mas buscar maior clareza quanto aos reais níveis de agrotóxico sobre o leite materno e outros alimentos, além de seu poder de contaminação.

Os deputados Valdir Colatto (PMDB-SC) e Paulo Cesar Quartiero (DEM-RR) disseram que há exageros na pesquisa da UFMT e garantiram os agricultores brasileiros têm plena preocupação com o controle de suas lavouras sem prejudicar a saúde humana. Colatto também reclamou de demora da Anvisa na liberação do uso de novos defensivos agrícolas menos contaminantes e mais baratos para o produtor.

Segundo a Anvisa, 14 agrotóxicos comercializados no Brasil passam por reavaliação da agência desde 2008. A análise é lenta porque enfrenta ações judiciais dos fabricantes e a agência só conta com 21 funcionários neste setor. Treze desses produtos já foram proibidos nos Estados Unidos.

Matéria da Agência Câmara de Notícias.

 

 

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