Emergência climática: Em meio a enchentes mortais, Alemanha se afasta de metas climáticas

Qualquer semelhança com o Rio Grande do Sul é mera global. Ou é solidariedade dos alemães com seus descendentes daqui, na região da colônia alemã gaúcha? CAN Europe/via Flickr

https://climainfo.org.br/2024/06/03/em-meio-a-enchentes-mortais-alemanha-se-afasta-de-metas-climaticas

ClimaInfo, 4 de junho de 2024.

[NOTA DO WEBSITE: A mensagem que o Planeta tem nos dado é definitiva e explícita. Vale uma correlação que poderá soar para muitos como exagerada, mas talvez não. Na linguagem planetária, não adianta os fatos serem sentidos por locais tão longe do Umbigo Civilizatório porque o individualismo do supremacismo branco, está convicto de que as fatídicas calamidades acontecem somente no mundo subdesenvolvido. Mas pasmem! Olhem o que, por uma segunda vez nos últimos anos, está se passando no centro da dispersão colonialista do século XIX, a Alemanha. Já se deram conta de que a enchente do Rio Grande do Sul aconteceu no ‘berço’ da colonização alemã no Brasil, a partir de 1824? São Leopoldo, no vale do Rio dos Sinos, e dali para cima no vale do rio Taquari com Estrela, Lajeado, Arroio do Meio e assim por diante? O que será que a Terra está querendo nos dizer quando a cheia do sul do Brasil se dá, poucas semanas antes da cheia que ocorre agora no sul da Alemanha? Pura coincidência ou grande conexão antropológica? Lembram todos de que foram os chamados colonos alemães, antes dos italianos, que ‘colonizaram’ essa região e depois ‘subiram’ para a região das Missões, onde chega a soja na década de 60? E que ali se dá o berço do hoje agronegócio com sua visão de mundo da colonialidade das ‘commodities’ e da devastação ambiental de todo o oeste brasileiro indo depois para a Amazônia e agora no Cerrado? Será que não está nos dando alguma informação dessa conexão climática com a visão de mundo da apropriação dos ambientes para satisfazerem suas crenças civilizatórias? Quem sabe? Será que não é o tempo de nos reavaliarmos como nos relacionamos com todos os biomas planetários? Com humildade e humanidade?].

Painel de conselheiros climáticos do governo alemão disse que país provavelmente não cumprirá suas próprias metas de emissões de gases de efeito estufa para 2030.

Milhares de moradores da Baviera e de Baden-Württemberg, no sul da Alemanha, tiveram de deixar suas casas desde que tempestades que atingiram a região na 6ª feira (31/5) provocaram inundações dramáticas. Foram confirmadas 4 mortes em decorrência das enchentes até 2ª feira (3/6), quando o premier alemão Olaf Scholz esteve na área atingida.

O governo alemão disse que as inundações mortais serviram como um alerta para o país continuar a luta contra as mudanças climáticas, informa a Reuters. Contudo, também ontem o Conselho de Especialistas em Questões Climáticas, que tem autoridade independente para avaliar o desempenho climático alemão, afirmou que a Alemanha provavelmente não alcançará sua meta de reduzir 65% das emissões de gases de efeito estufa até 2030 em comparação com 1990, porque setores como transporte e construção estão tendo dificuldades para cumprir suas metas, destacam Reuters e POLITICO.

“No geral, não podemos confirmar” que a meta para 2030 será cumprida, disse Hans-Martin Henning, presidente do conselho. “Pelo contrário, assumimos que a meta não será cumprida”, completou ele. Para agravar ainda mais o quadro, o colegiado destacou que, no ritmo atual, a Alemanha também não se tornará net zero até 2050.

Em março, o ministro alemão da Proteção Climática, Robert Habeck, citando dados da Agência Federal do Meio Ambiente (UBA), disse que a Alemanha estava no caminho certo pela primeira vez para atingir suas metas climáticas, após as emissões caírem 10% em 2023. No entanto, um mês depois, o país introduziu uma lei de proteção climática mais flexível, que dá margem de manobra a setores com baixo desempenho, como o transporte. 

Apesar disso, a Lei de Proteção Climática exigirá que o governo alemão tome medidas corretivas para a meta de 2030 se o conselho confirmar suas conclusões em seu próximo relatório anual em 2025.

As inundações na Alemanha e o possível não cumprimento das metas climáticas do país também foram repercutidos por DWFrance24APEuronewsGuardian e Bloomberg.