Os leões estão listados como vulneráveis na lista vermelha da IUCN, com talvez apenas 23.000 na natureza. Foto de Zdeněk Macháček / Unsplash
https://www.nationalobserver.com/2022/10/14/news/nature-loss-reaching-catastrophic-levels
14 de outubro de 2022
As populações de vida selvagem da Terra caíram em média 69% em pouco menos de 50 anos, de acordo com uma importante avaliação científica, à medida que os humanos continuam a desmatar florestas, consumir além dos limites do planeta e poluir em escala industrial.
Do oceano aberto às florestas tropicais, a abundância de pássaros, peixes, anfíbios e répteis está em queda livre, diminuindo em média mais de dois terços entre 1970 e 2018, de acordo com a bienal Living Planet Report. Há dois anos, o número era de 68%, há quatro anos, era de 60%.
Muitos cientistas acreditam que estamos vivendo a sexta extinção em massa – a maior perda de vida na Terra desde a época dos dinossauros – e que ela está sendo impulsionada por humanos. Os 89 autores do relatório estão pedindo aos líderes mundiais que cheguem a um acordo ambicioso na cúpula da biodiversidade COP15 no Canadá em dezembro deste ano e reduzam as emissões de carbono para limitar o aquecimento global a menos de 1,5°C nesta década para deter a destruição desenfreada da natureza.
O Living Planet Index combina a análise global de 32.000 populações de 5.230 espécies animais para medir as mudanças na abundância de vida selvagem em todos os continentes e táxons, produzindo um gráfico semelhante a um índice de ações da vida na Terra.
A região da América Latina e do Caribe – incluindo a Amazônia – registrou o declínio mais acentuado no tamanho médio da população de animais selvagens, com uma queda de 94% em 48 anos. Tanya Steele, executiva-chefe do WWF-UK, disse: “Este relatório nos diz que os piores declínios estão na região da América Latina, que abriga a maior floresta tropical do mundo, a Amazônia. As taxas de desmatamento estão acelerando, despojando esse ecossistema único não apenas das árvores, mas da vida selvagem que depende delas e da capacidade da Amazônia de atuar como um dos nossos maiores aliados na luta contra as mudanças climáticas.”
A África teve a segunda maior queda com 66%, seguida pela Ásia e Pacífico com 55% e América do Norte com 20%. A Europa e a Ásia Central tiveram uma queda de 18%. A perda total é semelhante ao desaparecimento da população humana da Europa, Américas, África, Oceania e China, de acordo com o relatório.
“Apesar da ciência, das projeções catastróficas, dos discursos e promessas apaixonados, das florestas em chamas, dos países submersos, das temperaturas recordes e dos milhões de deslocados, os líderes mundiais continuam sentados e assistindo nosso mundo queimar diante de nossos olhos”, disse Steele. “As crises do clima e da natureza, seus destinos entrelaçados, não são uma ameaça distante que nossos netos resolverão com tecnologia ainda a ser descoberta.”
Ela acrescentou: “Precisamos que nosso novo primeiro-ministro mostre que o Reino Unido leva a sério ajudar as pessoas, a natureza e a economia a prosperar, garantindo que todas as promessas para o nosso mundo sejam cumpridas. Ficar aquém não será esquecido nem perdoado.”
As principais instituições de caridade da natureza acusaram Liz Truss (nt.: no dia 21 de outubro passado, ela pediu sua ‘exoneração’) de colocar a economia antes da proteção da natureza e do meio ambiente, e estão preocupadas que animais e plantas raros possam perder suas proteções quando sua promessa de uma “fogueira” de burocracia da UE acontecer no final deste ano.
A enorme escala de perda de espécies causada pelo homem exige ação urgente, dizem os principais cientistas do mundo. #Animais #Vida Selvagem #Biodiversidade #LivingPlanetReport
O relatório aponta que nem todos os países têm os mesmos pontos de partida com o declínio da natureza e que o Reino Unido tem apenas 50% de sua riqueza em biodiversidade em comparação com os níveis históricos, de acordo com o índice de integridade da biodiversidade, tornando-o um dos mais esgotados países do mundo em termos de natureza.
A mudança no uso da terra ainda é o fator mais importante da perda de biodiversidade em todo o planeta, de acordo com o relatório. Mike Barrett, diretor executivo de ciência e conservação do WWF-UK, disse: “Em nível global, principalmente os declínios que estamos vendo são impulsionados pela perda e fragmentação de habitat impulsionadas pelo sistema agrícola global e sua expansão para habitat intacto, convertendo para produzir alimentos”.
Os pesquisadores ressaltam a dificuldade crescente que os animais estão tendo para se mover pelas paisagens terrestres, pois são bloqueados por infraestrutura e terras agrícolas. Apenas 37% dos rios com mais de 1.000 quilômetros continuam fluindo livremente ao longo de toda a sua extensão, enquanto apenas 10% das áreas protegidas em terra do mundo estão conectadas.
Os declínios futuros não são inevitáveis, dizem os autores, que identificam o Himalaia, sudeste da Ásia, costa leste da Austrália, Albertine Rift e montanhas do Arco Oriental na África Oriental e a bacia amazônica entre as áreas prioritárias.
A IUCN também está desenvolvendo um padrão para medir o potencial de conservação de um animal, conhecido como status verde, que permitirá aos pesquisadores traçar um caminho para a recuperação de algumas das um milhão de espécies ameaçadas de extinção na Terra. O pombo rosa, o bettong escavador (nt.: rato canguru da Austrália) e o rinoceronte de Sumatra foram destacados como espécies com bom potencial de conservação em um estudo do ano passado.
Robin Freeman, chefe da unidade de indicadores e avaliações da ZSL, disse que está claro que a humanidade está corroendo os próprios fundamentos da vida, e é necessária uma ação urgente. “Para ver qualquer curvatura da curva de perda de biodiversidade… não se trata apenas de conservação, trata-se de mudar a produção e o consumo – e a única maneira de legislar ou exigir isso é ter essas metas mensuráveis claras que pedem a recuperação da abundância, redução do risco de extinção e a cessação das extinções na COP15 em dezembro.”
Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, outubro de 2022.
Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, outubro de 2022.