Efeitos de pequenas doses dos químicos disruptores endócrinos.

O livro de Sheldon Krimsky, Hormonal Chaos, descreve a desfunção hormonal como uma mudança de paradigma em toxicologia. No centro desta mudança estão os resultados científicos (scientific results) demonstrando que os têm um impacto nos níveis de contaminação muito abaixo daqueles que interessam aos toxicologistas. Alguns destes níveis são tão baixos que a indústria insiste de que estes resultados não são confiáveis (reliable).

 

http://www.ourstolenfuture.org/newscience/lowdose/lowdose.htm

 

O velho paradigma focava na toxicidade aguda. Como podem altos níveis de contaminação afetar a saúde? Como elas matam diretamente? Como podem elas superar as defesas corpóreas, como se fossem um exército avassalador e invasor esmagando as defensas simplesmente pela força bruta e por seu alto número?

O novo paradigma reconhece que existem outros meios que a contaminação pode operar. Pensar de como os terroristas podem superar grandes forças. Em vez de usar a força bruta de grande volumes, o pequeno número de moléculas pode ludibriar o controle hormonal do desenvolvimento e causar danos intensos e por toda a vida, solapando o sistema imunológico, erodindo a inteligência, diminuindo a capacidade reprodutiva.

Este ataque terrorista sobre o desenvolvimento fetal funciona porque algumas substâncias químicas agem como impostores, insinuando-se elas mesmas nos sistema hormonal natural dos organismos que naturalmente direciona o desenvolvimento fetal. Estes sinais hormonais naturais trabalham em baixíssimas concentrações. E os impostores fazem o mesmo, algumas vezes em níveis dezenas de milhares de vezes mais baixos do que o desempenho da força bruta considerada como ativa pela toxicologia tradicional.

As implicações deste novo paradigma são muito profundas. Cada pessoa que está no dia a dia dos tempos atuais leva níveis mensuráveis de muitas centenas de químicos sintéticos, contaminantes que não existiam antes do século XX. Enquanto nós somos completamente ignorantes sobre os impactos sobre a saúde da maioria destes compostos químicos–e profundamente então sobre interações–os toxicologistas acreditam que estes níveis de fundo, aqueles experimentados pelas maioria das pessoas e praticamente inevitáveis no mundo de hoje, são seguros. Esta suposição de segurança foi reconhecida porque os cientistas os consideraram sob o velho paradigma e, com significativas exceções, eles não estavam examinando os organismos mortos.O novo paradigma indica que uma geração inteira de pessoas ligadas à ciência empregou para examinar as substâncias químicas uma visão de segurança equivocada, já que ignorou impactos vitais nas exposições em baixos níveis e possivelmente atribuiram falsas garantias de segurança.

Parte deste novo paradigma está também o reconhecimento de que as velhas suposições sobre a natureza da relação entre dose e resposta às vezes podem ser violadas. A toxicologia tradicional pressupõe que as curvas dose-resposta são sempre monotônicas (monotonic): ou seja, que doses mais elevadas têm um efeito maior do que doses mais baixas. Este pressuposto serve de base para regulamentar todos os testes: nenhum efeito sendo encontrado em níveis elevados, presume-se então que o contaminante é seguro. Ele também geralmente pressupõe que existe um nível limite de exposição (threshold level of exposure), abaixo do qual nenhum efeito ocorre.

Acontece que os sistemas hormonais não tão simples assim. Algumas vezes altas doses desativam os efeitos que ocorrem em baixas doses. Isso podem levar a curvas de dose-resposta que são não-monotônicas: dose baixa e intermediária produzem efeitos que são maiores que altas doses. Em termos matemáticos, a inclinação da curva dose-resposta muda de sinal. A presença de curvas não monotônicas de dose-resposta (non-monotonic dose response) na desfunção endócrina, significa que muitas análises toxicológicas conduziram a conclusões errôneas quanto à segurança. (nt.: abaixo colocamos dois quadros com exemplos de curvas monotônicas e não monotônicas).

Outra importante suposição destas abordagens de regulamentação das substâncias é que há um limite de tolerância (threshold) abaixo do qual nenhum efeito ocorreria. Aqui, também, as substâncias disruptoras endócrinas violam e ultrapassam suposições longamente aceitas, mas nunca testadas.

O significa de que não só simplesmente nós não testamos os impactos toxicológicos da maioria das substâncias, como mesmo aquelas que testamos não foram examinadas adequadamente. Estas análises foram todas feitas pelo princípio de altas doses e trabalhou-se progressivamente na curva dose-resposta até que o efeito percebido em altas doses, desaparecesse. Uma vez que o nível “sem efeito” fosse alcançado, a bateria de testes é suspenso, assumindo-se o limite de tolerância (threshold), ignorando-se a possibilidade da ocorrência de efeitos não monotônicos (non-monotonic effects) em baixos níveis.

 

O quadro mostra os dois tipos de curvas dose-resposta, a curva monotônica e a não monotônica.

O quadro mostra a situação típica da curva não monotônica do hormônio feminino estradiol e seus receptores.

 

Tradução de Luiz Jacques Saldanha, agosto de 2013.

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