Um estudo publicado na revista Science (nota do site: abaixo está na íntegra) revelou que os oceanos recebem, a cada ano, 8 milhões de toneladas de lixo plástico. “Isso equivale a cinco bolsas de compras cheias de sacos plásticos a cada 30 centímetros no litoral dos 192 países analisados”, disse, em entrevista coletiva, Jenna Jambeck, professora de engenharia ambiental da Universidade da Geórgia, que liderou o estudo.
http://envolverde.com.br/ambiente/8-milhoes-de-toneladas-de-lixo-plastico-vao-parar-nos-oceanos-por-ano/
por Redação da SOS Mata Atlântica
O levantamento analisou dados de resíduos sólidos recolhidos em 192 países em 2010. Antes deste estudo, a última estimativa sobre lixo plástico nos oceanos foi em 1975.
Os resultados indicam que, das 275 milhões de toneladas de resíduos plásticos gerados em 2010, entre 4,8 e 12,7 milhões chegaram aos oceanos no mesmo ano. A China é o país que mais descarta lixo plástico nesses ambientes, são quase nove milhões de toneladas por ano. A Indonésia aparece em segundo lugar, o Brasil é o 16º e os Estados Unidos aparecem na 20ª posição.
A quantidade de resíduos plásticos nos mares vem aumentando a cada ano. De acordo com as projeções do estudo, em 2015 os oceanos receberão cerca de 9,1 milhões de toneladas de plástico.
A equipe de pesquisadores alertou que, caso providências não sejam tomadas, como a diminuição da produção de lixo, a melhora da gestão de resíduos e a ampliação dos sistemas de reciclagem de plástico, esta quantidade poderá ter um impacto acumulativo de até 155 milhões de toneladas em 2025.
Além da ação do poder público, cada cidadão também tem responsabilidade na reversão deste prognóstico sombrio para nossos mares.
* Publicado originalmente no site SOS Mata Atlântica.
ÚLTIMAS NOTÍCIAS – 2014
(Nota do site: abaixo estão as últimas notícias deste mês de fevereiro de 2015)
Noventa e nove porcento do plástico dos oceanos está desaparecido.
http://news.sciencemag.org/environment/2014/06/ninety-nine-percent-oceans-plastic-missing
JOAN COSTA
Na caça. O navio laboratório espanhol Hesperides reboca uma rede projetada para deslizar na superfície do oceano, recolhendo partículas plásticas flutuantes.
Milhões de toneladas. Esta é a quantidade de plástico de deveria estar flutuando nos oceanos do planeta, dada a ubiquidade com que se usa este produto. Mas um novo estudo verifica que 99% dele está desaparecido. Uma possibilidade perturbadora: os peixes devem estar ingerindo este material.
Se este for o caso, “há uma probabilidade deste plástico entrar, globalmente, na cadeia alimentar dos oceanos,” diz Carlos Duarte, um oceanógrafo da Universidade do oeste da Austrália, Crawley. “E somos parte desta cadeia alimentar”.
Os seres humanos produzem quase 300 milhões de toneladas de plástico a cada ano. A maioria delas termina em aterros sanitários ou lixões. No entanto, um estudo da Academia Nacional de Ciências, nos anos setenta, estimou que 0,1% de todo o plástico, erode em direção aos mares vindo dos espaços urbanos, carregado pelos rios, arroios, inundações ou tempestades, além daquilo que é despejado pelos navios em pleno oceano. Parte deste material fica preso no gelo do Ártico (trapped in Arctic ice) e outra chega às praias, podendo tornar-se um conglomerado rochoso como o encontrado no Hawaii (rocks made of plastic). Mas a vasta maioria pode estar ainda flutuando pelo mar afora, presa nos Grandes Giros (nt.: ver-https://nossofuturoroubado.com.br/plasticos-fragmentos-em-todos-os-oceanos/) ou Grandes Círculos oceânicos—como grande redemoinhos no centro dos oceanos, como o Great Pacific Garbage Patch.
Para calcular quanto resíduo está flutuando nestes retalhos de refugos, quatro navios da expedição Malaspina, um projeto global de pesquisa que estudo os oceanos, fisgou os plásticos por todos os maiores giros entre 2010 e 2011. Depois de meses de passar redes com malhas muito finas ao redor do mundo, os navios trouxeram a luz—uma questão. Em vez de milhões de toneladas que os cientistas vinham esperando, calcularam que a carga global de plástico nos oceanos deve ser em torno de 40 mil toneladas apenas (the researchers calculated the global load of ocean plastic to be about only 40,000 tons at the most) conforme reportado online nesta data no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences. “Nós não podemos contar com 99% do plástico que temos nos oceanos”, diz Duarte, o pesquisador líder da equipe.
Ele suspeita que uma grande parte deste plástico desaparecido tenha sido comigo pelos animais marinhos. Quando o plástico está flutuando pelo mar aberto, as ondas e a radiação solar podem fragmentá-lo em partículas cada vez menores, até ficam tão pequenas que começa a parecer como se fosse alimento para os peixes—especialmente para o pequeno peixe lanterna, um peixe bem comum amplamente disperso conhecido por ingerir plástico.
“Sim, os animais estão comento isso”, diz o oceanógrafo Peter Davison do Farallon Institute for Advanced Ecosystem Research sediado em Petaluma, Califórnia, que esteve envolvido neste estudo. “Isso tudo é indiscutível”. Mas, diz ele, ainda é difícil saber neste momento quais as consequências biológicas que têm. Poluentes tóxicos oceânicos como o agrotóxico tipo DDT, os PCBs/Ascarel ou o mercúrio aderem à superfície dos plásticos, levando-os a “sugar todos os poluentes presentes na água e concentrando-os”. Quando os animais ingerem o plástico, estes venenos podem ir para o organismo do peixe e atravessar a cadeia alimentar até espécies comercializáveis como atum e peixe espada. Ou, diz Davison, os tóxicos nos peixes “podem se dissolver de volta na água … ou por tudo o que sabemos eles podem regurgitar [o plástico] ou evacuá-los e não há danos a longo prazo. Nada sabemos”.
É impossível saber o quanto os animais estão ingerindo, diz Kara Law, um oceanógrafo físico da Sea Education Association em Woods Hole, Massachusetts, que esteve envolvido neste trabalho. A quantidade estimada de plástico entrando no oceano que o estudo empregou é de quase a metade do século passado e “estamos necessitando desesperadamente de uma melhor estimativa de quanto plástico está entrando nos oceanos anualmente”.
Além do mais, tanto Davison como Law dizem que há uma série de outros locais potenciais onde o plástico poderia ter terminando. Levado para as praias da costa e uma boa quantidade poderia ter se degradado em pedaços muito pequenos para serem detectados. Outra possibilidade é organismos aderirem a eles crescendo sobre os plásticos e arrastando este lixo para abaixo da superfície do mar, suspendendo-o na coluna de água ou mesmo afundando-os completamente até o fundo do oceano. Microrganismos podem estar inclusive ingerindo este tipo de coisa.
Qual seria o melhor cenário para este plástico desaparecido? Estaria afundando com o peso dos organismos que se grudaram a ele ou está indo com as fezes dos animais marinhos e daí sendo enterrado no fundo do oceano, diz Law. “Não consigo imaginar um cenário pior, com toda a franqueza. Realmente não sabemos o que o plástico está causando”.
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Aqui está o quanto de plástico entra nos oceanos a cada ano.
http://news.sciencemag.org/earth/2015/02/here-s-how-much-plastic-enters-ocean-each-year
SCIENCESHOT
MALIN JACOB
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Levou quase meio século, mas agora os cientistas finalmente têm a compreensão sobre quanto de plástico entra no mar aberto a cada ano. A última estimativa foi em 1975, quando um estudo da National Academy of Sciences arriscou um palpite que em torno de 0,1% da produção global de plástico seria varrida para o mar anualmente. Agora, os pesquisadores dizem que a realidade é muito mais sombria. A equipe analisou quanto do lixo plástico cada país costeiro no mundo produzia e estimava quanto disso podia potencialmente acabar que vazasse como lixo tanto nos lixões como em aterros sanitários. Os cientistas calcularam que aproximadamente de 15% a 40% do plástico jogado fora ou aterrado vão para os oceanos a cada ano. Adicionando juntos todos os 192 países no mundo com população costeira significativa, os pesquisadores reportaram online hoje no website da Science de que em torno de 4 a 12 milhões de toneladas de plástico são eliminadas nas praias somente em 2010 (about 4 million to 12 million metric tons of plastic washed offshore in 2010 alone) ou em torno de 1,5% a 4,5% da produção total de plástico no mundo—o bastante para cobrir cada centímetro da linha costeira de todo o planeta (nt.: o grifo é do tradutor). E aqui é exatamente o início dos problemas, diz a equipe, já que os cientistas ainda não sabem onde mais do que 99% dos retalhos (scientists still don’t know where more than 99% of ocean plastic debris) terminam—e qual o impacto que isso tem sobre a vida marinha e sobre os fornecimentos alimentares humanos. E ainda mais, os autores preveem que o montante anual de resíduos de plástico indo para o mar vai mais que dobrar nos próximos 10 anos.
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Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, fevereiro de 2015.