Produtos derivados da biologia sintética (nt.: em inglês – synthetic biology – popularly called synbio. É a mesma expressão que se está usando no Brasil), uma nova tecnologia que cresce rapidamente, estão chegando para invadir o mercado sem uma estruturação de legislações e regulamentações no espaço que exija uma avaliação pré mercado de seus riscos únicos tanto quanto à saúde como ao ambiente. Num futuro muitíssimo próximo, uma série de produtos alimentícios e agrícolas podem estar sendo colocados tanto no mercado sem rotulagem como nos ecossistemas naturais sem controles de biossegurança ou ainda entendermos sobre seus efeitos destes organismos sinteticamente modificados/OSM (nt.: em inglês – Synthetically Modified Organisms/SMOs) sobre a diversidade biológica.
http://www.iatp.org/documents/from-gmo-to-smo-how-synthetic-biology-evades-regulation
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Published August 7, 2014
Este texto nos dá uma breve visão sobre a ‘synbio’ – biologia sintética (nt.: ver o link – http://synbiobrasil.org/), algumas de suas aplicações em alimentos, agricultura e produtos de consumo, além de uma explicação da lógica governamental dos EUA para a aplicação de quase trinta anos de uma política de desregulamentação para os organismos geneticamente modificados/OGMs (nt.: em inglês – Genetically Modified Organisms/GMOs), e agora também para os OSM (nt.: em inglês – SMOs).
Biologia sintética: do laptop para o projetado $38,7 bilhões de dólares no mercado global de 2020.
Em abril de 2008, o IATP (nt.: Institute for Agriculture and Trade Policy, ONG internacional e ativista na área do comércio globalizado, com sede em Minnosota/EUA, fundada em 1986, no tempo da Rodada Uruguay do antigo GATT que se transformou depois em OMC) provavelmente participou no primeiro “treinamento” em ‘synbio’ para ONGs.2 Um biólogo sintético 3 explanou que a biologia molecular, a plataforma científica para a modificação transgênica das plantas agrícolas, toma o DNA dos genes e rearranja-os como um sequestrador fazendo um bilhete de resgate com a colagem de diferentes revistas. Entretanto, disse ele, a biologia molecular é “lenta e atrapalhada” e se precisa fazer experimentos para se avaliar se a nova “mensagem” do DNA expressa a característica desejada.
Em contraste, ele continua, a biologia sintética projeta a sequência desejada do DNA num computador, baseando-se no conhecimento sobre a sequência de todo o genoma de um organismo simples, como uma bactéria. (A base de computador da ‘synbio’ é evidente já no título da primeira conferência internacional dedicada a este tema, “biologia sintética 1.0”, realizada em junho de 2004.4). O biólogo sintético especifica o comprimento da sequência genética desejada do genoma e a combinação específica dos quatro amino ácidos para transformar o projeto computadorizado numa sequência sintética do DNA.
Podemos então enviar uma mensagem com o nosso projeto para um comerciante de sequências de DNA, como a empresa ‘Codon Devices’. O comerciante lê nosso projeto e sequencia o DNA com os bits (algumas vezes chamados de BioBricks – nt.: os Biobricks são as partes biológicas padrão da biologia sintética) do DNA padronizado que foram “cortados” por enzimas e envia-nos a nossa sequência de DNA sintética num plasmídeo (nt.: moléculas circulares duplas de DNA capazes de se reproduzir independentemente do DNA cromossômico. Ocorrem geralmente em bactérias e, as vezes, também em organismos eucarióticos unicelulares e células de eucariotas superiores. O seu tamanho varia entre poucos milhares a mais de cem mil pares de bases) num tubo de ensaio. Estamos agora prontos para “brincar” com o DNA sintético, por exemplo num tanque de fermentação para produzirmos biocombutível celulósico, para ver se o que foi projetado no computador, na verdade “dá o starter” in vivo num ambiente celular. Isto é, se ele vive ou não, e se vive como células sinteticamente alteradas, também muta.5 (Ou comprarmos nós mesmos um sintetizador de mesa de DNA, podendo assim não termos que esperar para começarmos a jogar com o nosso Organismo Sinteticamente Modificado/OSM!)
De acordo com uma mini-história de ‘synbio’: lá por 2008, uma equipe interdisciplinar de biólogos, químicos, programadores de computadores e engenheiros estavam se questionado: “Poderia a biologia sintética evoluir para uma disciplina sofisticada da engenharia par e par com a engenharia elétrica e mecânica? Poderiam práticas como padronização das partes e abstrações hierárquicas 6 serem mapeadas em sistemas biológicos?” (“Abstração (ou hierarquia abstrata): um sistema para administrar complixidades biológicas pela eliminação de detalhes desnecessários; a abstração permite que pesquisadores em vários níveis (em em vários campos) trabalhem com e partilhem detalhes sobre dados biológicos sem conhecimento especializado”7). Suas respostas estão ressoando com um “sim!” sustentadas por inúmeros exemplos de portais bio- “interruptores de avalanca”, “circuitos de auto-regulação” -lógicos e outros equipamentos de circuito de genes programados em inovadores arranjos de DNA que um dia poderiam ser aplicados para produzirem produtos originais.
Claro que desde de 2008, as técnicas ‘synbio’ se proliferaram e tornaram-se mais complicadas. O orçamento anual de $500 milhões de dólares do Departamento de Engenharia Biológica da Universidade de Stanford9, sozinho apoia dezenas de projetos de pesquisa para miríades de aplicações comerciais. O primeiro alimento comercial e aplicações agrícolas da ‘synbio’ estão sendo anunciados, como as versões da Evolva da baunilha, sassafrás e resveratrol, ingrediente dietético suplementar tido para melhora saúde do coração e o controle da diabetes além da perda de peso.10 As versões ‘synbio’ permitem aos fabricantes contornarem algumas causas não confiáveis de linhas de suprimento, como por exemplo, doenças de plantas, clima adverso e agricultores demandando maiores valores por seus cultivos.
Preocupações sobre o trabalho na agricultura nos países em desenvolvimento como resultado dos produtos da ‘synbio’ análogos às mercadorias que os agricultores produzem, já foram expressadas pela primeira vez em 2007 pela ONG ETC Group.11 Mas foram descartadas como muitas das informações biológicas “desnecessárias” e apagadas ao se editar o genoma e na construção do circuito do genes. O executivo, CEO, da corporação suíça Evolva (nt.: ver o seu link oficial – http://www.evolva.com/), Neil Goldsmith insiste de que a baunilha ‘synbio’ de sua companhia está ai para “oferecer às pessoas uma alternativa às matérias primas que vêm de fábricas químicas”, como a baunilha derivada dos processos petroquímicos.12 Provavelmente haverá uma guerra de regulamentação se este e similares “alternativos” devem ser rotulados como um produto ‘synbio’ para os consumidores.”13
Um estudo prevê um mercado de $3 bilhões de dólares de 2013 tornar-se de $38,7 bilhões lá por 2020.14 Agricultura, biocombustíveis, fármacos e químicos são os carros chefes disponíveis pelos processos ‘synbio’. Tais projeções para outras tecnologias, por exemplo os quase $3 trilhões de dólares do mercado global de nanotecnologia de 2015,15 provaram ser otimismo desnecessário. No entanto, tal otimismo dirige tanto os governos como as corporações privadas a investirem mais em pesquisa e desenvolvimento na esperança de descobertas da “próxima grande coisa”. Existe uma grande estrutura de pressão sobre os cientistas e os legisladores para liberarem o mercado projetado para os investidores em nome do crescimento econômico e da criação de empregos como também uma forma de “enfrentar os desafios do século 21”.
O prognóstico da legislação para a ‘synbio’, nos EUA.
Estas róseas previsões de mercado estão baseadas no pressuposto de que estas técnicas de modificação de plantas agrupadas sob a ‘synbio’, não estarão sujeitas à uma regulamentação específica à ela, pelo menos nos EUA. Um relatório recente, co-financiado pelo Departamento de Energia dos EUA, define um “desafio fundamental”, nos EUA, a regulamentação pré mercado dos produtos ‘synbio’: “A biologia sintética e outras novas técnicas de engenharia genética provavelmente irão liderar um aumento no número de plantas geneticamente modificadas que não estarão sujeitas à revisão feitas pelo ministério da agricultura dos EUA (nt.: em inglês – USDA/U.S. Department of Agriculture), redundando potencialmente em cultivos de plantas geneticamente modificadas para testes de campo e produção comercial, sem uma regulamentação prévia que revisasse possíveis preocupações ambientais e de segurança”.17 Embora este relatório inclua algumas opções para a regulamentação da biologia sintética dentro das determinações legais já existentes, a resistência dos congressistas dos EUA para passarem uma legislação ambiental mais poderosa para qualquer tipo, provavelmente, impedirá a passagem de nova autorização para uma regulamentação específica para a ‘synbio’.
Uma avaliação de tecnologias de modificação de um gene alvo (nt.: em inglês – targeted gene modification/TagMo), algumas vezes agrupadas sob a biologia sintética, observa que “a ‘TagMo’ pode ser também usada para introduzir genes estranhos [no interior das plantas] sem empregar as técnicas tradicionais de DNA recombinante. Como um resultado, a ‘TagMo’ pode cair fora das regulamentações de definição e segurança existentes tanto nos EUA como na União Europeia”.18 Um documento orientador dirigido aos estrategistas europeus pela Plataforma de Novas Tecnologias de Melhoramento de Plantas (nt.: em inglês – New Breeding Technologies Platform/NBTP) fornece uma taxonomia (nt.: ciência que classifica os seres vivos, ordenando-os em famílias, espécies, gêneros, etc) legal elaborada das técnica de modificação pós transgênicos para justificar porque eles não devem ser regulamentados sob a legislação dos EUA como sendo organismos geneticamente modificados/OGMs (nt.: em inglês – genetically modified organisms/GMOs).19
Parece óbvio que os processos para criarem estes organismos sinteticamente modificados/OSMs e os produtos derivados destes mesmos processos, devem requerer nova legislação em razão de que as regulamentação atual dos OGMs cobre somente aquelas sequências genéticas que ocorrem na natureza, no entanto modificadas. Uma grande hipótese do “Marco Regulatório Norte Americano Coordenado para a Biotecnologia”, finalizado em 1986 e proposto pelo governo Reagan, é de que os danos potenciais e os riscos dos OGMs deveriam ser idênticos aos seus “confrontadores convencionais”. Se os reguladores determina que os riscos dos OGMs não são maiores nem diferentes daqueles que são seus “confrontantes convencionais”, por isso a variedade de cultivo transgênico é desregulamentada. 20
O Escritório dos EUA (Casa Branca) da Política de Ciência e Tecnologia decretou em 1992 que os regulamentadores podem avaliar riscos somente de forma casuística ou seja, na base de caso a caso, e também em termos de produtos e não o processo aplicado pára gerar produtos múltiplos. 21 Assim eles podem examinar, por exemplo, a baunilha ‘synbio’, mas não o processo tecnológico que foi empregado para produzir este produto. A estratégia da companhia de biologia sintética é fazer versões ‘synbio’ de alimentos que a agência que controla nos EUA alimentos e fármacos (nt.: em inglês – Food and Drug Administration) já considere ser reconhecidas de maneira geral como sendo seguras (nt.: em inglês – Generally Recognized As Safe/GRAS), no qual o processo de elaboração não tem “preocupação em regulamentar”.22
Em razão das agências de reguladoras dos EUA estarem cronicamente sem pessoal suficiente e com orçamentos precários e defasados, 23 esta exigência de revisão de produto a produto, domina os mandatos de desregulamentação pela equipe superocupada pelas aplicações da comercialização constantes. Na verdade, os Serviços de Inspeção de Saúde Animal e Vegetal do ministério da agricultura dos EUA, regulamentador líder dos transgênicos vegetais, “não negou nenhuma petição para desregulamentação na base de que as plantas geneticamente modificadas tenham maior risco de peste vegetal do que os seus confrontantes convencionais”.24 Além do mais, este setor federal não requer vigilância pós-mercado dos “eventos” transgênicos desregulamentados. No entanto, desde que os OSMs não tenham confrontantes convencionais, como os regulamentadores dos EUA justificarão a desregulamentação dos OSMs?
Recente relatório sobre as consequências ecológicas da liberação ambiental de OSMs, sugere que estes organismos serão simplesmente liberados por seus testes de eficácia sem quaisquer avaliações prévias sobre sua segurança. “A biologia sintética está se movendo em direção a uma futura assumida liberação de organismo, tanto intencional como aleatoriamente. Monitoramento e vigilância podem ser empregados para rastrear estas liberações, mas o alcance desta necessidade pode estar bem longe de qualquer infraestrutura atual”.25 Parte do que está levando a esta situação, é o grande investimento público e fundos privados em aplicações da ‘synbio’. Como exemplo, pode-se citar a redução do uso de fertilizante pelo redesenho do cluster de genes para a fixação do nitrogênio nas plantas com partes sintéticas, 26 que no final precisam ser avaliadas em testes de campo aberto para serem comercialmente viáveis. Pronto, outros meios alternativos testados a campo de alcançar estes fins, como o exemplo, reduzir o uso de fertilizantes pela expansão do uso de cultivos de leguminosas fixadoras de nitrogênio, não serão consideradas nem pelos promotores públicos nem os privados da ‘synbio’.
A transferência de gene da ‘Synbio’ para outros organismos: fatos técnicos e de regulamentação.
Aplicações de testes de campo da ‘synbio’ seguramente serão muito difíceis em razão de muitas incógnitas sobre como os cultivos sinteticamente modificados interagirão com outras espécies de plantas. Um grupo de pesquisa em ‘synbio’ está preocupado que os genes nas plantas alteradas se transferirão para outras espécies, resultando numa “mutagênese fora da destinação depois de atingir a modificação desejada na sequência almejada”.27 Em outras palavras, serão os OSMs projetados para produzirem certas características, muito diferentes, e que possam ser prejudiciais quando os genes OSMs forem transferidos para outras plantas? Alguns biólogos sintéticos estão admitindo que a liberação ambiental de OSMs é inevitável e que as barreiras físicas para prevenirem a transferência horizontal de gene para plantas cultivadas ou selvagens, são inadequadas. Eles estão experimentando diferentes meios para reduzir a possibilidade de transferência de gene e seus efeitos indesejados.
Primeiro, eles aprenderam do fracasso do “interruptor da morte” transgênico, isto é, uma tecnologia de restrição de uso genético, popularmente chamado de ‘Terminator’,28 que consistia de impedir que se utilizasse sementes patenteadas além de uma estação de plantio (nt.: no Brasil tem tramitado pelo Congresso Nacional várias tentativas de tornar este impedimento pela autodestruição da semente de um agricultor conservar consigo as sementes patenteadas): “mesmo os microrganismos geneticamente modificado/MGMs (nt.: em inglês – GMM/genetically modified microbes) programados para sua ‘auto-destruição’ colocam um risco ambiental, já que seus genes podem ser potencialmente absorvidos por outras células depois deles terem morrido”.29 Como resultado das falhas do “interruptor da morte” transgênico e a tendência do genes para mutação assim que eles perdem suas informações programadas, os biólogos sintéticos estão buscando caminhos que possam prevenir a transferência horizontal de gene e suas transformações genéticas prejudiciais.
Existe algum consenso de que mais de um interruptor da morte deverão ser construídos para os OSMs. “No entanto”, observa um grupo de pesquisadores de biossegurança ‘synbio’, “quanto maior a complexidade do dispositivo de segurança, mais propenso ele pode ser a distúrbios e falhas”.30 O termo “distúrbio” aqui pode ser entendido no sentido eletrônico como o de um circuito: muitos dispositivos de circuito de gene no organismo ‘synbio’, podem resultar em “distúrbio” dos dispositivos complexos desenhados em vão para prevenir a transferência genética horizontal/TGH.
Um estudo tentou antecipar as dificuldades dos testes de campo com os OSMs pela proposição de diferentes caminhos de modelagem das interações entre os organismos sinteticamente modificados/OSMs com variedades de plantas cultivadas e as selvagens: “Os organismos são geralmente testados e avaliados em monoculturas ou mesocosmos altamente limitados. Dados coletados do ambiente de população mista são longe mais aplicáveis às necessidades correntes e futuras [da biologia sintética]. Alguns esforços foram feitos para desenvolverem comunidades sintéticas. Podem tais comunidades servir como substitutos adequados para uma verdadeira diversidade ambiental?”31 As dificuldades de previsão da capacidade de transferência horizontal de genes dos OSMs e construir dispositivos de biossegurança neles apresentam um grande desafio não só para modelar qualitativa e quantitativamente os cenários de TGH, mas fornecer uma versão sintética da biodiversidade no qual será testada a capacidade TGH dos OSMs.
Nos EUA, o maior impedimento regulador para identificar as interações prejudiciais do OSM, antes da comercialização, é que os dados de biossegurança de tais exercícios de modelação para produtos de provável comercializados serão classificados como Informação de Negócio Confidencial (nt.: em inglês – Confidential Business Information/CBI). Sob a legislação dos EUA, “dados necessário para garantir o uso seguro dos OGMs podem ser suspensos por uma revisão pública aos pares […] painéis de especialistas reguladores não podem substituir completamente quanto a garantia de segurança oferecida pela crítica do conselho do colegiado aos pares dos estudos publicados, incluindo a proposta do estudo, os métodos, os resultados alcançados e suas interpretações”.32 Se os requerentes para comercializarem os OGMs reivindicam a aplicação dos dados ser CBI, somente os cientistas reguladores do governo revisam os dados e não a revisão pública aos pares, característica da ciência. A reivindicação CBI pelos desenvolvedores do produto transgênico para os reguladores dos EUA, tem alijado pesquisas de revisão aos pares independentes para verificarem a segurança e a eficácia invocadas para os OGMs.
Um pesquisador, embora aceitando que estas reivindicações CBI podem ser aplicadas a segredos industriais não protegidos pela lei de patentes, argumentou: “Na prática, protocolos não experimentais ou dados de estudos conduzidos com o propósito de demonstrar a segurança à saúde ou ao ambiente, podem ser invocadas como confidenciais. Métodos de estudo, técnicas para a montagem quanto a dados de biossegurança, análise e interpretação devem portanto ser sem reivindicações da CBI”.33 Enquanto este argumento prevalece nas agências de regulação europeias, isso ainda tem que acontecer com as agências dos EUA.
Conclusão
Apesar dos estudos serem muito sofisticados em que mostra etapas específicas, científicas, legais e comerciais, para comporem uma disciplina da biologia sintética unificada, há muito debate sobre se esta ou aquela técnica de pós-transgenia pertence à ‘synbio’. De acordo com um pesquisador: “Se fôssemos perguntar a cinco biólogos sintéticos para definirem seu campo, vamos ter seis respostas diferentes”. 34 Para o interesse público, seja ou não uma técnica ou prática de laboratório identificadas como pertencente à ‘synbio’ é menos importante do que saber se os produtos e ingredientes produzidos por processos do pós-transgênicos podem ser regulados de uma forma eficaz por agências federais dos EUA, encarregadas de proteger a saúde pública e ambiental bem como a segurança do trabalhador. Em razão do governo dos EUA estar trabalhado duro para promover a sua abordagem para a desregulamentação de produtos OGMs, bem como apoiando a comercialização desses produtos em todo o mundo, 35 podemos esperar promoção semelhante para os produtos derivados da biologia sintética.
Em um futuro próximo, há poucas possibilidades de que a regulação nos EUA tornará a ‘synbio’ específica. A decisão de se contentar com marcos regulatórios existentes além de uma autorização legislativa ter sido criada em 2010, no mesmo tempo em que a Comissão Presidencial de Bio-Ética publicou um relatório sobre a biologia sintética. O relatório recomendou um curso regulamentar de “vigilância prudente” a meio caminho entre o que entende o princípio de precaução pela União Europeia (“proteções não devem ser relaxadas até que a ciência forneça evidências que resulte num dano seja pouco provável”) e um princípio “proativo” que assuma uma responsabilidade governamental de prova para demonstrar que cada produto e cada processo de biologia sintética seja inseguro e não benéfico.36 A recomendação além de não ter qualquer efeito regulamentar prático também não exige nenhuma ação.
Em 2012, o IATP estava entre as 117 organizações que endossaram os sete “Princípios para a Supervisão da Biologia Sintética”, que descreveu os objetivos normativos de supervisão, por exemplo: “Nenhum organismo sintético ou seus blocos de construção sintéticos devem ser comercializados ou liberados sem a divulgação completa para o público da natureza do organismo sintético e os resultados de testes de segurança”. Basta dizer que este objetivo e outros dos Princípios não foram realizados. Em vez disso, produtos comerciais desenvolvidos por meio de técnicas ‘synbio’ estão agora nas prateleiras de supermercado, 37 embora com muito protesto.38
Reguladores dos EUA e os legisladores que contribuem com suas autoridades reguladoras, devem reexaminar a abordagem de “vigilância prudente”, começando com o marco regulatório que, invariavelmente, resulta em desregulação dos OGMs bem como da política norte-americana de análise casuística dos pedidos de comercialização por falta de pessoal e sob agências com orçamentos precários. Os formadores de políticas devem começar agora estabelecendo um processo para uma avaliação de segurança pública de revisão aos pares na fase de pré-mercado dos OSMs não alijada por alegações de informações comerciais confidenciais. Caso contrário, as consequências da falta de proteção tanto da saúde púbica como ambiental dos OSMs provavelmente serão mais prejudicial para o futuro da ‘synbio’ do que um debate sóbrio sobre sua segurança ou eficácia. Os investidores privados podem criar uma bolha de investimento ‘synbio’ que pode explodir. No entanto, o governo dos EUA tem a responsabilidade de proteger a saúde púbica e ambiental, uma vez que definiu as condições para seus investimentos ‘synbio’ de longo prazo, independentemente da regulamentação individual do produto e das falhas de mercado.39
Notas Finais
1. ”Positioning Synthetic Biology to Meet the Challenges of the 21st Century: Summary Report of a Six Academies Symposium Series, The National Academies Press, 2013, 3. http://www.nap.edu/catalog.php?record_id=13316
2. The Synthetic Biology Teach-in was organized by the ETC Group, the International Center for Technology Assessment and Friends of the Earth, and was held on April 14, 2008 in Washington, DC.
3. Chatham House non-attribution rules still apply.
4. Gregor Wollbring, “Bio-tech, NanoBio-tech, SynBio-tech, NanoSynBio-tech?: The changing face of biotech law? (Part 1),” JIBL 4: 1 (2007), 177.
5. For a graphic depiction of the first synthetic biology organism, see “The Story of Synthia” (part 1), ETC Group, http://www.etcgroup.org/sites/www.etcgroup.org/files/cartoons/etcventertoons_story_of_lg.jpg
6. Positioning Synthetic Biology to Meet the Challenges of the 21st Century, 12.
7. D. Ewen Cameron, Caleb J. Bashor and James J. Collins, “A brief history of synthetic biology,” Nature Reviews: Microbiology, 12 (May 2014), 383.
8. Foreword to “Next Steps for European Synthetic Biology: a strategic vision from ERASynBio,” 2014, European Commission, 2. https://www.erasynbio.eu/lw_resource/datapool/_items/item_58/erasynbiostrategicvision.pdf (accessed June 3, 2014)
9. Laurie Garrett, “Biology’s Brave New World: The Promise and Perils of the Synbio Revolution,” Foreign Affairs, October 24, 2013.
10. Colin Barras, “Pharma to fork: How we’ll swallow synthetic biology,” New Scientist, April 10, 2014. www.newscientist.com and “Evolva starts commercial resveratrol production,” May 28, 2014. www.evolva.com and “Resveratrol Supplements,” WebMD, 2012. http://www.webmd.com/heart-disease/resveratrol-supplements (accessed May 29, 2014).
11. “Extreme Genetic Engineering: An Introduction to Synthetic Biology,” ETC Group, January 2007, 40-42. http://www.etcgroup.org/content/extreme-genetic-engineering-introduction-synthetic-biology (accessed June 5, 2014)
12. Cited in Barras, “Pharma to fork: How we’ll swallow synthetic biology.”
13. Beth Baker, “Should scientists try to create new life forms?” CQ Researcher 24:16 (April 25, 2014), 379.
14. “Global Synthetic Biology Market,” Allied Market Research, May 2014. http://www.alliedmarketresearch.com/synthetic-biology-market (accessed June 2, 2014)
16. Baker 380.
17. Sarah R. Carter et al., “Synthetic Biology and the U.S. Biotechnology Regulatory System: Challenges and Options,” J. Craig Venter Institute, May 2014, 24. http://www.jcvi.org/cms/fileadmin/site/research/projects/synthetic-biology-and-the-us-regulatory-system/full-report.pdf (accessed June 2, 2014).
18. Jennifer Kuzma and Adam Kokotovich, “Renegotiating GM crop regulation,” European Molecular Biology Organization Reports, 12:9 (2011), 885.
19. The regulatory status of plants resulting from New Breeding Technologies,” NBT Platform, April 9, 2014.
20. Carter et al, “Synthetic Biology and the U.S. Biotechnology Regulatory System”, 14-15.
21. Ibid., 15.
22. Erika Check Hayden, “Synthetic-biology firms shift focus: Switch to food and fragrances risks consumer rejection,” Nature, January 29, 2014. http://www.nature.com/news/synthetic-biology-firms-shift-focus-1.14602
23. “Public Protections Budget Dashboard FY 2015,” Center for Effective Government, http://www.foreffectivegov.org/public-protections-budget-dashboard-fy15
24. Carter et al, “Synthetic Biology and the U.S. Biotechnology Regulatory System: Challenges and Options,” 31, footnote 29.
25. Kelly Drinkwater et al, “Creating a Research Agenda for the Ecological Implications of Synthetic Biology,” Wilson Center Synthetic Biology Project and Massachusetts Institute of Technology, May 2014, 17. http://www.synbioproject.org/library/publications/archive/6685/ (accessed June 3, 2014)
26. Ibid., 9.
27. Moto Araki, Kumie Nojima and Tetsuya Ishii, “Caution required for handling genome editing technology,” Trends in Biotechnology 32:6 (May 2014), 234.
28. Heidi Ledford, “Seed Patent case in Supreme Court: Loss of patent control could rekindle ‘terminator’ technology,” Nature, February 19, 2013. http://www.nature.com/news/seed-patent-case-in-supreme-court-1.12445
29. Oliver Wright, Guy-Bart Stan and Tom Ellis, “Building-in biosafety for synthetic biology,” Microbiology 159 (July 2013, 1222.
30. Ibid., 1223.
31. Drinkwater et al, “Creating a Research Agenda for the Ecological Implications of Synthetic Biology,” 19.
32. Kaare M Nielsen, “Biosafety Data as Confidential Business Information,” PLOS Biology 11(3) (March 2013), 1. doi:10.1371/journal.bbio.1001499
33. Ibid. 4.
34. Baker, “Should scientists try to create new life forms?” 363.
35. “Biotech Ambassadors: How the U.S. State Department Promotes the Seed Industry’s Global Agenda,” Food and Water Watch, May 14, 2013. http://documents.foodandwaterwatch.org/doc/Biotech_Report_US.pdf#_ga=1.47966628.2087558949.1383332022 (accessed June 2, 2014)
36. “New Directions: The Ethics of Synthetic Biology and Emerging Technologies,” Presidential Commission on Bio-Ethics, 2010, 124 (accessed on May 30, 2014) http://bioethics.gov/synthetic-biology-report
37. Jaydee Hanson, “Synthetic Biology: Rebranding Extreme Genetic Engineering,” Center for Food Safety, May 5, 2014 http://www.centerforfoodsafety.org/blog/3126/synthetic-biology-rebranding-extreme-genetic-engineering and Stephanie Storm, “Biofuel Tools Applies to Household Soaps, The New York Times, May 30, 2014. http://www.nytimes.com/2014/05/31/business/biofuel-tools-applied-to-household-soaps.html?hp&_r=0
38. “Open letter to Ecover/Method,” June 2, 2014. http://www.etcgroup.org/content/open-letter-ecover-method IATP is a signatory.
39. “Trends in Synthetic Biology Research Funding in the United States and Europe,” Wilson Center Synthetic Biology Project, June 2010. http://www.synbioproject.org/process/assets/files/6420/final_synbio_funding_web2.pdf?
Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, outubro de 2014.
Felizmente não compro esses produtos expostos aqui, mas com certeza nunca soube. Principalmente refrigerantes…não bebo. Anotei esses venenos
Parabéns pelos esclarecimentos.
Povo sem conhecimento realmente não tem futuro!
Agora falta proibição por órgãos competentes (os de verdade!não de mentira)de utilizá-los e/ou no caso obrigatoriedade de colocar que estão presentes nos alimentos.Até o dia em que haja punição severa para quem utilizar tais produtos na fabricação de alimentos,que obviamente são venenosos,cada um tem a responsabilidade pelo que consome,faz propaganda,ou coloca na mesa para sua família!
Todos nós,das gerações em que nada disto nos era dado por nossos pais,sobrevivemos,e com muita saúde!Nossos futuros não foram roubados!Estamos aqui para colaborar sempre,com sites como Este!
MARAVILHOSO, SEM PALvras
Ai vc vive de Sol. Pq td faz mal….. Para rapaz. Tudo faz mal em quabtidades exageradas. Em doses reguladas isso traz tantos problemas quanto comer frutaw!
Seria muito melhor se publicassem os alimentos bons para a saúde…
Muito bem! A partir de hoje só vamos tomar água!
Bom dia. Daí a importância de termos o conhecimento, para procurarmos fazer a nossa parte de consumidores de inviabilizarmos estes processos pela ação do boicote e da transmissão para ampliação da rejeição. Lembrar que a água é o ponto final de toda a poluição e sua expansão. Os oceanos já estão com algo como 88% poluídos com plásticos que jogamos diariamente fora, seja em aterros ou nas calçadas mesmo. Ânimo, entusiasmo e ação. Grato, Luiz.
Pelo jeito teremos que nos alimentar de luz. Se bem que até ela é cancerígena. #ORTOREXIA
muito bom , gratidão pelas explicações!!