Distribuição espacial do uso de agrotóxicos no Brasil: uma ferramenta para a Vigilância em Saúde

Plantio Cerrado

https://www.scielo.br/pdf/csc/v22n10/1413-8123-csc-22-10-3281.pdf

Resumo

O uso de agrotóxicos na brasileira é um problema de saúde pública, dadas as contaminações no ambiente, em alimentos e as intoxicações na saúde humana. Objetivou-seapresentar a distribuição espacial da área plantada de lavouras, consumo de agrotóxicos e agravos à saúde relacionados, como estratégia de Vigilância em Saúde. Obteve-se dados de área plantada de 21 culturas predominantes, indicadores de consumo de agrotóxicos por hectare para cada cultura e agravos à saúde. Espacializou-se o consumo de agrotóxicos nos municípios brasileiros e correlacionou-se às incidências de intoxicações por agrotóxicos: aguda, subaguda e crônica. Constatou-se predomínio dos cultivos de soja, milho e cana, que juntos corresponderam a 76% da área plantada no Brasil em 2015. Pulverizou-se 899 milhões de litros de agrotóxicos nessas lavouras, com Mato Grosso, Paraná e Rio Grande Sul tendo utilizado as maiores quantidades. Os agravos à saúde apresentaram correlações positivas e significativas com o uso de agrotóxicos. A estratégia metodológica possibilitou identificar municípios prioritários para a Vigilância em Saúde e o desenvolvimento de ações intersetoriais de prevenção e mitigação dos impactos dos agrotóxicos na saúde e ambiente.

Palavras-chave Distribuição espacial, Agrotóxicos, Agronegócio, Vigilância em Saúde.

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NOTA DO WEBSITE: Caso queira ver todo o material, acessar o link acima. Mas aqui o interesse é mostrar as conclusões que o trabalho de levantamento levou.

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Conclusões

A efetividade das ações de Vigilância em Saúde no Brasil depende de processos e práticas interinstitucionais e participativas que incorporem informações de impactos sociais, ambientais e de saúde relacionados ao processo produtivo agropecuário e à exposição ocupacional, alimentar, ambiental e populacional aos agrotóxicos. A estratégia metodológica apresentada neste artigo contribui no sentido de coletivizar informações cruciais para o saber e o agir dos setores, instituições e atores centrais para ações da Vigilância em Saúde, especialmente considerando a relação entre os processos de produção e o processo saúde-doença das populações. Essa metodologia poderá ser utilizada em municípios ou regiões de saúde e/ou regiões do Brasil, a partir da obtenção de dados de produção agrícola, quantidade média de agrotóxicos utilizados por hectare dos cultivos e alguns agravos relacionados aos seus efeitos agudos, sub crônicos ou crônicos na saúde humana. A distribuição espacial das informações permite identificar padrões de consumo e áreas prioritárias com maior exposição a agrotóxicos, gerar análise exploratória, correlações estatística, espacial e visual. As informações produzidas são importantes para os processos de educação em saúde junto às populações expostas, trabalhadores e entidades componentes do controle social visando o fortalecimento das ações de vigilância bem como ações integradas de órgãos de fiscalização da agricultura, meio ambiente, trabalho e saúde. Esta metodologia pode auxiliar na formação de redes de promoção à saúde além de motivar ações de Vigilância em Saúde visando à transformação do atual processo produtivo agrícola, substituindo os agrotóxicos e fertilizantes químicos por outras práticas de produção de alimentos e controle de doenças agropecuárias como a agroecologia.