“Uma boa notícia para o sofrido povo Kaiowá Guarani, em especial aos aguerridos guerreiros de Pyelito Kuê-Mbarakay, que conseguem um passo importante na reconquista de seu tekohá. Em em vista o processo n 08620.082252/2012-03 e o relatório circunstanciado realizado pela antropóloga Alexandra, coordenadora do Grupo de Trabalho, foi publicado o relatório da Terra Indígena Iguatemipeguá I .
http://www.ihu.unisinos.br/noticias/516857-2013-continuemos-kaiowa-guarani..
É a oxigenação da esperança para continuidade da dura luta para a reconquista definitiva de parte de sua terra tradicional, sagrada. É uma pequena vitória que fruto de toda a mobilização desencadeada no ano passado envolvendo milhares de pessoas no mundo inteiro. A comunidade está de parabéns, o povo Kaiowá Guarani começa com esperança um ano que pode ser decisivo para a demarcação de todas as terras desse povo. Para isso será fundamental continuarmos o importante movimento de solidariedade a esse povo. Mas da região chegam também notícias das ameaças às lideranças indígenas”, escreve Egon Heck, CIMI-MS, ao enviar o artigo que publicamos a seguir.
Eis o artigo.
O ano mal começa chegam as notícias chegar do Mato Grosso do Sul. A morte do pai do cacique Nisio Gomes. Adão Gomes morreu na primeira semana de 2013, aos 87 anos. Partiu sem saber do paradeiro do corpo de seu filho assassinado em novembro de 2011 no tekohá Guaiviry.
“Genito comunicou também que hoje o Valmir sofreu uma ameaça. Ele foi chamado para ir a entrada da área, disseram que era da saúde. quando chegou lá tinham várias pessoas com facão, flecha… e o ameaçaram. Ele tentou segurar o pessoal lá, chamou a força nacional, mas foram embora. Eles estão muito assustado.”
Outra manchete que circula nas redes sociais dá conta do grau de ameaças que pesa sobre lideranças desse povo.
Sabemos que a estratégia de intimidar as lideranças e as comunidades indígenas em luta pelas suas terras, sempre foi usada pelos inimigos dos direitos indígenas. A diferença que hoje se percebe é que, apesar dos assassinatos , as lideranças externaram sua disposição de não se deixar intimidar pelas ameaças, continuam resolutos no único caminho que lhes resta, o retorno às suas terras tradicionais.
O ano da terra Kaiowá Guarani
Marta do Amaral Azevedo, presidente da Funai, prometeu publicar pelo menos o relatório do grupo de trabalho de Iguatemipeguá antes que o ano de 2012 terminasse. Não conseguiu cumprir sua promessa. Mas, finalmente, no dia 7 foi publicado no Diário Oficial o relatório circunstanciado da terra indígena Iguatemipeguá I (Pyelito Kuê-Mbarakay). Essa comunidade Guarani Kaiowá, teve uma das mais incríveis histórias de resistência contra todos os decretos de morte e violência. Conseguiram dizer ao Mato Grosso do Sul, ao Brasil e ao mundo sua inabalável decisão de morrer pelo seu chão sagrado, se preciso fosse. A justiça brasileira, diante do clamor mundial, lhes reconheceu o direito de permanecer em 1 (um) hectare de terra até que a Funai concluísse o trabalho de identificação. Esse é apenas um passo no difícil processe de reconquistarem partes de seu território tradicional. Que as previsíveis reações do agronegócio, procurando impedir ou retardar ao máximo a devolução das terras aos Kaiowá Guarani, sirvam de estímulo não apenas para continuar a campanha e mobilizações em favor da vida e direitos desse povo, mas nos impele a ampliar as mobilizações para que essa questão seja resolvida definitivamente.
Se o ano de 2012 foi o grande momento de visibilidade, mobilização e solidariedade com o povo Guarani Kaiowá, este esperam que o governo de passos decisivos, com a urgente publicação das portarias declaratórias, que o judiciário julgue no tempo mais breve possível as ações que paralisam as demarcações, e que o legislativo assegure no orçamento recursos necessários para a solução constitucional, justa e decisiva.