Consumidor é primeiro obstáculo para alterar padrão.

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“O primeiro obstáculo é o próprio consumidor”, comentou um dos painelistas dos Diálogos do , na fase inicial da , sobre uma das respostas acordadas para lidar com o esgotamento dos recursos naturais do planeta, o consumo sustentável.

 

http://www.ihu.unisinos.br/noticias/510789-consumidor-e-primeiro-obstaculo-para-alterar-padrao

 

A reportagem é de Marta Salomon e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 24-06-2012.

Na declaração final da conferência, os chefes de Estado e de governo se comprometeram a adotar planos locais para estímulos a padrões sustentáveis de produção e consumo. É algo ainda impreciso, que vai depender de uma mudança de comportamento, tem a ver com o dia a dia das pessoas e pouca gente sabe do que se trata. Uma pesquisa contratada pelo Ministério do Meio Ambiente às vésperas da Rio+20 mostrou que 53% da população brasileira nunca ouviu falar de desenvolvimento sustentável.

Hélio Mattar, presidente da ONG Akatu, que trata do consumo sustentável, e painelista de domingo passado no Riocentro, explica por que considera o consumidor o principal obstáculo na tarefa de reduzir o e mudar os padrões de consumo do planeta. “O consumidor precisa entender o que está acontecendo e precisa mudar o estilo de vida”, afirma Mattar.

“Não dá para demonizar o consumo, temos é que glamourizar o consumo consciente”, ponderou Samyra Crespo, secretária do Ministério do Meio Ambiente, responsável por levar adiante o Plano de Ação lançado pelo governo em 2011. Parte da implementação do plano, decreto presidencial do início do mês, tenta enquadrar um dos maiores consumidores do País no princípio da : o próprio governo. As compras governamentais movimentam 17% do PIB, segundo dados oficiais.

“Vamos fazer uma coisa gradativa, é obvio que ainda é muito pouco”, afirma Samyra Crespo, sobre o prazo de 180 dias fixado para os ministérios passarem a dar preferência a comprar móveis feitos com madeira certificada, eletroeletrônicos que consomem menos e produtos de limpeza sem fosfato, além de reduzir as compras de papel.

A pasta contabilizou como retrocesso a decisão do Ministério Público de São Paulo de mandar os supermercados voltarem a distribuir . A decisão foi resposta a um pedido do Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos (Plastivida). “O caso das sacolas é um ícone, as pessoas precisam sair da zona de conforto”, afirma Samyra.

Conflito

O caso das sacolas plásticas é emblemático por vários motivos. Entre eles, porque deixou claro o conflito de interesse que envolve a mudança de padrões de consumo. Presidente da Plastivida, Miguel Bahiense contabiliza faturamento de R$ 500 milhões por ano da indústria das sacolinhas. “Se o consumidor está sendo onerado, tem direito à sacola”, alega Bahiense, que comemorou a decisão em São Paulo, que concentra mais de 40% do mercado nacional.

“Lamento que o governo prefira tratar do consumo sustentável com o banimento de produtos. Por acaso vamos banir os carros do mercado porque eles são fontes de ?”, provoca.

O caso ilustra bem o que o painelista da Rio+20 Hélio Mattar apontou como o maior obstáculo ao consumo sustentável (depois do primeiro obstáculo, o consumidor): os segmentos da indústria prejudicados no processo. “Fabricantes de carros e de motos, transportes de uso individual, também terão ocasião de reclamar”, prevê.

Na Rio+20, a principal recomendação dos Diálogos para o Desenvolvimento Sustenteável foi em relação às compras governamentais. Na declaração final, chefes de Estado e de governo reconhecem como “fundamental” para o desenvolvimento sustentável a mudança nos padrões de produção e consumo. O tema ganhou 3 parágrafos nos quase 300 que compõem o documento final da conferência. Num deles, os países endossam o compromisso com iniciativas regionais para mudar padrões de consumo e produção, em debate há dez anos.

“Talvez seja esse o principal resultado da Rio+20, o fato de ter sido adotado esse programa de dez anos para mudança nos padrões de consumo”, disse a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Mattar tem outra avaliação: “Foi pífio. Não esperava que pudesse ser diferente, a insustentabilidade ainda fala mais alto”.

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