Comer alimentos enlatados mostra conexão à doenças cardíacas.

Grande parte das pesquisas com o BPA/Bisfenol A – a onipresente substância química utilizada em plásticos, produtos enlatados, selantes odontológicos, papel moeda e muito mais – envolveu animais, levando os céticos (normalmente aqueles das indústrias químicas) a dizerem que os efeitos podiam não ser necessariamente os mesmos sobre os humanos.

 

http://articles.mercola.com/sites/articles/archive/2012/03/15/eating-canned-food-shown-to-be-linked-to-heart-disease.aspx?e_cid=20120315_DNL_art_2

 

O resumo da história.

  • Evitar todos os plásticos e alimentos enlatados que contenham BPA, além de bebidas em lata, é essencial para limitar a exposição ao Bisfenol A;
  • O BPA é amplamente usado não só para produtos plásticos, mas também como lâmina interna de praticamente todas as latas, de sopas a refrigerantes;
  • Um estudo detectou que ingerir alimentos enlatados aumentou, nos participantes da pesquisa, suas concentrações uninárias de BPA, em mais do que 1.000%;
  • Pesquisa anterior, feita nos EUA, também detectou que os adultos com os mais altos níveis em suas urinas, tinham mais do que duas vezes possibilidades de desenvolverem doenças coronárias no coração do que aquelas com níveis mais baixos;
  • Altos níveis do químico bisfenol-A (BPA) na urina estão associados com um aumento do risco de doença cardíacas, de acordo com novos dados de uma pesquisa na Inglaterra sobre coração.

 

By Dr. Mercola

Se tivermos altos níveis de bisfenol-A (BPA) em nossa urina, poderemos estar sob um aumento de risco de doença coronária, conforme um novo dado de uma pesquisa de longo prazo sobre saúde, feita na Grã-Betanha.

Pessoas que desenvolveram doenças do coração também tendiam a ter altas concentrações de BPA na urina, uma descoberta sombria porque, enquanto não for provado de que o BPA causa deonças cardíacas, aumentam seriamente as questões sobre o porquê deste químico ainda estar sendo largamente empregado em todo o planeta.

Pode a Exposição ao BPA Causar Doenças do Coração?

Este último estudo envolveu humanos e os resultados mesmo assim indicaram que a exposição ao BPA pode estar correlacionada com o aumento do risco de doenças cardíacas.

Os pesquisadores observaram que as descobertas espelhavam aquelas detectadas em outros estudos de longo prazo sobre saúde:

“Associações entre altas exposições ao BPA (refletindo em altas concentrações urinárias) e a incidência de doença da artéria coronária … por mais de dez anos de acompanhamento mostrando tendência similar aos resultados anteriores reportados de descobertas de seccional cruzada nos altamente inquiridos expostos à NHANES/National Health and Nutrition Examination Survey (nt.: Pesquisa Nacional de Saúde e Avaliação Nutricional)”.

No estudo feito nesta pesquisa, publicado em 2010, os adultos norte-americanos com os mais altos níveis de BPA em suas urinas tinham mais de duas vezes a chance de desenvolver doenças cardíacas coronárias comparados com aqueles com níveis mais baixos.i Os pesquisadores observaram:

“Alta exposição ao BPA, refletindo alta concentração ruinária com o BPA, está consistentemente associada com doença do coração relatada na população adulta em geral dos EUA”.

O BPA é tão invasivo que os cientistas detectaram que 95 por cento da população testada tinha níveis potencialmente perigosos de BPA em seus organismos … e as doenças do coração continuam liderando as causas de morte nos EUA (nt.: http://articles.mercola.com/sites/articles/archive/2012/02/11/leading-causes-of-death-cost-for-us-economy.aspx). É claro que ele não é único fator envolvido na doença de coração, no entanto dado seu amplo emprego – e o fato dele ser comumente detectado mesmo no cordão umbilical dos fetos no útero – qualquer impacto negativo sobre a saúde humana pode se tornar desastroso.

O BPA também está Conectado à Obesidade, Resistência à Insulina, Problemas Reprodutivos …

O BPA é um disruptor endócrino o que significa que mimetiza ou interfere com os hormônios e “desregula” o nosso sistema endócrino. As glândulas deste sistema e os hormônios que elas liberam são o instrumental na regulação do humor, do crescimento e do desenvolvimento, da função dos tecidos, do metabolismo tanto quanto da função sexual e dos processos reprodutivos.

Algumas das maiores preocupações estão em torno do período perinatal, da exposição no útero ao BPA e que pode levar a erros cromossômicos no feto em desenvolvimento, causando abortos espontâneos e danos genéticos. Mas a evidência é também muito forte mostrando como estes químicos estão influenciando, da mesma forma, adultos e crianças e levando ao decréscimo da qualidade dos espermatozóides, à puberdade precoce, à estimulação do desenvolvimento da glândula mamária, à desregulação dos ciclos reprodutivos e disfunção ovariana, câncer e doenças cardíacas entre numerosos outros problemas de saúde.

Por exemplo, a pesquisa detectou que “alta exposição ao BPA está associada com a ampla e central obesidade na população adulta em geral nos EUA”, ii enquanto outro estudo encontrou que o BPA está associado não somente com a obesidade generalizada e abdominal, mas também com a resistência à insulina que é um fator subliminar em muitas doenças crônicas. iii

Os Plásticos NÃO são a Única Rota de Exposição ao BPA …

Muitas pessoas pararam de levar garrafas plásticas de água e de utilizar utensílios plásticos e vasilhames de alimentos plásticos no sentido de evitarem o BPA. Como o conhecimento público sobre o BPA tem se expandido, um monte de plásticos livre de BPA ou BPA-free (nt.: http://articles.mercola.com/sites/articles/archive/2011/03/25/even-bpafree-plastics-leach-endrocrinedisrupting-chemicals.aspx) tem chegado ao mercado, tornando fácil escolher produtos que não contenham esta substância tóxica.

Entretanto, ser sábio é limitar o uso de produtos pláticos, e isso não será suficiente para nos protegermos dos efeitos perigosos do BPA. Ele é encontrado em praticamente todos os alimentos enlatados e em bebidas e esta pode ser uma fonte de exposição que pode aumentar os níveis de forma alarmante. Em um estudo, comer sopa de lata por cinco vezes aumentou a concentração de BPA urinário dos participantes em mais do que 1.ooo% comparado com os que comeram sopa fresca, recém feita. iv

Os pesquisadores acreditam que alimentos enlatados podem ser mesmo uma fonte de exposição mais preocupante do que os plásticos. E se a descoberta acima de que o aumento de níveis urinários está conectado a doenças do coração, for confirmada, é lógico assumir que ingerir alimentos enlatados pode aumentar o nosso risco de doenças cardíacas significantemente em razão da exposição ao BPA!

Como um dos químicos com maiores volumes de produção mundial, o BPA é incrivelmente comum nas embalagens de alimentos e bebidas, como também em outros produtos que nem se faz idéia, como as notas e recibos de compras. Um estudo em Química Analítica e Bioanalítica detectou que 13 rolos de papel de impressão térmica (o tipo muitas vezes usados em máquinas de cartões) analizados, 11 continham BPA. v Segurar o papel por exatos 15 segundos já são suficientes para transferir o BPA para a pele da pessoa e a quantidade de BPA transferida aumentou em mais ou menos 10 vezes se os dedos estivessem molhados ou engraxados.

Manusear papel moeda é uma outra possível rota de exposição, em razão de um estudo publicado no periódico Environmental Science and Technology. Pesquisadores analisaram papel moeda de 21 países face a presença de BPA,  e ele foi detectado em todas as amostras. vi Também mediram a transferência do BPA do papel dos recibos de impressão térmica para o papel moeda ao colocarem os dois juntos na carteira de dinheiro por 24 horas. Houve aumento dramático nas concentrações de BPA sobre o dinheiro sugerindo novamente que as notas e recibos estão altamente contaminados.

É Possível Evitar Termos Nossa Saúde Danificada pelo BPA?

O BPA está em volta de nós, isso é uma verdade, mas passos estão sendo dados lentamente para se conseguir o banimento de seu uso. O BPA vem sendo banido em mamadeiras na Europa e nos EUA por exemplo, e, em resposta à demanda dos consumidores, algumas companhias estão indo atrás.

É importante fazer um esforço no sentido de apoiar as companhias que já removeram o BPA de seus produtos ou aquelas que oferecem produtos que nunca tiveram esta molécula (como as que fazem brinquedos infantis feitos de material natural em vez de plásticos). Se muitas pessoas rejeitarem comprar coisas com BPA, as companhias não terão escolha, e assim não haverá esta substância tóxica em seus produtos.

Para se  informar sobre as companhias que estão fazendo esforços para empacotar com material livre de BPA ou que tenham começado a exclui-lo de todos os seus produtos, ver  o relatório Seeking Safer Packaging: Ranking Packaged Food Companies on BPA (nt.: http://www.greencentury.com/bpareport2010)  da empresa de investimentos ambientalmente orientados Geen Century e a As You Sow, um trabalho sem fins lucrativos no sentido de aumentar a responsabilidade social das empresas. É claro que também é importante boicotar as fontes comuns de BPA que estão ainda em produção, tais como:

  • Alimentos enlatados, refrigerantes e cervejas em lata;
  • Todos os plásticos que contenham BPA;
  • Certos tipos de selantes odontológicos;
  • Certos tipos de plásticos mesmo BPA-free (que possam contar substâncias químicas disruptoras endócrinas similares);
  • Recibos, notas e papel moeda (mesmo que não se possa “boicotá-los”, procurar limitar ou evitar levar recibos na carteira ou bolso,  já que este químico é transferido para tudo o que toca nele. É oportuno lavar as mãos cada vez que os manusear principalmente se tivermos loção ou algum óleo nas mãos, já que este fato pode aumentar a exposição).

A última dica: certas “bactérias amigas” têm a habilidade de metabolizar o BPA, como também reduzir sua absorção intestinal. vii Assim um caminho para auxiliar a nossa autoproteção dos efeitos adversos da exposição inevitável do BPA é ingerindo alimento fermentado, como produtos lácteos kefir de animal solto, vegetais orgânicos fermentados, como sauerkraut  (nt.: chucrute) ou Kimchi (nt.: fermentado de acelga coreano), ou mesmo tomar um suplemento de alta qualidade de probióticos.

Referências:


Links relacionados:

Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, março de 2012.