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Dr. Fabiano M. Serfaty
20 de fevereiro de 2020
A obesidade é uma doença crônica, ocasionada pelo excesso de acúmulo de tecido adiposo, o que gera um impacto negativo na saúde do paciente e leva à redução da expectativa de vida. [1]
A pandemia global de obesidade é um grave problema de saúde pública que está em expansão; de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), de 1980 a 2008, o número de obesos no mundo dobrou. [2]
O índice de massa corporal (IMC) é o cálculo mais usado para definir o grau de obesidade, (peso em quilogramas dividido pela altura em metros elevado ao quadrado: kg/m²), entretanto, este método apresenta uma série de limitações, não conseguindo, por exemplo, ser sensível à composição e distribuição de gordura no corpo.
A circunferência abdominal é um método simples de mensuração de obesidade abdominal, uma característica clínica que o IMC não consegue avaliar precisamente. [3]
De acordo com as orientações da OMS, a circunferência abdominal deve ser medida na região mais estreita do abdome, ou no ponto médio entre o rebordo costal inferior e a crista ilíaca. Ela deve ser aferida com uma fita métrica flexível posicionada em plano horizontal ao redor da cintura.
Os pacientes com aumento da circunferência abdominal ou obesidade abdominal, têm um risco mais elevado de câncer, doença cardiovascular, diabetes, apneia obstrutiva do sono, dislipidemia e doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA). [4]
Os valores da circunferência abdominal auxiliam a estratificação do risco cardiovascular, e variam de acordo com a etnia do paciente. [5]
Segundo a International Diabetes Federation (IDF), a obesidade abdominal segue o seguinte critério diagnóstico:
- Mulheres brancas de origem europeia, negras, sul-asiáticas, ameríndias, chinesas e japonesas ≥ 80 cm;
- homens brancos de origem europeia e negros: ≥ 94 cm; e
- homens sul-asiáticos, ameríndios, chineses e japoneses: ≥ 90 cm.
De acordo com o National Cholesterol Education Program Adult Treatment Panel III, os valores para sexos associados ao aumento do risco cardiovascular são:
- ≥ 88 cm em mulheres
- ≥ 102 cm em homens
Recentemente, um artigo publicado pelos grupos IAS e ICCR sugeriu que a circunferência da cintura seja medida de na rotina prática clínica, como um sinal vital, uma vez que este parâmetro fornece informações adicionais úteis para a orientação do tratamento do paciente. [6]
Na prática clínica diária, é fundamental que seja realizado o diagnóstico clínico da obesidade abdominal para uma adequada estratificação do risco cardiovascular.
Portanto, é essencial que o médico saiba verificar a circunferência abdominal do paciente durante o exame físico de forma correta e de rotina, tal como o peso, a altura e o IMC são conferidos.
A técnica é simples, fácil de baixo custo, apresenta um boa associação com a adiposidade visceral e pode ajudar a salvar vidas. [7]