Mudanças Climáticas (Pág. 21 de 31)

O tormento climático.

Têm sido inócuos os arranjos globais para manejo da mudança climática. Pior: não há sinal de que a rota venha a ser alterada. Mesmo na mais otimista das apostas – que um dia todas as nações responsáveis por significativa parte do dano venham a ter metas legalmente obrigatórias para contenção de suas emissões de gases de Efeito Estufa – ela será perdedora sem prévia formação de um preço mundial do carbono, algo incompatível com o Protocolo de Kyoto, cuja resiliência constitui o cerne do tormento.

Mad Maria, Mad Madeira, Mad Amazônia, artigo de Fernando Gabeira.

Quem reconhece o drama, quando se precipita, sem máscara? Muitas vezes escrevi sobre o verso de Drummond. Não consigo esquecê-lo agora, navegando no bairro Triângulo, em Porto Velho, tomado pelo Rio Madeira, que já subiu 19 metros acima do nível normal. Milhares de desabrigados, milhões perdidos, estradas bloqueadas, centenas de cabeças de gado submersas, uma tragédia que passa em branco pelo radar dos políticos e intelectuais que conferem grande peso simbólico à região.

Falta de chuva afeta a capacidade da Amazônia de absorver carbono.

A seca que atingiu a Bacia Amazônica em 2010 foi tão severa que comprometeu até mesmo a capacidade da floresta de absorver o excesso de dióxido de carbono (CO2), considerado o principal gás de efeito estufa. No ano seguinte, com chuva acima da média, a vegetação conseguiu não apenas absorver toda a emissão oriunda de processos naturais como também a resultante de atividades humanas, entre elas as queimadas.

Os novos revolucionários: Cientistas do clima exigem mudança radical, por Renfrey Clarke.

Tradução deste texto, originalmente publicado na revista online “Climate and Capitalism”, no último dia 09/01. Trata-se de um artigo muito interessante, que mostra até onde podem chegar conclusões baseadas essencialmente na Ciência do Clima e no balanço de carbono. Evidentemente, concluir que existe um antagonismo entre a manutenção do equilíbrio do clima global e a permanência dos sistemas planetários de suporte à vida (humana, inclusive) e o modo de produção capitalista amplifica as vozes de contestação ao sistema. Mesmo antes dessa posição surgir mais claramente e crescer, a oposição ao uso de combustíveis fósseis já explica em si muito dos ataques sistematicamente lançados por esta aos cientistas. Pelo visto, esse acirramento do conflito entre ciência e status quo tende a crescer quantos mais forem os cientistas dispostos a se posicionarem como descrito neste artigo. Fica o convite à leitura.

Novos formatos para ver o mundo e a vida.

Não é uma proposta de ambientalista radical, ativista político, esquerdista militante, é do próprio presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, no recente Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça: as emissões de dióxido de carbono ameaçam comprometer os avanços do desenvolvimento econômico nas duas últimas décadas; governos, corporações de negócios e empresas deveriam cancelar seu provimento de recursos para empresas de petróleo, gás e carvão, além de apoiar a criação de tributos para essas áreas; também será preciso obrigar esses setores a revelar seu nível de contribuição para os impactos climáticos.