Casais de aves do mesmo sexo podem ter relação estável, aponta estudo.

Uma nova pesquisa aponta que pares de aves do mesmo sexo têm relacionamentos tão estáveis e duradouros como os casais de pássaros do sexo oposto. Os cientistas da Universidade da Califórnia Berkeley e da Universidade Saint-Etienne, na França, analisaram o comportamento de mandarins (Taeniopygia guttata), aves canoras que cantam para seus parceiros, em um hábito apontado como algo que fortalece o relacionamento do casal.

 

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16.08.2011

 

Segundo os pesquisadores, pares formados por aves do mesmo sexo cantam e cuidam um dos outro da mesma forma que os casais formados por aves do sexo oposto. A pesquisadora americana Julie Elie, que liderou o estudo, afirma que os resultados mostram que “relacionamentos entre animais podem ser mais complexos do que apenas um macho e uma fêmea que se encontram e se reproduzem”.

Elie e os outros pesquisadores da equipe se interessaram pelo comportamento dos mandarins, pássaros que estabelecem relacionamentos que duram a vida toda e são muito sociais. Os machos cantam para os parceiros, e os pássaros alisam as penas uns dos outros, além de dividir um ninho. ‘Eu me interesso em como eles estabelecem os relacionamentos e como usam a comunicação acústica em suas interações sociais’, disse Elie.

“Minhas observações me levaram a um resultado surpreendente: indivíduos do mesmo sexo também interagem de uma forma associativa, como pares de machos e fêmeas”, afirmou. O estudo foi publicado na revista especializada “Behavioural Ecology and Sociobiology”.

Observação – Julie Elie e seus colegas de pesquisa, Clementine Vignal e Nicolas Mathevon, da Universidade de Saint-Etienne, criaram jovens mandarins em grupos do mesmo sexo. Mais da metade dos pássaros formaram pares com outra ave.

A equipe então monitorou os pássaros para captar sinais de que os pares estavam totalmente ligados. Segundo Elie, pares de aves que formaram casais ficavam lado a lado e faziam ninhos juntos. Eles também se cumprimentavam tocando os bicos.

No estágio seguinte da pesquisa, os cientistas introduziram fêmeas nos grupos de pares de machos. De oito machos que já tinham formado casais do mesmo sexo, cinco ignoraram completamente as fêmeas e continuaram interagindo com o parceiro macho.

Segundo os pesquisadores, as descobertas indicam que, mesmo entre aves, o impulso para encontrar um parceiro é bem mais complicado do que simplesmente a necessidade de reprodução.

“O relacionamento de um par entre espécies socialmente monogâmicas representa uma parceria cooperativa que pode dar vantagens para a sobrevivência. Encontrar um parceiro social, não importa seu sexo, pode ser uma prioridade”, diz a cientista.

Outros exemplos – Além dos mandarins, existem outros exemplos de casais do mesmo sexo entre aves. Entre gaivotas e albatrozes monogâmicos, este tipo de relacionamento dá às fêmeas a chance de criar filhotes sem um parceiro macho.

“Fêmeas copulam com machos, e então criam os filhotes juntas”, afirma a pesquisadora Julie Elie. Em cativeiro, ocorreram pelo menos dois casos de pinguins machos formando relacionamentos longos entre si quando existiam fêmeas disponíveis.

Talvez o caso mais famoso seja o de dois pinguins machos, Roy e Silo, do zoológico do Central Park, de Nova York. Eles formaram um casal e não deram atenção para nenhuma fêmea durante pelo menos um ano. Eles até construíram um ninho juntos e chocaram um ovo doado a eles por um dos tratadores.

(Fonte: G1)