Uma das presenças mais aguardadas na Cúpula dos Povos, na manhã desta sexta-feira (15), o cacique caiapó Raoni defendeu a união entre os povos e pediu respeito às tribos indígenas. Diante de uma plateia lotada, em sua maioria formada por índios de diferentes tribos do Brasil e da América Latina, o cacique ressaltou a importância da Amazônia e a preservação ao meio ambiente.
http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2012/06/16/84398-cacique-raoni-defende-uniao-e-cobra-respeito-aos-povos-indigenas-no-rio.html
“Nós temos que ser fortes, temos que lutar, discutir. Vamos entregar um documento aos brancos para que o Brasil respeite as nossas terras, os nossos costumes. Eu ainda estou vivo, e enquanto estiver vivo, vou continuar lutando por nós”, disse ele.
O cacique Raoni discursou durante a 9ª edição do Acampamento Terra Livre, que costuma ser feito em Brasília, mas que por causa da Rio+20, está sendo realizado na capital fluminense. O encontro também reuniu tribos de países como Bolívia, Colômbia e Equador. O objetivo, segundo os organizadores, é fazer uma análise da violação dos direitos indígenas, debater agenda de lutas e fortalecer a articulação do movimento indígena.
“Eu sou contra o desmatamento, a barragem, a mineração e a exploração de terras por brancos. Eu vou pedir apoio a outros governos, vou lutar para valer os nossos direitos. O índio tem seu lugar, vamos lutar, vamos defender o que é nosso”, completou.
O movimento indígena marca presença no evento por meio da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), em aliança com grupos indígenas da América Latina, realizada pela Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (Coica), a Coordenação Andina de Organizações Indígenas (Caoi) e o Conselho Indígena da América Central (Cica), além de líderes de outras partes do mundo.
Cúpula dos Povos – A Cúpula dos Povos, evento paralelo à Rio+20 onde organizações da sociedade civil vão discutir temas relacionados à Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, começou nesta sexta-feira (15), e promete reunir 18 mil pessoas nas 50 tendas do evento. O público esperado para essa edição do evento é quase o dobro do que compareceu à Cúpula dos Povos em 1992, durante a Rio-92.
Programação – O encontro, que vai até o dia 22, quer que os temas discutidos na Rio+20 não fiquem só no papel, mas se transformem em práticas sociais.
A ideia dos organizadores é ir além dos temas que serão debatidos no Riocentro, onde acontece a conferência oficial com representantes de 193 países, e realizar debates de forma independente, e com a possibilidade de assumir tons mais críticos ao que está sendo decidido pelos governos.
Um mês antes do início da conferência, representantes da Cúpula dos Povos apresentaram um documento mostrando que o debate principal do grupo vai girar em torno da rejeição à mercantilização da natureza e ao que chamam de “economia verde”.
Entre os temas a serem debatidos estão não apenas o próprio desenvolvimento sustentável, mas também o conceito de economia verde, assuntos relativos a florestas, oceanos, a crise econômica global e seus reflexos sobre o G-20, e os conflitos socioambientais nos Estados Unidos e na Europa.
A Cúpula dos Povos vai ter debates até o sábado (23), depois do encerramento da conferência oficial.
(Fonte: Rodrigo Vianna/ G1)