Cacau, chocolate, mutirão e liberdade

Cacau

Imagem: Amma Chocolate.

Documentário: “Dois Riachões: cacau e liberdade“, dirigido por Fellipe Abreu e Patrícia Moll, conta a história do pré-assentamento Dois Riachões, que fica no Baixo Sul da Bahia.

A comunidade produtora de cacau conseguiu conquistar terra, liberdade, independência financeira e soberania alimentar depois de seus moradores viverem por gerações em situação análoga à escravidão.

Através da Reforma Agrária, do resgate do sistema Cabruca (nota do website: sistema de plantio no meio da Mata Atlântica e não a pleno sol, que exige o desmatamento completo) e de capacitações em agroecologia por diversas instituições, entre elas o Slow Food Brasil, seus cerca de 150 moradores hoje plantam alimentos para a subsistência e produzem amêndoas de qualidade que são vendidas para grandes marcas, como Amma e Dengo.

Em 2020, Dois Riachões comemorou a finalização da sua própria fábrica de chocolate e em breve terão seu próprio chocolate.

[Nota do website: Quando denominamos o chamado ‘agronegócio‘, tradução de ‘agribusiness‘, termo que representa uma vassalagem pela cópia de um modelo tecnológico e um paradigma político-social, desenvolvido nos EUA, de ‘AGRONECRÓCIO‘ –agro=campo + necro=morte-, queremos demonstrar que esse gesta a morte da agricultura como cultura no campo para produzir alimentos. E reconhecemos isso porque temos no nosso país, modelos que mostram exatamente o contrário. Aqui neste caso baiano, o produto é alimento, já que os próprios agricultores usam nas suas mesas, com sua família e seus filhos. Totalmente diferente daqueles que dizem para quem ousa quer comer aquilo que produzem por estar contaminado e envenenado, dizendo ‘não, não, isso não é para comer, é para vender’. Mas aqui como outros grupos de pequenos agricultores e noutros assentamentos, a cultura que se dá no campo vai além da produção agrícola, ela se amplia pela casa, vai para a escola e envolve a comunidade que reaprende a compartilhar e honrar a herança dos paradigmas, espontâneos e viscerais, de nossos ancestrais, os povos originários: o ‘mutirão’ que nada mais é do que a comunhão=’comum’ + ‘união’. E quando defendemos que a soberania de um povo sempre está ligado ao alimento, produzido e compartilhado por todos, queremos reafirmar que esses são os modelos tecnológicos e os paradigmas que irão libertar nossa população da fome, da vergonha, da humilhação e da soberba dos supremacismo branco que vem contaminando todos os corações e mentes nacionais. Aí sim, poderemos ter a serenidade de que Nosso Futuro, e de todos os nossos descendentes, não será Roubado. Gratidão, honra e felicidades ao povo do ‘Dois Riachões’=mais um orgulho nacional).