Belo Monte contorna críticas e deve ter 28 mil trabalhadores em 2013.

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A maior obra de infraestrutura do país se prepara para entrar em sua fase de pico. Depois de 540 dias de trabalho no rio Xingu, em Altamira (PA), a usina de encerra o ano com 20% de seu projeto concluído, 148 dias de paralisações e uma verdadeira operação de guerra instalada na , com 18 mil funcionários. Até meados de agosto de 2013, esse batalhão atingirá 28 mil profissionais, quando chegar ao auge das operações.

 

http://www.ihu.unisinos.br/noticias/516706-belo-monte-contorna-criticas-e-deve-ter-28-mil-trabalhadores-em-2013

 

“Estamos com o nosso cronograma rigorosamente em dia, apesar das paralisações que enfrentamos”, disse ao Valor o diretor-presidente da Norte , Duílio Diniz de Figueiredo. “O número máximo de profissionais que prevíamos era de 23 mil pessoas, mas ampliamos esse volume em mais 5 mil pessoas para garantir o cumprimento de nosso projeto.”

A reportagem é publicada pelo jornal Valor, 27-12-2012.

O aumento das operações será suportado por um aporte bilionário que deve ser liberado ainda nesta semana. Até amanhã, o BNDES deve desembolsar a primeira parcela de R$ 5 bilhões do empréstimo total de R$ 22,5 bilhões que o consórcio tomou com o banco público, o maior financiamento da história já assinado pelo BNDES. O desembolso inclui ainda repasses a serem feitos pela Caixa Econômica Federal e o BTG Pactual.

Desde o início das obras de , em junho de 2011, o consórcio Norte Energia, dono daquela que será maior hidrelétrica do país, já desembolsou R$ 6 bilhões no empreendimento. Para 2013, afirma o diretor financeiro e de gestão do consórcio, Marcelo Perillo, mais R$ 6 bilhões estão previstos para serem aplicados.

No entorno dos canteiros de obra, a Norte Energia promete acelerar as ações compensatórias socioambientais. Uma das prioridades são as obras de saneamento básico – água e esgoto -, que acabam de ser contratadas para os municípios de Altamira e Vitória do Xingu, diretamente impactos pela usina. A previsão é de que os trabalhos nas duas cidades estejam prontos até julho de 2014, com aportes de R$ 183 milhões. É uma exigência para que a Norte Energia possa iniciar o enchimento da represa de Belo Monte.

Para liberar o enchimento do lago, a Norte Energia terá ainda de concluir o reassentamento de pelo menos 4,1 mil famílias que hoje vivem em áreas a serem inundadas. A maior parte dessas famílias vive em condições precárias, sobre palafitas, na região central de Altamira. Dois terrenos foram adquiridos e a preparação do loteamento começa em janeiro, trabalho que será feito pela empresa S.A. Paulista. Na semana passada, a Norte Energia apresentou, para cerca de 20 empresas, as regras da licitação para contratar a empreiteira responsável pela construção das casas, trabalho que começa em fevereiro.

O pacote de ações compensatórias de Belo Monte soma R$ 3,88 bilhões. Desse montante, diz o diretor de relações institucionais da Norte Energia, João Pimentel, R$ 700 milhões foram aplicados.

Na semana passada, o consórcio construtor de Belo Monte, liderado pela Andrade Gutierrez, concluiu o fechamento da primeira das duas “ensecadeiras” previstas para a hidrelétrica. Trata-se de uma barragem circular provisória erguida a base de pedra e areia, usada para desviar o fluxo do rio e permitir que os trabalhadores avancem dentro da área onde será construída a barragem definitiva e instaladas as turbinas. Nas próximas semanas, será concluído o esvaziamento da ensecadeira e a retirada de cerca de 50 toneladas de peixes, para que os trabalhos avancem dentro da estrutura.

Ao lado do avanço das obras, seguem os protestos contra a usina. O mais recente deles foi endereçado ao presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda. No contrato firmado com o BNDES, a CEF é agente repassador de R$ 7 bilhões para Norte Energia. Uma carta assinada pelas organizações International Rivers, Amigos da Terra e BankTrack, representantes dessas instituições pedem que a CEF esclareça que razões levaram o banco a participar do financiamento, uma vez que o empreendimento, segundo essas organizações, fere os Princípios do Equador, dos quais a CEF é signatária. A Caixa, acusa a carta, contraria conclusões de análises realizadas por demais bancos sobre a falta de enquadramento do empreendimento com o referido acordo de responsabilidade social e ambiental.

Os Princípios do Equador tiveram início em 2003, depois que o braço financeiro do Banco Mundial – International Finance Corporation (IFC) – e o banco holandês ABN Amro promoveram, em Londres, um encontro para discutir experiências com investimentos em projetos, envolvendo temas sociais e ambientais em mercados emergentes. Dez dos maiores bancos no financiamento internacional de projetos (ABN Amro, Barclays, Citigroup, Crédit Lyonnais, Crédit Suisse, HypoVereinsbank (HVB), Rabobank, Royal Bank of Scotland, WestLB e Westpac), lançaram as regras dos Princípios do Equador em sua política de concessão de crédito, processo que passou a incluir vários bancos brasileiros, como a Caixa.

Com 11,2 mil megawatts (MW) de capacidade instalada e valor total estimado em R$ 28,9 bilhões, Belo Monte deve representar 33% da expansão de capacidade de energia prevista para o país entre 2015 e 2019. A primeira das 24 turbinas da usina está prevista para iniciar operação em fevereiro de 2015 e a última, em janeiro de 2019.

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