Atividade agrícola impactou florestas brasileiras, revela estudo na ‘Science’.

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O grande desaparecimento de aves frugívoras (que comem frutos) das tropicais brasileiras, em decorrência da , tem causado um impacto sobre as árvores da região, que têm produzido sementes menores e mais fracas ao longo do último século. A conclusão é de uma equipe de pesquisadores brasileiros, mexicanos e espanhóis, cujo estudo será publicado na revista “Science” desta sexta-feira (31).

 

 

http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2013/05/31/94806-atividade-agricola-impactou-florestas-brasileiras-revela-estudo-na-science.html

O trabalho foi liderado pelo especialista em ciências biológicas Mauro Galetti, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Rio Claro. Segundo ele, os resultados fornecem evidências de que a atividade humana pode desencadear mudanças evolucionárias rápidas nas populações naturais.

Os autores coletaram mais de 9 mil sementes de diferentes populações da palmeira Euterpe edulis – espécie nativa da Mata Atlântica, também chamada de içara ou palmito-juçara, e ameaçada de extinção – em áreas de floresta preservadas e outras devastadas por plantações de café e cana-de-açúcar no século 19.

A equipe usou dados estatísticos, genéticos e modelos evolucionários para chegar às conclusões. Segundo os cientistas, também foi considerada a influência de vários fatores ambientais, como , fertilidade do solo e cobertura florestal. Apesar disso, apenas a ausência das aves que comem frutos e espalham sementes já explicaria a diminuição do tamanho dos grãos das palmeiras.

De acordo com as análises genéticas, o encolhimento das sementes na região pode ter ocorrido dentro um século após algum tipo de perturbação local. Além desses fatores, longos períodos de seca e um clima cada vez mais quente na América do Sul podem ter prejudicado ainda mais essas populações de palmeiras, alertam os pesquisadores.

Ao lado da Unesp, participaram cientistas da Universidade Federal do Oeste do Pará, em Santarém, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFFRJ), da Universidade Federal de Goiás (UFG), da Universidade de São Paulo (USP) na capital paulista e em Piracicaba, da Rede de Biologia Evolutiva do México, em Veracruz, e da Estação Biológica de Doñana, em Sevilha, na Espanha.

(Fonte: G1)

 

Desaparecimento de aves intensifica extinção do palmito na Mata Atlântica

http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2013/05/31/94812-desaparecimento-de-aves-intensifica-extincao-do-palmito-na-mata-atlantica.html

O desaparecimento de grandes aves na Mata Atlântica contribui para a extinção do palmito, conclui estudo publicado na revista Science nesta quinta-feira (30). Os cientistas da Unesp (Universidade Estadual Paulista), da USP (Universidade de São Paulo), da UFG (Universidade Federal de Goiás) e pesquisadores da Espanha e do México conseguiram provar a relação entre a extinção de aves, principalmente tucanos e arapongas, com o menor tamanho das sementes das palmeiras, o que as torna mais suscetíveis às .

“É o primeiro trabalho que demostra que o impacto humano, como caça e fragmentação não altera apenas as espécies envolvidas como afeta a evolução das plantas indiretamente”, explica Mauro Galetti, o coordenador da pesquisa.

As aves possuem um papel importante na reprodução das plantas, seja polinizando suas flores ou comendo os frutos e espalhando as sementes. A palmeira conhecida como palmito juçara (Euterpe edulis) foi estudada em 22 áreas na Mata Atlântica do Sul da Bahia até o Parque do Iguaçu, no Paraná. O palmito, muito consumido na culinária brasileira, está ameaçado de extinção.

Na Mata Atlântica, o juçara é importante fonte alimentar para mais de 50 espécies de aves, como papagaios, sabiás, jacus, arapongas e tucanos. Os pesquisadores notaram que em locais onde os tucanos haviam sido extintos há mais de 50 anos pela caça ou desmatamento, as palmeiras produziam frutos pequenos, enquanto em florestas conservadas e com tucanos as palmeiras possuíam frutos de tamanhos mais variados, apresentando desde frutos pequenos a grandes.

“Muitas aves grandes que consomem frutos são caçadas ou não sobrevivem ao desmatamento e a redução da floresta”, relata. Nestas áreas, somente aves pequenas como os sabiás dispersam as sementes da planta, mas como eles possuem boca pequena não conseguem comer e dispersar os frutos grandes. Assim, apenas as sementes pequenas acabam gerando novas plantas e com o tempo, só serão encontradas sementes pequenas.

“As pessoas acreditavam que a seleção natural demonstrada por Charles Darwin há mais de 100 anos atrás levava anos para ocorrer, mas nossos dados mostram que o impacto humano, causando a extinção de aves grandes, seja por caça ou por desmatamento, seleciona rapidamente as plantas com sementes pequenas”, explica Galetti.

O principal problema da seleção é que as sementes pequenas sofrem maior mortalidade devido ao ressecamento. “Como as previsões climáticas futuras sugerem períodos mais secos e mais severos em decorrência das mudanças climáticas, as sementes pequenas provavelmente não germinarão”, completa.

Galetti destaca ainda que com a extinção destas espécies muitas outras plantas podem sofrer com a menor reprodução. A fragmentação mais intensiva da Mata Atlântica iniciou em 1.800 com o desenvolvimento dos cultivos de café, cana-de-açúcar e exploração madeireira. Atualmente restam apenas 12% da cobertura original do bioma, e mais de 80% dos remanescentes florestais são pequenos demais para manterem grandes aves frugívoras (que se alimentam de frutos ou vegetais). Nesses fragmentos não sobrevivem os grandes animais frugívoros, como antas, macacos, tucanos, pavós, arapongas etc.

Implicações – “Nosso trabalho apontou uma das únicas evidências de que a mudança evolutiva pode acontecer em populações naturais em tempo curto, como consequências diretas das mudanças induzidas por ação humana”, diz o pesquisador, que completa: “o rápido avanço da defaunação de grandes vertebrados está causando, muito provavelmente, mudanças sem precedentes nas trajetórias evolutivas e na composição de muitas áreas tropicais.”

De 50 a 75 anos, as populações de palmeiras em áreas defaunadas, ou seja sem grandes frugívoros, já não possuem mais sementes grandes, que tendem a desaparecer porque não são dispersas e morrem.

Galetti e outros pesquisadores perceberam que essas áreas não eram mais capazes de sustentar aves com bicos de grande abertura ou aquelas com bico com largura superior a 12 milímetros, como é caso de tucanos e anambés grandes.

Os pesquisadores levaram em consideração a influência de fatores ambientais como clima, fertilidade do solo e cobertura florestal, porém nenhum deles poderia ser responsável pela mudança do tamanho das sementes de palmeiras ao longo dos anos nas florestas fragmentadas.

(Fonte: UOL)

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