Segue um resumo, com base em informações do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), sobre as evidências científicas das mudanças climáticas e seus impactos às vésperas do próximo encontro climático das Nações Unidas, entre 28 de novembro e 9 de dezembro, em Durban, África do Sul. Matéria da France Presse.
http://www.ecodebate.com.br/2011/11/23/as-evidencias-das-mudancas-climaticas-e-seus-impactos-potenciais-segundo-o-ipcc/
Publicado em novembro 23, 2011
O IPCC é um órgão científico formado por um colegiado de mais de 500 especialistas, criado pelas Nações Unidas.
– As evidências de ocorrência de aquecimento global são “inequívocas” e há mais de 90% de probabilidade de que os humanos sejamos os grandes responsáveis. A principal causa é a emissão de gases causadores de efeito estufa a partir da queima de combustíveis fósseis, que prendem o calor do sol na atmosfera, aquecendo a superfície terrestre.
– Os níveis de dióxido de carbono (CO2) aumentaram cerca de um terço desde a época pré-industrial e agora atingem seu pico em 650.000 anos. Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), estes níveis aumentaram em 2,3 partes por milhão (ppm) entre 2009 e 2010. Isto é mais do que a média dos anos 1990 (1,5 ppm) e da década passada (2 ppm).
– Entre 1990 e 2010, houve um aumento de 29% na “força radioativa”, ou seja, o efeito de aquecimento sobre nosso sistema climático, segundo a OMM. O CO2 permanecerá na atmosfera por décadas, intensificando o aquecimento, mesmo se todas as emissões forem detidas amanhã.
– Desde 1900, o nível do mar aumentou entre 10 e 20 centímetros. A temperatura média global da superfície aumentou 0,8º Celsius. As temperaturas médias em terra aumentaram muito mais rápido: 0,91º C desde meados do século XX, segundo o Berkeley Earth Surface Temperature Project.
– As mudanças climáticas já são visíveis na elevação do nível do mar, no recuo das geleiras alpinas e na cobertura de neve, na redução do gelo marinho no verão ártico, no derretimento do permafrost (solo permanentemente congelado) e na imigração para os polos de muitos animais e plantas em busca de hábitats mais frios.
– As “melhores estimativas” para a elevação nas temperaturas médias globais em 2010 oscilariam entre 2,4ºC e 4º C, dependendo do uso dos combustíveis fósseis. Estes números também mascarariam grandes variações, de acordo com a região e o país.
– Em 2007, o IPCC projetou uma elevação do nível do mar em pelo menos 18 centímetros até 2100. Desde então, muitos estudos apontam para o derretimento na cobertura de gelo da Groenlândia e da Antártida ocidental. A maioria dos especialistas afirmam que a elevação do nível do mar em um metro é plausível.
– Entre 20% e 30% das espécies de plantas e animais enfrentarão ameaça de extinção se as temperaturas globais aumentarem entre 1,5º e 2,5ºC, em comparação com as temperaturas médias das últimas duas décadas do século XX.
– Na África, por volta de 2020, entre 75 milhões e 250 milhões de pessoas ficarão expostas a um maior estresse hídrico. O produto da agricultura irrigada por chuvas em alguns países da África poderá ser reduzido em até 50%. Áreas similares a desertos podem se expandir entre 5% e 8% em 2080.
– Na Ásia, a disponibilidade de água doce diminuirá em meados do século. Os megadeltas costeiros correrão risco de inundações devido ao aumento do nível dos mares. A mortalidade atribuída a doenças associadas a cheias e secas aumentará.
– Eventos climáticos extremos, como ondas de calor, secas e temporais podem se tornar mais frequentes e/ou intensos, segundo o relatório especial do IPCC, publicado em 18 de novembro.
– Estabilizar as emissões de 445 ppm a 535 ppm de CO2-equivalente limitaria a elevação da temperatura global desde a época pré-industrial entre 2ºC e 2,8º C. As concentrações estão atualmente em 389 ppm. O nível de 450 ppm corresponde à meta de 2º C, estabelecida durante as negociações climáticas da ONU de 2010, em Cancún (México).
– Os países precisam fechar um abismo colossal de CO2 para alcançar a meta de 2ºC. Cientistas do Instituto de Ciência Climática e Atmosférica, vinculado ao Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH Zurich), calculam que as emissões precisam cair 8,5% até 2020 e, depois, continuar diminuindo.