Arroz ecológico-alimento iluminado.

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A reportagem cinematográfica mostra as qualidades e as oportunidades de produção agroecológica que os assentados de da Região Metropolitana de Porto Alegre (RS) alcançaram após 12 safras do arroz orgânico, no modo de organização cooperativista. O documentário de 26 minutos faz parte da série Curta , promovida pela ANA (Articulação Nacional de Agroecologia), com financiamento da Fiocruz e Canal Saúde.

 

O maravilhoso documentário da série Curta Agroecologia produzido pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) retrata como a produção orgânica melhorou profundamente a vida de agricultores familiares no Rio Grande do Sul.

“A orgânica não é uma atividade de competição e sim uma atividade de cooperação”. Juarez Filipi Pereira, agricultor ecologista

É neste espírito que 470 famílias produzem atualmente mais de 20 mil toneladas de arroz orgânico em uma área de 4000 hectares. Tudo isso graças a criação da cooperativa Coopan que envolve os agricultores em toda a cadeia processual desde o plantio, colheita e armazenamento até a parte administrativa.

O curta perpassa por áreas que se complementam e exemplificam a estrutura da produção agroecológica, são elas:

Os assentados relatam que por não serem utilizados venenos nas lavouras, a água volta aos rios e solos livre de metais pesados e contaminantes. No caso do arroz, a própria casca que é retirada do é utilizada para combustão necessária para secagem e comercialização do produto.  As cinzas restantes são reinseridas nas lavouras como adubo.

Aspecto social

Todas as ações acontecem de forma conjunta por meio da cooperativa, desta forma, toda a comunidade é envolvida gerando renda a informação a todos e todas. Os jovens adultos trabalham meio período por dia e há a preocupação para que eles dediquem também meio período para estudar e se aperfeiçoar.

Abastecimento

Os agricultores familiares também se alimentam daquilo que comercializam e os alimentos que eles não possuem são adquiridos a partir de trocas nas feiras agroecológicas. Desta forma, sua Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional se concretizam.

 

Dilma abre colheita de arroz sem agrotóxicos: “assentamentos são alto negócio para o país”

http://www.sul21.com.br/jornal/dilma-abre-colheita-de-arroz-sem-agrotoxicos-assentamentos-sao-alto-negocio-para-o-pais/

Presidenta Dilma Rousseff durante 12ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz Ecológico. (Eldorado do Sul - RS, 20/03/2015) Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Presidenta Dilma Rousseff durante 12ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz Ecológico. (Eldorado do Sul – RS, 20/03/2015) Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Marco Weissheimer

“O tem que saber que isso é possível. Essa abertura da colheita do arroz ecológico mostra a qualidade e as possibilidades que os assentamentos de Reforma Agrária trazem para o país”. A afirmação da presidenta da República, Dilma Rousseff (PT), resumiu o sentido do ato de inauguração da unidade de armazenamento e secagem de arroz orgânico, da Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre (Cootap) e da 12ª abertura oficial da colheita do arroz ecológico, nesta sexta-feira (20), em Eldorado do Sul. Fundada em 1995, a Cootap é uma cooperativa de trabalhadores assentados da Reforma Agrária no Rio Grande do Sul, que tem como principal característica a organização coletiva de produção de arroz orgânico, livre de agrotóxicos. A cerimônia reuniu mais de 6 mil pessoas no assentamento Lanceiros Negros.

Dilma Rousseff destacou que, com a inauguração da unidade de armazenamento e secagem do arroz orgânico, os assentados estavam consolidando o domínio de toda a cadeia produtiva do produto. “Nós temos aqui os três pilares da política de Reforma Agrária que defendemos: a existência de agricultores assentados que, após a conquista da terra, se organizaram em cooperativas para produzir, a escolha da agroecologia para a produção de alimentos saudáveis e de qualidade, e o investimento na agroindústria para agregar valor à produção e fazer do campo um lugar onde é possível produzir alimentos, gerar renda e viver com dignidade”, assinalou. O trabalho da Cootap envolve 522 famílias em 15 assentamentos situados em 12 municípios do Rio Grande do Sul.

A produção estimada para a safra de 2013-2014 é de 463.467 sacas. Para 2015, a previsão é de uma produção de mais de 400 mil sacas de arroz livre de agrotóxico. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

familiar de qualidade

“Nós estamos vendo aqui hoje que é possível desenvolver uma agricultura familiar de alta qualidade nos assentamentos. Estou falando para todo o Brasil ouvir. Essa é uma experiência que deu certo e que mostra que os assentamentos de Reforma Agrária representam um alto negócio para os assentados e para o país”, acrescentou a presidenta. Os números do trabalho da Cooperativa dos Trabalhadores Assentados são expressivos. Hoje, a área total de arroz agroecológico ou em transição para esse modelo de produção é de 4.648 hectares. Desse total, 184,3 hectares são destinados à produção de sementes. A produção estimada para a safra de 2013-2014 é de 463.467 sacas. Para 2015, a previsão é de uma produção de mais de 400 mil sacas de arroz livre de agrotóxico.

Em sua fala aos milhares de assentados e convidados, Dilma defendeu as políticas de Reforma Agrária e de fortalecimento da agricultura familiar, implementadas desde o governo Lula. “Criamos linhas de crédito para a agricultura familiar, o seguro agrícola, linhas para a compra de equipamentos, investimos em assistência técnica e aqui aparece o resultado e as imensas possibilidades dessas políticas”. A presidenta destacou ainda o Programa de Aquisição de Alimentos (PPA), classificando-o como o grande alicerce dessas políticas. E ressaltou que hoje, das 150 mil famílias envolvidas no programa, só 3 mil estão organizadas em cooperativas. Dilma defendeu esse modo de organização: “Quem mais se beneficia dessas políticas são as cooperativas de assentados, pois elas acabam concentrando e potencializando a força dos agricultores”.

Dilma: “Nós estamos vendo aqui hoje que é possível desenvolver uma agricultura familiar de alta qualidade nos assentamentos. Estou falando para todo o Brasil ouvir".   Roberto Stuckert Filho/PR

Dilma: “Nós estamos vendo aqui hoje que é possível desenvolver uma agricultura familiar de alta qualidade nos assentamentos. Estou falando para todo o Brasil ouvir”. Roberto Stuckert Filho/PR

Assentados produzem suas próprias sementes

A presidenta reafirmou o compromisso do governo de investir na agroindústria como forma de aumentar a renda dos assentados. “A agroindústria vai dar condições aos agricultores familiares do nosso país. Dar condições a eles de agregar valor à sua produção e de produzir industrializando aquilo que eles plantam e colhem, ou aquilo que eles criam, e os produtos daí derivados”, avaliou. E assumiu o compromisso de criar uma linha de crédito, via Banco do Brasil, para financiar a agroecologia. “Eu colhi sementes hoje. Com essa produção de sementes, a cooperativa passa a ser autossustentável, controlando seu principal insumo. É esse o modelo de Reforma Agrária que queremos. Nós queremos assentamentos com essa qualidade que estamos vendo aqui hoje”.

O presidente da Cootap, Emerson Giacomeli, agradeceu a presença de Dilma Rousseff no assentamento para a abertura da colheita do arroz orgânico. “Para nós é uma grande alegria recebê-la aqui no assentamento que é uma conquista dos trabalhadores”. E fez um chamado ao diálogo para o governador José Ivo Sartori (PMDB). Giacomeli assinalou que a unidade de armazenamento e secagem foi construída graças a um convênio firmado entre o Estado, durante o governo Tarso Genro (PT) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e que os assentados estão dispostos a conversar e dar prosseguimento a parcerias como esta. “O diálogo deve continuar”, disse Giacomeli que interrompeu um princípio de vaias para Sartori, lembrando que todos que estavam ali eram convidados do e deviam ser bem recebidos.

Sartori defende continuidade constitucional

O governador José Ivo Sartori destacou a abertura da colheita e a inauguração dos silos como um “símbolo do que o Brasil precisa”. “Precisamos trabalhar em parceria e assegurar a continuidade constitucional e institucional. Os governos mudam, mas o Estado permanece”, afirmou, criticando os setores que estão defendendo oimpeachment de Dilma Rousseff. Sartori defendeu a continuidade das parcerias entre movimentos sociais e governos estadual e federal e lembrou a aprovação da Lei dos Agrotóxicos em 1983, na Assembleia Legislativa gaúcha, como um marco na luta pela produção de alimentos saudáveis. Prefeito de Eldorado do Sul, Sérgio Munhoz também agradeceu a presença de Dilma e destacou algumas obras do governo federal que estão sendo realizadas ou previstas para a região: duplicação da BR 116 e da BR 290, construção da segunda ponte do Guaíba e duplicação da Estrada do Conde que liga Eldorado a Guaíba.

Fundada em 1995, a Cootap é uma cooperativa de trabalhadores assentados da Reforma Agrária no Rio Grande do Sul, que tem como principal característica a organização coletiva de produção de arroz orgânico, livre de agrotóxicos"

Fundada em 1995, a Cootap é uma cooperativa de trabalhadores assentados da Reforma Agrária no Rio Grande do Sul, que tem como principal característica a organização coletiva de produção de arroz orgânico, livre de agrotóxicos”

Agrotóxicos e casos de

Integrante da coordenação nacional do MST, João Pedro Stédile, também saudou a presença de Dilma no assentamento e criticou o modelo de produção do brasileiro que fez do país o maior consumidor de agrotóxicos no mundo. “A terra não é para dar lucro, mas sim para gerar vida, produzir alimentos saudáveis. Hoje temos 500 mil novos casos de câncer por ano no Brasil e muitos deles estão relacionados à contaminação por agrotóxicos”. Stédile pediu mais investimentos e políticas públicas para incentivar a agroecologia no Brasil e defendeu mudanças na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). “A Conab tem que ser transformada em uma empresa pública de alimentos, e não seguir como uma empresa a serviço do agronegócio. E o Incra precisa ser dirigido por alguém que tenha compromisso efetivo com os sem terra e com a Reforma Agrária”, afirmou.

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