ClimaInfo, 20 de fevereiro de 2024.
[NOTA DO WEBSITE: Depois alguns, inadvertidamente, poderão se questionar o porquê do website tratar o chamado ‘agronegócio‘ de AGRONECRÓCIO’. Ou seja, o campo como necrotério, como espaço onde tudo é morte, destruição, devastação. Lugar onde os supremacistas brancos eurocêntricos praticam a doutrina da colonialidade, implementada pelo capitalismo devastador das ‘commodities’. Jamais do alimento, porque algo que vem envenenado e rico de contaminantes, como poderemos utilizar para nossas famílias e nossos filhos? Imaginem, mais venenos do que os EUA, ícone do ‘agribusiness’, e da China, outro país que prima pela contaminação de tudo e de todos, JUNTOS!].
País usou mais veneno em suas lavouras do que China e EUA juntos, e um efeito disso é a contaminação do Rio Araguaia por ‘defensivos agrícolas‘. (nota do website: como ainda tratam como ‘defensivos‘… só se for entre aspas e com ‘agrícolas‘ para mostrar o que defendem… será a saúde de todos os seres?)
A mesma bancada ruralista que vocifera contra os direitos indígenas ao território e minimiza as mudanças climáticas que o agronegócio brasileiro ajudou a agravar defende com unhas e dentes os agrotóxicos. Assim, no fim do ano passado, aprovou o Projeto de Lei 1.459/2022, o PL do Veneno e do Câncer, flexibilizando regras para o uso e o registro de agrotóxicos no país. O PL foi sancionado pelo presidente Lula com vetos, que ainda podem ser derrubados pelos parlamentares.
O fato é que mesmo antes disso, em 2021, ainda durante o governo do inominável, o Brasil usou mais agrotóxicos em suas lavouras do que China e Estados Unidos juntos. Naquele ano, foram aplicadas 719,5 mil toneladas de venenos contra pestes em lavouras nacionais. A China, que tem quase sete vezes mais habitantes que o Brasil, aplicou 244 mil toneladas. Já os EUA, outra potência agropecuária global, aplicaram 457 mil toneladas. Os dados são de um levantamento da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, sigla em Inglês) destacado por Brasil de Fato, Metrópoles e Terra.
Segundo a FAO, o Brasil usou 10,9 kg de agrotóxicos para cada hectare de lavoura. Os EUA, 2,85 kg/ha, e a China, 1,9 kg/ha. Quando o veneno é dividido por habitante, em 2021 foram usados no Brasil 3,31 kg de agrotóxicos por pessoa; nos EUA, 1,36 kg; e na China, 0,17 kg per capita.
Se os números são alarmantes, seus efeitos perversos são comprováveis. Um estudo publicado na Environmental Advances mostra um alto nível de contaminação por agrotóxicos nas porções média e alta do Rio Araguaia. O curso d’água tem níveis de atrazina, carbendazim, cianazina, imidacloprida, 2,4-D, clomazone, clorpirifós etil e imazalil acima dos aceitos na União Europeia, detalha ((o))eco.
O Araguaia flui por cerca de 2.100 km desde a Serra do Caiapó, próxima ao Parque Nacional das Emas, em Goiás, avançando por Mato Grosso, Tocantins e Pará até desaguar no Rio Tocantins. Frente de desenvolvimento econômico convencional, a bacia do Araguaia é uma das regiões mais devastadas do Cerrado nos últimos anos.
A eliminação da vegetação natural para ampliar as lavouras de soja e de outros itens exportados e consumidos no país compromete não só a quantidade de água, inclusive para o agronegócio, como também aumenta a poluição dos rios por agrotóxicos. E o que se vê no Araguaia é um exemplo explícito disso.
Mas, infelizmente, o envenenamento de rios e solos por agrotóxicos não é exclusividade da Bacia do Araguaia. Uma outra pesquisa revela alta concentração de agrotóxicos e metais em moradores de Mato Grosso do Sul, estado que também integra a fronteira agrícola do Centro-Oeste brasileiro.
O estudo foi realizado no ano passado pela Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (INCAB). Os pesquisadores decidiram fazer o estudo em seres humanos cinco anos depois que identificaram a presença dos químicos em antas que vivem na natureza na região das cidades de Nova Alvorada do Sul e Nova Andradina, explica o g1.
O INCAB coletou amostras biológicas de moradores dessas cidades para detectar a presença de agroquímicos e metais. Os pesquisadores detectaram cinco agroquímicos, sendo dois organofosforados (glifosato e malathion) e três organoclorados (pp’DDD, dieldrin e beta-BHC). Dos 94 moradores que participaram do estudo, 36 testaram positivo para algum tipo de agrotóxico, sendo que, em alguns casos, foi encontrado mais de um químico.
A ciência mostra os imensos riscos dos agrotóxicos para as pessoas e para a fauna e comprova a contaminação por esse veneno. No entanto, os dados científicos não convencem as fabricantes, que insistem em comercializar no Brasil agrotóxicos já proibidos e restritos em outros países.
A Repórter Brasil, em matéria reproduzida pelo Brasil de Fato, mostra que a Syngenta e a Ourofino colocam evidências científicas de lado para garantir que o governo brasileiro aprove as vendas no país do tiametoxam – a decisão sobre a proibição ou liberação deve ocorrer nesta semana. O agrotóxico é fatal para as abelhas, fundamentais na polinização de culturas, e também é apontado por especialistas e ambientalistas como uma ameaça à biodiversidade.
E vale destacar: Syngenta e Ourofino têm apoio da bancada ruralista no Congresso. Não é coincidência.