Agricultura: Mais alimentos tóxicos chegando à sua mesa

Agrotóxicos feitos de PFAS, uma classe de venenos tóxicos à saúde humana, estão sendo usados ​​em plantações canadenses. Ilustração de Ata Ojani/National Observer

https://www.nationalobserver.com/2024/06/03/news/PFAS-pesticides-food-toxicity

[NOTA DO WEBSITE: Incrível como essa matéria fragra de como o ‘agribusiness’ ´gerado e que grassa nos EUA, é uma ideologia que infecta todos os países. Destacado-se os que professam a doutrina da colonialidade como todas as nações das Américas colonizadas pelo supremacismo branco eurocêntrico. Aqui vemos como a antiga forma de produção de alimentos, a ex-agricultura, agora toda tomada pelo , está submissa e submetida aos interesses internacionais da Big Oil que se imiscui com as Big Ag e Big Food que aqui podemos tratar como a malfadada petroagroquímica. Os cínicos conceitos são exatamente os mesmos, estejamos onde estivermos. As cretinas ‘doses aceitáveis’, os ‘usos adequados’ e ‘não indiscriminados’ e a criminosa e falsa alegação de que os idênticos princípios ativos que se usa em todas as áreas humanas, da produção agrícola até o medicamento e o produto de limpeza e de ‘proteção’ às chamas entre outros, atuariam diferentemente nos organismos dos seres vivos. Tudo estaria condicionado às doses. Canalha tentativa de justaposição da realidade dos produtos naturais ao sintéticos, ao se seguir a toxicologia clássica da Idade Média de Paracelsus. Por isso quando parecendo que somos açodados ao designarmos todos os humanos envolvidos nessa sórdida ‘máfia’, como definiu ainda nos anos 80, José Lutzenberger, de criminosos e venais, pode transparecer para os incautos que seríamos tendenciosos e parciais, além de anti-científicos e emocionais. Mas tomando contato com essa matéria vemos que o Canadá está no mesmo diapasão do Brasil e de todos os produtores internacionais de ‘commodities’. Leiam e avaliem o que viemos compartilhando com nossos leitores. A sociedade global precisa se unir contra esses criminosos, sob pena de condenarmos nossos descendentes à extinção por estarmos sendo negligentes, omissos e irresponsáveis, no aqui e agora].

Agrotóxicos feitos com uma classe de produtos químicos tóxicos causadores de câncer que nunca se degradam, estão sendo usados ​​em plantações canadenses, apesar das preocupações globais sobre seu impacto nos seres humanos e no meio ambiente.

PFAS são uma classe de milhares de produtos químicos que não se decompõem naturalmente no ambiente. Apreciados pela indústria por serem capazes de resistir à gordura e à água, eles são usados ​​em tudo, desde capas de chuva até embalagens de alimentos. Pesquisadores os encontraram em quase todos os lugares da Terra, incluindo partes remotas do Ártico — e na maioria dos corpos humanos.

Em agrotóxicos, os PFAS são usados ​​como “princípio ativo” — ou seja, o agente de extermínio — e também como aditivo para dar a eles propriedades desejáveis, como resistência à água. Esses “PFAS-ticides” se tornaram mais amplamente usados ​​nos últimos anos para remediar a crescente resistência a herbicidas para tipos mais antigos de agrotóxicos. Pelo menos dez estão atualmente aprovados para uso no Canadá.

Em meio à crescente preocupação com os impactos dos produtos químicos na saúde, a União Europeia, os EUA e vários estados norte americanos recentemente se mobilizaram para restringir seu uso ou bani-los completamente. O Ministro do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Canadá, Steven Guilbeault, chegou a dizer que uma “abordagem proativa e preventiva é necessária” no Canadá para PFAS, ou tambe´m conhecidos como ‘químicos eternos/forever chemicals‘, e prometeu implementar regras que regulam os produtos químicos como uma classe.

Mas o governo federal é obrigado a abrir uma exceção: aos agrotóxicos.

Uma peculiaridade da lei canadense os isenta da maioria das regras federais, incluindo a lei Canadian Environmental Protection Act (CEPA). Isso criou uma situação “notável” em que a Agência Reguladora de Gestão de Pragas do Canadá (PMRA/ Pest Management Regulatory Agency) está aprovando agrotóxicos contendo PFAS, mesmo que o Environment and Climate Change Canada considere restringir seu uso, disse Laura Bowman, advogada da Ecojustice especializada em agrotóxicos.

A aprovação dos “PFAS-ticides” pelo regulador de agrotóxicos do Canadá ocorre em meio a intensas críticas à abordagem “obsoleta” da agência à sua regulamentação, de acordo com o proeminente pesquisador de saúde Bruce Lanphear. No ano passado, o Observador Nacional do Canadá concluiu que a PMRA minimizou as preocupações de saúde e ambientais dos seus próprios cientistas sobre o veneno agrícola clorofosorado tóxico clorpirifós e minimizou os riscos para a saúde do agrotóxico/herbicida dimetil tetraclorotereftalato (DCPA/dimethyl tetrachloroterephthalate, marca comerical Dacthal, teve sua permissão suspensa nos EUA, erm set.23).

Em uma declaração, um porta-voz da PMRA confirmou “que potenciais medidas de gerenciamento de risco sobre PFAS em agrotóxicos seriam avaliadas pela Agência Reguladora de Controle de Pragas”, não pelo Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Canadá, que é responsável pela maioria dos produtos químicos PFAS.

A PMRA não fornece dados precisos sobre onde e quando os pesticidas são usados, nem quanto foi aplicado, dificultando a avaliação de quantos “PFAS-ticides” são usados ​​no país.

A UE, os EUA e vários estados tomaram medidas para restringir ou proibir completamente agrotóxicos que contenham #PFAS. Uma peculiaridade da lei canadense vê um regulador aprovando seu uso, mesmo com o ministro do meio ambiente ponderando restrições.

No entanto, um estudo europeu publicado no início deste ano descobriu que a prevalência de resíduos dos dez agrotóxicos à base de PFAS mais utilizados triplicou entre 2011 e 2021 em frutas e vegetais. Oito dos “PFAS-ticides” europeus mais comuns também foram aprovados para uso no Canadá; três deles foram vendidos em volumes superiores a 10 mil quilos de princípio ativo em 2020, segundo dados de vendas da PMRA.

Bowman disse que uma decisão de 2022 da PMRA de aprovar uma vez tal agrotóxico à base de PFAS, o tiafenacil (nt.: herbicida novo permitido no Brasil a partir de 12/22, para usar em soja, algodão e outras commodities), sugere que os agrotóxicos que contenham ou se decomponham em PFAS podem se tornar mais comuns.

O tiafenacil (nt.: produto que contém cloro e flúor em sua fórmula química. Como tal podem além de ser o herbicida um ‘forever chemical’, também podem deslocar, os dois elementos, o iodo que forma os hormônios imprescindíveis para a formação do sistema nervoso central dos embriões/fetos, ver o link) decompõe-se num dos compostos da família do PFAS, o ácido trifluoroacético – ou TFA – que se acredita prejudicar a fertilidade e o desenvolvimento infantil (nt.: ver link há pouco citado). Os lobistas da indústria observam que isso pode ocorrer naturalmente; no entanto, a maior parte dos TFA provém da atividade humana, incluindo a utilização de agrotóxicos.

Em 2020, a PMRA propôs proibir outro veneno agrícola que se degradava em TFA, citando o risco do composto. Mas a aprovação mais recente do tiafenacil em 2022 sugere que a agência está recuando dessas hesitações anteriores, preparando o cenário para mais aprovações de agrotóxicos geradores de TFA no final deste ano, disse ela.

“Estamos prevendo uma grande briga sobre o PFAS”, disse ela.

Ainda assim, os defensores enfatizam que o maior problema é a “falsa distinção” entre os esforços do Canadá para reduzir o uso de produtos químicos PFAS não agrícolas e aqueles encontrados em agrotóxicos, disse Cassie Barker, diretora do programa de tóxicos da Environmental Defence.

“A ideia de que essa classe de produtos químicos pode ser supertóxica e ainda assim ser pulverizada em nossos alimentos e quase diretamente em nossa água é um grande problema”, disse ela.

Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanh, junho de 2024