Agricultura: As emissões de óxido nitroso aumentaram 40% de 1980 a 2020, acelerando as mudanças climáticas

Um fazendeiro aplica fertilizante de nitrogênio em um campo. Philipp Schulze / picture alliance via Getty Images

https://www.ecowatch.com/nitrous-oxide-emissions-increase-agriculture-climate-change.html

Paige Bennett

13 de junho de 2024

[NOTA DO WEBSITE: Mais uma demonstração que o caminho do chamado ‘agribusiness’, nos EUA, ou ‘‘, no Brasil, é um grande ato de autofagia das atuais sociedade planetárias. É um método que tem por princípio a apropriação das terras que são de toda a humanidade e não dos seus ‘proprietários’ de cartório, como se fossem as capitanias hereditárias, e os ‘donos’ que mandam sobre todas as vidas. Estando baseado na ‘revolução verde’ que capitaneou a ‘modernização da agricultura’ do pós IIª Guerra Mundial, sua fundamentação técnica está alicerçada no trinômio: agrotóxicos, adubos solúveis e maquinaria, o que permitiu a expulsão dos pequenos agricultores e na formação dramática dos imensos latifúndios. E dentro dos adubos solúveis, a ‘ureia’, adubo nitrogenado, tem sido empregado, aqui no Brasil a partir dos anos 60, de forma perdulária e mágica, sem o mínimo cuidado com os desperdícios. E cientificamente, vide os trabalhos de Francis Chaboussou, está comprovado de que o nitrogênio na forma como vem sendo utilizado, estimula a presença de insetos e com a aplicação dos agrotóxicos, torna-as doentes. É a teoria da trofobiose. E agora mais esta tragédia com a produção do óxido nitroso que vem ampliar, mais ainda, a emergência climática. Assim, que tipo de produção agrícola é esta?].

Um novo estudo de uma equipe de cientistas internacionais descobriu que as emissões de óxido nitroso, um dos gases de efeito estufa mais potentes, aumentaram continuamente ao longo de um período de 40 anos.

relatório, publicado no Earth System Science Data, descobriu que as emissões de óxido nitroso (N2O) aumentaram 40% de 1980 a 2020, atingindo cerca de 3 milhões de toneladas métricas por ano. 

De acordo com o relatório, as emissões de óxido nitroso tiveram a taxa de crescimento mais rápida em 2020 e 2021 desde 1980, quando o rastreamento se tornou mais confiável. Somente em 2020, as emissões de óxido nitroso atingiram cerca de 10 milhões de toneladas métricas, com 8 milhões de toneladas métricas atribuídas à agricultura (nt.: destaque dado pela tradução), informou a Scripps Institution of Oceanography da University of California San Diego.

Os efeitos de aquecimento de uma libra (nt.: em torno de 500 gramas) de óxido nitroso são cerca de 265 vezes os efeitos de aquecimento da mesma quantidade de dióxido de carbono, informou a Agência de Proteção Ambiental dos EUA. Embora as emissões de óxido nitroso tenham aumentado, o relatório observou que a quantidade de emissões de óxido nitroso liberadas de fontes naturais tem sido, em sua maioria, estável, o que significa que o aumento pode ser fortemente atribuído às atividades humanas (nt.: importantíssimo este destaque porque mostra como estamos lidando com a produção agrícola estar, no Brasil e outros países, baseada no agronegócio que se transforma em ‘agronecrócio‘, a morte no campo).

Mesmo depois de 2020, as emissões de óxido nitroso continuam sem controle, com um aumento de quase 25% em 2022 em comparação aos níveis pré-industriais.

“As emissões de óxido nitroso das atividades humanas devem diminuir para limitar o aumento da temperatura global a 2°C, conforme estabelecido pelo Acordo de Paris”, disse Hanqin Tian, ​​principal autor do relatório e professor de Sustentabilidade Global do Instituto Schiller no Boston College, em um comunicado à imprensa. “Reduzir as emissões de N2O é a única solução, pois neste momento não existem tecnologias que possam remover N2O da atmosfera.” 

O relatório encontrou algum progresso em direção à redução dessas emissões, embora mais ações sejam necessárias, disseram os autores. As emissões de óxido nitroso na Europa vêm diminuindo em 31% desde a década de 1930. Embora a China tenha sido a emissora número 1 de óxidos nitrosos desde 2010, de acordo com o relatório, o país viu a taxa dessas emissões diminuir desde meados da década de 2010. Seguindo a China e completando os 10 maiores emissores estão Índia, EUA, Brasil (nt.: destaque da tradução), Rússia, Paquistão, Austrália, Indonésia, Turquia e Canadá.

Nos EUA, a agricultura é uma grande contribuidora de óxidos nitrosos, mas as emissões de atividades industriais diminuíram. Globalmente, a agricultura contribuiu com cerca de 74% de todas as emissões de óxido nitroso nos últimos 10 anos (nt.: destaque em negrito da tradução para demonstrar como a opção pelo agronegócio é suicida. E chamar o agronegócio de ‘agricultura’ é um equívoco porque ele não tem nada de realizar a ‘cultura no campo’), descobriu o relatório.

“Embora tenha havido algumas iniciativas bem-sucedidas de redução de nitrogênio em diferentes regiões, encontramos uma aceleração na taxa de acumulação de N2O na atmosfera nesta década”, disse Josep Canadell, diretor executivo do Global Carbon Project e cientista pesquisador da Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization da Austrália. “As taxas de crescimento de N2O atmosférico em 2020 e 2021 foram maiores do que qualquer ano observado anteriormente e mais de 30 por cento maiores do que a taxa média de aumento na década anterior.”  

Como as emissões de óxido nitroso têm atingido recordes nos últimos anos, os autores do relatório recomendaram avaliações frequentes, bem como melhorias nas práticas agrícolas, como limitar o uso de fertilizantes nitrogenados para reduzir as emissões. Eles também observaram que é preciso haver melhores registros das fontes dessas emissões, bem como dos sumidouros de óxido nitroso.

Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, julho de 2024