Agricultura: 95% do solo da Terra corre o risco de ser degradado até 2050

Cientistas alertam que 24 bilhões de toneladas de solo fértil estão sendo perdidas por ano, em grande parte devido a práticas agrícolas insustentáveis.

https://earth.org/95-of-the-earths-soil-on-course-to-be-degraded-by-2050

Save Soil

17 jul 2014

[Nota do Website: Observa-se que essa matéria é 2014. Ou seja, há 11 anos! E pode-se constatar o que se afirmava naquela época. Agora depois destes anos, nada se fez. Muito ao contrário. O Brasil como exemplo, vem aumentando violentamente a invasão nas terras do norte e nordeste, esclarecendo: Amazônia e Cerrado, com plantios típicos do agronegócio além do aumento exponencial de criações, totalmente agressivas e imediatistas, de gado. Além disso, os últimos tempo tem sido também devastadores no Pampa sulino, com uma voracidade como se estivéssemos no fim dos tempos e por isso temos que ser rápidos e inconsequentes. Mas então aquilo que era futuro, hoje é realidade: conforme o MapBioma devemos ter, agora no Brasil entre 60 milhões e 135 milhões de hectares de vegetação nativa com algum grau de degradação, sendo que para o governo federal, as áreas degradas estaria em torno de 40 milhões de hectares. Vale ressaltar que se considera que para safra de grãos para 2025, está se girando em torno de 80 milhões de hectares. Dá para ver como o processo agrícola brasileiro atua?].

Um novo mapa do movimento Save Soil — apoiado pelo PNUMA, UNCCD, UNFAO, WFP e IUCN, entre outros — ilustra a porcentagem chocante de degradação global do solo prevista para 2050. Os mapas estão sendo lançados para marcar o 30º aniversário da Convenção das Nações Unidas sobre Seca e Desertificação (UNCCD) e o Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca, em 17 de junho. 

Solo degradado, resultante em grande parte de práticas agrícolas intensivas, é pobre em “matéria orgânica”, o que significa que não retém água de forma tão eficaz, tornando-nos vulneráveis ​​a choques climáticos, como secas, incêndios florestais e escassez de água. 

Os mapas criados pela Save Soil, utilizando dados da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD, mapa de 2019) e uma estimativa do  Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF, mapa de 2050), ilustram a quantidade de terra fértil que poderá restar em 2050 se as taxas atuais de degradação continuarem. A crise alimentar resultante seria agravada pelo fato de que, até 2050, a população global terá aumentado para  9,8 bilhões.

A cada segundo, o equivalente a quatro campos de futebol de solo saudável se degrada –  totalizando 100 milhões de hectares por ano. Solo saudável não degradado é uma necessidade direta para 95% da produção de alimentos para  mais de 8 bilhões de pessoas

Para nações ao redor do mundo, essa degradação também está causando um rápido aumento nos choques climáticos, como secas, ameaçando centenas de milhões de vidas, prejudicando meios de subsistência e forçando milhões de pessoas a migrarem.

Na Espanha, a região da Catalunha enfrenta secas frequentes e severas. O agricultor catalão Jaume Gardeñes afirmou: “Não aguentamos mais. Estamos em péssimas condições há três anos… As famílias estão fartas porque o esforço de um ano inteiro é inútil.” A saúde do solo de países como a Espanha, um dos principais exportadores de alimentos, é fundamental para a segurança alimentar em toda a União Europeia.

Mais sobre o tema: Por que 2024 é um ano crucial para o nosso solo

A cidade indiana de Bengaluru – outrora conhecida como “cidade-jardim da Índia” devido à sua exuberante floresta ao redor – enfrenta atualmente uma grave crise hídrica devido à seca. “Nunca imaginamos viver uma crise dessas em nossa cidade moderna”, lamentou Rahul Sinha, morador e economista de 32 anos, cuja família passou a reciclar águas cinzas para usos não potáveis. “As torneiras ficam secas durante o dia – tarefas básicas como lavar roupa ou louça se tornaram um desafio imenso”, disse ele.

A Save Soil catalogou práticas sustentáveis ​​de manejo do solo para 193 países,   disponibilizadas publicamente em seu site. O movimento defende políticas que promovam práticas agrícolas regenerativas para manter a matéria orgânica do solo entre 3% e 6% (com base nas condições regionais), reduzindo a degradação e as secas.

“Nosso objetivo é aumentar a visibilidade da crise do solo entre os cidadãos, pois só assim mudanças políticas ocorrerão. Há uma crise, mas existem soluções regenerativas para a saúde do solo – ainda temos tempo para reverter essa situação. Solos saudáveis ​​devem ser nosso legado para a saúde de nossos filhos e a sobrevivência das gerações futuras”, disse Praveena Sridhar, CTO da Save Soil.

“A agricultura regenerativa pode ajudar a trazer a matéria orgânica, ou a ‘vida e a saúde’ de volta ao solo, revertendo a degradação, prevenindo secas e salvando vidas em todos os continentes. É vital que isso seja colocado em primeiro plano na agenda da maior conferência da ONU sobre terras e secas, em Riad, Arábia Saudita, em dezembro de 2024 (COP16 da UNCCD)”, acrescentou Sridhar. 

Tradução livre, parcial, de Luiz Jacques Saldanha, setembro de 2025

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *