A Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) considerou nesta terça-feira (17) que dois inseticidas neonicotinoides – a acetamiprida e a imidacloprida – podem ser neurotóxicos para os humanos e pediu uma redução do limite atual de exposição recomendado.
De acordo com a agência de notícias France Presse, é a primeira vez que a EFSA estabelece uma relação entre a família dos neonicotinoides – dos quais três foram proibidos na UE devido aos riscos para as abelhas – e um risco ao “desenvolvimento do sistema nervoso humano”, disse o departamento de imprensa da EFSA.
Estes inseticidas “podem afetar desfavoravelmente o desenvolvimento dos neurônios e das estruturas cerebrais associadas a funções como aprendizagem e memória”, explicou a autoridade em um comunicado. A EFSA propôs que “alguns níveis recomendados de exposição aceitável sejam rebaixados” à espera de estudos complementares.
Investigações científicas publicados em periódicos como a “Nature” sugerem que os defensivos neonicotinoides provocam uma intoxicação nas abelhas, um fenômeno chamado de “distúrbio do colapso das colônias”, quando os insetos não retornam às colmeias e morrem fora dela, após o corpo sofrer um “curto-circuito” devido à excessiva exposição aos componentes químicos.
No fim de abril, a UE votou por implantar uma moratória de dois anos, valendo a partir de julho, para este grupo químico de inseticidas. A decisão foi tomada mesmo com manifestações contrárias do setor agrícola, que alega não haver dados suficientes sobre o impacto destes produtos nas populações de abelhas.
Já os Estados Unidos, que também analisam o emprego desses compostos, divulgaram no começo de maio que quase um terço das abelhas de colônias morreu no último inverno (2012-2013) e, nos últimos seis anos, as taxas de mortalidade atingiram 30,5%. A exposição a inseticidas é uma das hipóteses avaliadas pelo Departamento de Agricultura do país.
Situação no Brasil – De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), apesar de preocupante, a situação do Brasil não é alarmante. Segundo o órgão federal, a possível relação do uso dos neonicotinoides (que tem origem na molécula de nicotina) com as mortes de abelhas começou ser discutida internacionalmente partir de 2008.
Há três anos o instituto investiga o impacto de inseticidas na apicultura nacional. Entre 2010 e 2012, identificou mais de cem casos de mortes em massa de abelhas pelo país e todas elas estariam relacionadas à pulverização de agrotóxicos.
Ainda de acordo com o Ibama, apesar de o Brasil utilizar os mesmos tipos de agrotóxicos empregados na Europa e nos EUA, a decisão de seguir o caminho da União Europeia, vetando de vez os produtos, causaria um impacto muito maior na agricultura brasileira.
Ao G1, Marcio Freitas, coordenador geral de avaliação de substâncias químicas do Ibama, disse que a Europa tem uma quantidade muito menor de insetos e, por isso, a percepção da redução ficou amplificada.
(Fonte: G1)