A segunda revolução verde e o combate à fome.

Novas formas de produção de alimento estão sendo desenvolvidas. Algumas são resistentes às inundações, outras às secas, às salinidades ou aos calores extremos, problemas enfrentados pelos pequenos e pobres produtores (nota do site – apesar de todas as mazelas que a agroquímica vem trazendo à sobrevivência tanto física como econômica da humanidade, o discurso continua ufanista, desenvolvimentista e com profunda abertura para a tecnocracia representada das imensas transnacionais e do . Quem será que ‘apoiou’ a elaboração deste artigo?). 

 

 

http://envolverde.com.br/economia/segunda-revolucao-verde-e-o-combate-fome/

 

 

por Paulo Yokota, da Carta Capital

agricultura1 300x200 A segunda revolução verde e o combate à fome

Todos sabem que a Primeira Revolução Verde ocorreu a partir de 1960 quando os geneticistas Norman Borlaug, norte-americano que recebeu o Prêmio Nobel trabalhando com trigo e M.S.Swaminathan, indiano, trabalhando com arroz, conseguiram obter variedades de plantas de alta produtividade comparadas com outras da época. Convenceram governos de muitos países a promoverem o plantio das mesmas para resolver o problema da fome, principalmente na China, que passava por uma grande crise decorrente dos esforços do Grande Salto Adiante de Mao Tsetung. Eles conseguiram com que 3,5 bilhões de pessoas, metade da humanidade de então, obtivesse um quinto de calorias ou mais das plantas desenvolvidas. A produtividade do arroz que era de 1,9 tonelada por hectare no período 1950 a 1964 passou para 3,5 toneladas em 1985 a 1998.

Muitos países asiáticos, notadamente a Índia, conseguiram expressivos resultados. Esta revolução chegou ao Brasil quando na segunda metade da década dos sessenta do século passado tive a honra de participar pessoalmente deste memorável trabalho como diretor de crédito rural do Banco Central do Brasil. O crédito rural subsidiado era um dos principais instrumentos para induzir os pobres e simples agricultores brasileiros a aumentarem a produtividade de suas lavouras pelo uso de sementes selecionadas, corrigindo o solo ácido predominante no país com a utilização de calcários, uso de fertilizantes com formulações de NPK – Nitrogênio, Fósforo e Potássio, além de defensivos agrícolas.

Era um gigantesco trabalho que envolvia diversas organizações governamentais. A Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária procurava novas variedades de plantas; a Embrater – Empresa Brasileira de Assistência Técnica Rural e Extensão Rural promovia a extensão rural; a CFP – Comissão de Financiamento da Produção assegurava o preço mínimo, adquirindo a produção quando necessário para colocá-la posteriormente no mercado; a Cibrazem – Companhia Brasileira de Armazéns Gerais providenciava os locais para armazenagem e o Banco Central do Brasil provia os créditos subsidiados a juros de 6% ao ano, qualquer que fosse a inflação, para financiamentos de custeio, comercialização e investimentos, para uso dos insumos como sementes selecionadas, corretores de solo e fertilizantes, bem como defensivos. Mesmo simples agricultores que não possuíam tecnologias sofisticadas tiveram expressivos aumentos de suas produtividades.

Agora, um importante artigo publicado pelo The Economist informa que uma Segunda Revolução Verde está em andamento diante da queda da produtividade, principalmente do arroz, que ocorre em países asiáticos por diversos motivos. Novas variedades foram e estão sendo desenvolvidas pelo IRRI – International Rice Research Institute nas Filipinas com diferentes finalidades. Algumas delas são resistentes às inundações, outras às secas, às salinidades ou aos calores extremos, problemas enfrentados pelos pequenos e pobres produtores asiáticos cuja renda procuram elevar. Além de melhorar seus nutrientes.

Um exemplo expressivo está relatado no artigo. Refere-se à Asha Ram Pal, produtor indiano acostumado a sofrer os problemas de inundações que afetam o seu pequeno lote, o equivalente a um campo de futebol. Neste ano as monções foram intensas e ele sofreu duas inundações e se preparava para enfrentar a fome como muitas vezes, pois não poderia colher a tonelada usual de arroz. Mas, para sua surpresa, após o recuo da água ele obteve 4,5 toneladas. Ele tinha plantado um arroz de inundação, conhecido por “Sub 1” fornecido pela IRRI, o primeiro de uma nova geração que já está sendo plantada por 5 milhões de pequenos agricultores em todo o mundo, com gens resistentes às inundações, que está se propagando rapidamente como nos períodos áureos da Primeira Revolução Verde.

Mas, como regra, o mundo asiático não sofre mais os problemas da fome, havendo até problemas de obesidade (nota do site – quem vê outros artigos do site percebe que este fato está ligado justamente ao rumo que a produção de alimentos e aos venenos agrícolas e industriais estão causando a todos os seres vivos), o que não acontece com pequenos produtores rurais ou em algumas regiões da África. Nos países asiáticos mais ricos como no Japão, Taiwan e Coreia do Sul a população não cresce e a demanda de arroz está em declínio. No entanto, a humanidade continua com uma população crescente que deverá somar mais um bilhão de habitantes e para alimentá-la haverá necessidade de mais 100 milhões de toneladas extras de arroz e milho.

Nesta Segunda Revolução Verde os governos procuram também proporcionar renda adicional para muitos produtores que sofrem de pobreza absoluta. Os preços para suas produções não podem obedecer simplesmente às regras do mercado internacional que tendem a mantê-los comprimidos, necessitando serem subsidiados.

Para que haja a competitividade internacional da agropecuária brasileira são necessários novos esforços sistemáticos no sentido de maior produtividade, juntando-se suportes governamentais aos esforços que estão sendo feitos pelo setor privado.

* Publicado originalmente no site Carta Capital.

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Anversos da crença

Não vislumbro um futuro humano plástico, mas muito plástico no futuro desumano. E não falo de monturos, falo de montanhas de plástico impuro. Falo de futuro suástico, inseguro, iconoclástico. Plásticos grandes e pequenos, moles e duros, que se amontoam. Nanoplástico que se respira, que se bebe e se come, se adoece, se morre e se consome. Presente fantástico de futuro hiperplástico, plástico para sempre, para sempre espúrio, infértil e inseguro. Acuro todos os sentidos e arrepio em presságios. Agouros de agora, tempos adentro, mundo afora. Improvável um futuro fúlguro! Provavelmente escuro e obscuro. Assim, esconjuro e abjuro!

João Marino