A proibição das gorduras trans artificiais nos restaurantes de NYC parece estar funcionando

Os ácidos graxos estão sendo conectados a doenças cardíacas.

By Aimee Cunningham

FEBRUARY 21, 2019

Os nova-iorquinos que apreciam comer fora, na última década, não foram dispensados de lavarem a louça. Seus níveis sanguíneos de gorduras trans artificiais, que aumentam o risco de doenças cardíacas, caíram após uma política municipal de 2006 que baniu dos restaurantes uso destas gorduras.

Para as pessoas que jantavam fora com frequência, a redução foi ainda maior: os níveis de gorduras caíram (levels of the fats declined) em torno de 62% para os nova-iorquinos que comiam quatro vezes ou mais por semana, conforme reportou, online, a equipe do American Journal of Public Health, neste mês de fevereiro.

Estima-se que 1 em cada 5 moradores da cidade comem fora com frequência, diz a co-autora do estudo, Sonia Angell, vice-comissária do Departamento de Saúde e Higiene Mental da cidade de Nova York, no Queens. “Achamos que [a proibição] acabou sendo uma vitória generalizada para os nova-iorquinos … em particular para aqueles que jantam fora frequentemente.”

As gorduras trans artificiais, também chamadas de ácidos graxos trans, acabam em alimentos como frango frito e doughnuts (rosquinhas), ou seja, qualquer coisa frita, assada ou cozida em óleos vegetais parcialmente hidrogenados. As gorduras aumentam a quantidade de lipoproteína de baixa densidade, comumente conhecida como colesterol “ruim”, no corpo, enquanto diminuem a lipoproteína de alta densidade, o colesterol “bom”.

Reduzir gorduras trans artificiais na dieta “diminui o risco de doenças cardíacas, e o estudo constatou diminuições definitivas no consumo de pessoas que comiam fora”, diz Jennifer Pomeranz, advogada de saúde pública da Universidade de Nova York que não participou do estudo. “Este é realmente um grande sucesso na formulação de políticas locais.”

A queda estimada no nível de gorduras trans artificiais na corrente sanguínea dos nova-iorquinos é semelhante ao que ocorreu nacionalmente depois que a U.S. Food and Drug Administration (Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA) determinou em 2006 que as empresas indicassem a presença de gorduras trans artificiais nos rótulos dos alimentos. Um estudo anterior descobriu que, de 1999 a 2010, houve um declínio de 54% nos níveis de gorduras no sangue (54 percent decline in blood levels of the fats), em uma amostra de adultos norte-americanos.

Esta mudança na rotulagem provavelmente contribuiu para as quantidades mais baixas encontradas nos nova-iorquinos, dizem os pesquisadores. A equipe relata que os níveis de gorduras caíram cerca de 51% nos nova-iorquinos que comem menos. Mas o fato de que os moradores que comeram fora com mais frequência tivessem a maior queda indica que a proibição teve seu próprio impacto além da ação nacional, diz Angell.

Um aumento de 2% nas calorias dos ácidos graxos trans na dieta de uma pessoa está associado a um aumento de 23% na ocorrência de doença cardíaca coronária, conforme relatado em uma análise anterior. Um estudo de 2017 sobre os efeitos sobre a saúde pelas restrições aos ácidos graxos trans, constatou que os locais que promulgaram a proibição de uso pelos restaurantes tiveram menos hospitalizações por ataques cardíacos e derrames (had fewer hospitalizations for heart attacks and strokes).

Uma política nacional de remoção de óleos parcialmente hidrogenados de alimentos processados, determinada pela Food and Drugs Agency/FDA, entrou em vigor nos EUA, em junho de 2018.

Aimee Cunningham é uma escritora biomédica. Obteve o seu PHD em jornalismo científico na New York University.

Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, dezembro de 2019.